sexta-feira, 10 de março de 2023

BELA MENTIRA CAPÍTULO 5

Bela mentira Capítulo 5

Cristhian Grey 

 A casa está cheia. Música alta bombeia nas paredes e as
pessoas conversam e transam e bebem, não
necessariamente nessa ordem. Eu tinha me certificado que
o meu quarto estivesse trancado, a última coisa que eu
preciso é gozo de desconhecidos nos meus lençóis. 
 Eu tomo um gole de vodca enquanto penso nas
estratégias para o próximo jogo. Nós enfrentaremos
Princeton, um dos nossos maiores rivais. O jogo seria na
nossa casa, o que nos dava vantagem, mas eles também
eram bons, a previsão do tempo indica chuva, o que pode
ser bom para nós.
 Pensar em chuva me faz pensar em sprite. Pergunto-me
se ela irá assistir ao jogo no nosso estádio. Na próxima
aula eu faria questão de convidá-la. Ainda não consigo
entender por que ela não aceitou tomar um café comigo, é
claro que nós tivemos um momento enquanto estávamos
sob o seu guarda-chuva verde. Havia uma química entre
nós.

Fazia um longo tempo desde que eu tinha recebido um
não de uma garota. Nem sei se existiu alguma vez. Sem
querer parecer um idiota, mas geralmente eu nem preciso
colocar muito esforço, as garotas simplesmente vêm até
mim. Eu jogo futebol desde que posso me lembrar e as
garotas gostam de jogadores de futebol e não é ruim que
eu também tenha uma aparência razoável. 
 Claro, talvez elas só estivessem interessadas em mim
porque eu sou Cristhian Grey, desde que eu tinha 14 anos as
pessoas diziam que eu seria uma das maiores lendas do
futebol americano. 
 Duende, claramente, não faz ideia de quem sou eu.
Balanço a cabeça querendo me livrar daqueles
pensamentos, estou ruminando demais sobre aquele
assunto. Não sou nenhum idiota que não consegue aceitar
um não de uma mulher. 
 Acho que esse é um indicativo de que eu estou
precisando foder. Faz mais de uma semana desde a última
vez que transei e a falta de sexo está tirando os meus
pensamentos de ordem. Óbvio, só pode ser isso. 
 Meus olhos começam a vagar em meio a pista de dança
improvisada que foi feita na sala, a procura de uma garota
que despertasse o meu interesse. Havia lindas garotas
essa noite. O começo do ano é sempre interessante,
muitas calouras recebem o seu primeiro gosto de liberdade
na vida e elas sabem aproveitar isso e vão a loucura. 
 Meu olhar para em uma garota. Ela está de costas,
perdida em seu próprio mundo enquanto dança sozinha no
meio da pista, em meio a casais que se esfregam ela
balança seu corpo esguio e rebola sua bunda muito
redonda ao som de The hills de The weeknd. A garota

realmente sabe como mexer aquela delícia de bunda e
suas pernas bronzeadas e torneadas realmente são uma
alegria para os olhos. Posso notar como ela está
recebendo atenção, não se via muitas garotas de Yale
dançando Twerk. 
 Eu acho que conheço essa bunda.
 Como se ouvisse os meus pensamentos ela se vira
dando-me uma visão do seu rosto. Duende. Uma mão sua
está apoiada na coxa enquanto ela segura um copo
vermelho com a outra mão e balança a bunda, há um
sorriso largo no seu rosto como se estivesse tendo o
melhor tempo da sua vida. 
 O seu sorriso some quando um cara se aproximou,
encostando o corpo contra as suas costas. Vejo que é
Spencer, um dos jogadores do meu time. Os grandes olhos
de sprite se arregalam ainda mais e ela tenta se afastar
dele, mas as grandes mãos de Spencer agarraram os seus
quadris a mantendo contra seu grande corpo. Avanço na
direção deles e assim que os alcanço meu punho atinge o
ombro de Spencer, com força.
 Ele parece irado por um momento antes de seus olhos
encontrarem o meu rosto e ele perceber que sou eu, logo
os seus olhos se arregalaram. Spencer sabe que eu não
aceito esse tipo de lixo dos jogadores do meu time. Ele é
um cara grande, com mais de dois metros e cem quilos.
 — Você está com merda na cabeça? Se forçando em uma
garota dessa maneira sem permissão? Que porra é essa
Spencer? — Digo com toda a irritação que eu sinto. 
 — Desculpa, cara, ela é gostosa e eu...

— Você vai se foder. — Afirmo. — É melhor sair da minha
casa e eu espero não ver merda como essa novamente ou
o treinador vai saber.
 O treinador tem cinco filhas e é mais rígido do que eu
quando se trata da forma correta de se tratar uma garota. 
 — Acho que você vai pensar duas vezes antes de
esfregar esse pinto por aí quando ele cortar suas bolas
fora. 
 Ele leva as mãos até o meio das pernas e seu rosto se
contorce, como se pudesse sentir a dor.
 — Merda, C. Desculpa. Ok? Não precisa agir feito um filho
da puta. — Ele diz, cheio de irritação. — Eu vou embora.
 — Não antes de pedir desculpas a Sprite. — Digo,
finalmente encontrando o olhar de duende que me fita com
olhos arregalados. 
 Eu não posso evitar quando os meus lábios se curvam em
um sorriso dirigido a ela. Quem poderia imaginar que nos
encontramos novamente e no mesmo dia? Não consigo
acreditar que ela está na minha casa, e ela parece tão bem
quanto eu me lembro, duende é sem dúvidas uma das
garotas mais lindas que eu já conheci, o seu rosto parece
algo saído de uma pintura.
 Seus lábios pintados de vermelho se abrem em um
sorriso dirigido a mim e eu estou começando a imaginar
que hoje é o meu dia de sorte. 
 — Sprite? Seu nome é sprite? — Spencer questiona a
ela, as sobrancelhas unidas com confusão. 
 — Não, o meu nome é Anastácia. — Ela responde a ele, ainda
olhando para mim, os seus olhos azuis brilhantes como
luzes de natal.

O meu sorriso se esvai após ouvir o seu nome. Anastácia. Eu
já ouvi aquele nome antes. 
 — Anastácia? O que está acontecendo? —David questiona, se
aproximando de nós. 
 Os olhos de David nos estudam quando ele se aproxima
de sprite e repousa um braço pesado nos seus ombros a
enfiando contra o seu lado, é um gesto claro de
possessividade.
 Meus olhos estão cravados em Anastácia que me encara de
volta, ela engole em seco e pela primeira vez eu vejo como
seus olhos param de brilhar como luzes de natal. 
 — Vocês não estão dando em cima da minha garota,
estão? — David diz com um sorriso de merda, em seguida,
ele inclina o rosto e beija Anastácia.
 Pergunto-me onde ele estava a minutos atrás quando sua
namorada estava sendo agarrada na pista de dança. Idiota.
Spencer parece perceber que tinha feito uma grande
merda e praticamente saiu correndo, definitivamente
saindo de cena. Você pensaria que alguém tão grande
seria mais corajoso, mas existe uma regra quase sagrada
não dita entre os caras dos times, nada de se envolver com
as namoradas, irmãs ou mães de um dos outros. 
 Quando David deixa de engolir rosto de Anastácia, o idiota
realmente precisa de umas aulas para aprender a beijar
uma mulher, enquanto ele a beijava Anastácia parecia tensa
como uma tábua e eu sentia um desconforto invadir o meu
estômago. Na verdade, sinto-me um idiota por estar parado
ali os observando. Merda.
 — Cristhian, essa é minha garota Anastácia Stelle. — David
apresenta. — Baby, esse é o nosso QB CristhianGrey.

— Muito prazer, Anastácia Stelle. — Eu digo estendendo a mão
para ela que coloca a pequena mão na minha. 
 Sinto minha pele se arrepiar com o contato das nossas
mãos e vejo como acontece o mesmo com ela, os fios do
seu braço se erguendo.
 — É só Anastácia. Muito prazer. — Ela diz, soltando minha
mão rapidamente, como se minha pele lhe queimasse.
 Sua língua rosada sai umedecendo os lábios. Ela está
nervosa? Confusa? Anastácia tem os lábios mais perfeitos,
pequenos e carnudos. Lindos demais para serem
maltratados por uma lastimável tentativa de um beijo de um
idiota feito David, eu penso amargamente.
 — Você deve ser o famoso Cristhian Grey. — Ela diz com um
sorriso fraco. 
 — Famoso? Não tenho certeza. Muitas pessoas não
fazem ideia de quem eu sou.
 Eu pisco para ela. Não posso acreditar que Anastácia, a
namorada que David constantemente traia era duende, a
garota que eu quase beijei — que eu realmente queria
beijar — essa manhã. Eu sou um azarado do caralho ou
não?

Continua...

sábado, 25 de fevereiro de 2023

BELA MENTIRA CAPÍTULO 4

Bela mentira Capítulo 4

Anastácia Stelle

Meus pais se apaixonaram durante a universidade e
viveram felizes até três atrás quando mamãe descobriu um
aneurisma inoperável no cérebro. Ela morreu dois anos
depois e eu ainda sinto saudades dela todos os dias.
Ela sempre dizia como a universidade é uma fase
importante na vida de uma garota. Onde você se apaixona
loucamente e vive intensamente. 
É estranho pensar que meus pais se apaixonaram
exatamente nesse mesmo lugar, foi por isso que escolhi vir
para Yale, mesmo sendo aceita em Harvard. Eu queria
estudar onde minha mãe estudou, queria conhecer a
garota que ela um dia foi, queria qualquer coisa que me
fizesse sentir mais próxima a ela novamente. 
Estou deitada na cama ao lado de Riley e nós estamos
assistindo Friends pela trigésima vez. 
— Eu não posso terminar com David. — Digo depois de
um tempo. — Ele esteve ao meu lado quando minha mãe
morreu.

— Ele só fez o que qualquer pessoa um pouco decente
faria. Gratidão não é motivo para permanecer com alguém. 
Ela tem razão, mas David foi muito gentil, ele segurou
minha mão durante o enterro e não saiu do meu lado. É
difícil encontrar alguém que fica ao seu lado em momentos
de dificuldade como esses. No começo ele era realmente
doce. 
— Eu conheci um cara hoje. — Digo ao me recordar de
Hagrid. Eu sabia que não deveria falar, que Riley faria
disso uma grande história, mas eu realmente queria falar
sobre o desconhecido. 
— Espera! — Riley pausa a série e se vira para olhar para
mim, seu rosto ainda está coberto com gosma verde. —
Você conheceu um cara? Como assim? 
Seus olhos escuros estão arregalados e ela não
consegue esconder sua animação e curiosidade.
— Não é nada demais. Ele me ajudou a atravessar o
gramado molhado e escorregadio e nós conversamos um
pouco. Ele faz a mesma aula que eu. Química geral.
— Vocês conversaram ou flertaram? — Riley me estuda
com atenção, como se tivesse vontade de entrar na minha
cabeça e arrancar os pensamentos de mim.
— Um pouco dos dois. — Admito, sentindo minhas
bochechas esquentarem. 
— Ele é bonito? Não. Espera. — Ela pega seu celular
sobre o criado mudo. — Me diz o nome dele que eu vou
pesquisar no Instagram.
— Eu não sei o nome dele. — Informo, lembrando do
desconhecido; o sorriso fácil, o queixo exuberante. — Ele
era tão lindo que não parecia real.

— Ok. — Riley diz, fitando-me com atenção. Os seus
olhos arregalados. — Eu nunca ouvi você falar sobre um
cara assim. Me conte em detalhes tudo o que aconteceu. 
— Eu não acredito que você não aceitou tomar um café
com ele. O cara salvou sua vida. — Riley diz depois que eu
terminei de contar a história inteira.
— Ele não salvou minha vida. — Digo. — Ninguém
morreu escorregando em um gramado. Morreu?
— Pode não morrer, mas você poderia ter quebrado
alguma coisa. 
— Eu sei. Mas, eu tenho um namorado logo não posso
aceitar tomar café com um cara desconhecido. — Afirmo.
Me encostando nos travesseiros eu tomo um gole do
chocolate quente que eu tinha preparado enquanto contava
sobre o início interessante do meu dia. Eu amo chocolate
quente, sempre ajuda a me esquentar no frio e melhora o
meu humor. Eu realmente poderia usar algum ânimo
depois daquela manhã.
— Por que não? Era só um café. — Ela diz como se eu
fosse uma idiota e eu realmente me sinto como uma.
Talvez Hagrid só queria fazer uma amizade nova e eu agi
feito uma idiota completa. Eu nem perguntei o nome dele e
não disse o meu quando ele perguntou. Ugh!
— Realmente era só um café? Pelo que eu sei na
universidade tomar um café significa um encontro seguido
por sexo selvagem. 
— Bem que você queria. — Ela fala, me fazendo rir. Sinto
vergonha em admitir, mas uma parte minha realmente não
acharia nada ruim.

Uma batida na porta interrompe nossa conversa. Penny

combinar com as minhas botas, e o meu cabelo foi
amarrado para cima em um rabo de cavalo. 
Estava sentada no sofá da sala, lendo o meu Kindle
enquanto espero Riley ficar pronta. Ela sempre demora a
se arrumar, eu enviaria uma mensagem para David vir nos
pegar quando ela terminasse. 
— Você tem muita sorte. — Ergo a cabeça ao ouvir a voz
de Penny Lenny, eu sempre pensei que o meu nome era

ruim, mas o seu me supera a quilômetros. — Você é
namorada de David Callahan. 
Aparentemente as coisas não haviam mudado muito
desde a escola. Não tinha dedos o suficiente no mundo
para contar quantas vezes já ouvi aquela frase, dita no
mesmo tom de admiração e certa dose de inveja. 
— Ele é um dos mais gostosos de Yale. Ele só perde para
Cristhian, mas qualquer um perde para Cristhian. Ele é
simplesmente inalcançável. — Pergunto-me se esse Cristhian,
que deveria ser quarterback do time de futebol de David, é
mais gostoso que Hagrid. Se fosse ele deveria ganhar um
prêmio. — Como namorada de David você vai ser
convidada para as melhores festas. Minha irmã estudava
aqui e ela nunca foi convidada para a festa de boas-vindas
na casa de Cristhian Grey. Você já o viu jogar? O cara é um
monstro. 
Ele parece tão animada, as palavras fluíam da sua boca
como uma torrente e seus olhos pareciam dois pires,
arregalados com animação. Eu acho que Penny é o que
David chama de Maria chuteira. Eu nunca entendi por que
algumas garotas ficam tão ligadas a jogadores de futebol, é
um jogo tão violento. Embora eu entendesse o charme que
havia nos atletas, a força e a determinação. Isso é
atraente. 
— Não, eu não assisto muito futebol. — Confesso. 
— Você poderia me apresentar para Cristhian, não é? — Seus
olhos brilham com expectativa. 
Em dias ela nunca tinha me tratado tão bem.
— Eu ainda não o conheço, mas quando o fizer é claro
que posso apresentá-la a ele.

— Você é minha nova melhor amiga. — Ela guincha, me
abraçando e me pegando de surpresa. 
— Ela é minha melhor amiga. — Riley corrige, surgindo
na sala. 
Ela parece a mesma de sempre. Vestindo preto da
cabeça aos pés, botas de motoqueiro, calça de couro,
camisa de uma banda de rock e jaqueta. 
Riley é realmente deslumbrante, seu cabelo cacheado e
exuberante fluía em todas as direções, ela tem olhos
castanhos escuros e bonitos, pele marrom de cetim, maçãs
do rosto magníficas e lábios que fariam Angelina Jolie
chorar de inveja por dias. 
— Vocês acham que eu poderia ir à festa com vocês? —
Penny pergunta. 
— Nós já estamos atrasadas. — Riley informa. 
— Eu me arrumo em um instante. — Ela se levanta do
sofá em um pulo. Prontamente se convidando a festa. —
Eu volto logo!
Ela parece realmente animada quando sai saltitante da
sala, caminhando até o seu quarto. Eu sorrio, dando de
ombros para Riley que me fita com incredulidade. 
— Eu não gosto dessa garota, ela é dissimulada. — Riley
diz, sentando-se no sofá ao meu lado. — Ela estava nos
tratando como duas calouras idiotas até descobrir que você
namora David.
— Você não gosta de gente em geral. — Refuto, com um
sorriso. — Ela não parece ruim, além disso, nós vamos
literalmente viver juntas durante um ano, não custa nada
ser legal.

— Agrh! Você é boazinha demais. Não entendo como
somos amigas.
Riley não consegue esconder sua frustração, fazendo-me
rir. 
— Nós somos amigas porque você não conseguiria viver
sem mim. Você é a Anna da minha Elsa.
— Eu sou totalmente a Elsa, você é a Anna. — Ela refuta.
— Está vendo como não somos tão diferentes? Nós duas
amamos Frozen. — Informo, deitando a cabeça em seu
ombro. 
— Nunca diga a ninguém que eu amo Frozen ou nossa
amizade está acabada para sempre. — Ela diz e eu sorrio.

Continua...

BELA MENTIRA CAPÍTULO 3

Bela mentira Capítulo 3

Anastácia Stelle   
 
 Eu sou uma pessoa terrível! Logo no primeiro dia de aula 
eu já estava encantada por outro homem que não era o meu namorado. Estou tão distraída enquanto caminho até 
o dormitório e me martirizando sobre os meus pensamentos que quase não percebo o Porsche novo e 
brilhante estacionado na frente do meu dormitório, David está encostado a ele, braços cruzados sobre o peito e um 
sorriso no rosto. 
 David é um rapaz bonito, ele tem olhos escuros, cabelos 
escuros e um corpo atlético por ser um ótimo jogador de 
futebol americano. Você pode dizer que eu tenho um fraco 
por atletas. Durante a escola ele costumava ser O cara, o 
melhor jogador do time de futebol, a maioria das garotas 
gostariam de ter uma chance com ele, mas David nunca 
pareceu interessado em nenhuma delas, somente em mim. 
Nós namoramos desde os quinze anos e mesmo depois de 
um ano namorando a distância — onde a maioria das pessoas diz ser impossível funcionar— Nós ainda estamos 
juntos, isso deve dizer que o que nós temos é especial.

Imediatamente eu apago todos os pensamentos sobre olhos castanhos e um queixo fabuloso e sorrio para o meu 
namorado. Um sorriso se abre ainda mais no seu rosto ao me ver e ele avança na minha direção, nós nos 
encontramos no meio do caminho e David me beija.  
 Seu beijo é familiar e é gostoso. Eu não tenho muito para 
comparar desde que David foi o único rapaz que eu já 
beijei — fora Patrick Hamilton quando eu tinha 13 anos 
durante o jogo das garrafas — Seus braços me contornam, 
me estreitando contra o seu corpo e sinto sua ereção 
cutucar minha barriga, aquilo me deixa desconfortável, mas 
continuei o beijando, meus braços contornando o seu 
pescoço e minha língua se enrolando na sua.  
 Eu busco aquela sensação de estrelas brilhantes, o 
mundo girando ao nosso redor, qualquer coisa fora do normal, não precisa nem ser nada extraordinário como 
acontecia nos filmes, mas no final é só um beijo, não havia nada de épico nele. 
 — Baby, eu senti sua falta. — David diz, afastando os 
lábios do meu e fitando o meu rosto. — Quase esqueci de 
como você é linda.  
 Eu sorrio, ficando na ponta dos pés e tocando meus lábios contra os seus.  
 — Eu também senti sua falta. Muito.  
 — Você não vai me mostrar o seu lugar? — Ele pergunta 
de repente, me pegando de surpresa com o novo rumo da 
conversa. 
 — Claro, vamos.  
 Eu pego sua mão na minha, o levando até os dormitórios. 
Eu divido um pequeno apartamento com mais duas alunas,

uma delas é minha melhor amiga, Riley, nós entramos em 
Yale juntas e meu pai — como um ex-aluno e um dos 
maiores doadores da universidade — conseguiu que 
ficássemos em um dormitório juntas. Cada uma tinha o seu 
quarto e a sua privacidade, o que é excelente.  
 Abro a porta e não há ninguém na sala quando 
adentramos o ambiente. O lugar é simples, pequeno e ainda está desorganizado.  
 David não presta atenção em nada disso o que ele faz é 
me puxar para os seus braços e me beijar longamente. 
Suas mãos estão em todos os lugares e eu sinto meu 
ventre quente quando ele enfia as mãos debaixo da minha 
blusa e aperta os meus seios sobre o sutiã que eu vestia. 
Nós nos movemos para trás até estarmos apoiados em 
uma porta.  
 — Esse não é o meu quarto. — Informo com um sorriso.  
 — Então, me mostre o seu quarto, baby. — Sua voz é 
rouca durante o momento em que sua boca desceu pelo 
meu pescoço. Eu fecho os olhos e tento sentir…— Eu 
quero você. 
 Eu quero você. Aquilo deveria fazer com que um calor 
invadisse o meu corpo e minha calcinha se tornassem 
ensopada, porém tudo o que sinto é um frio, e não um frio 
gostoso como borboletas na barriga, mas como um banho 
de água fria. Umedeci os meus lábios secos e empurrei 
seus ombros, fazendo com que seus olhos encontrem os 
meus. 
 — Querido, eu ainda não estou pronta. — Afirmo, 
observando o modo como sua feição muda, de sedutor e

gentil para se tornar decepcionado e irritado. Sinto-me 
imediatamente culpada. 
 Não é como se realmente não estivesse pronta para fazer 
sexo, acho que estou, mas falta alguma coisa. Uma vez eu 
e minha mãe tivemos a conversa sobre sexo, foi logo 
quando eu comecei a namorar David. Ela me levou ao 
ginecologista e me falou que a primeira vez é um momento 
especial e único, do qual eu nunca me esqueceria.  
 Ela me disse que eu saberia quando fosse o momento 
certo. Eu não entendia o que ela quis dizer na época e não 
compreendia agora. Não sabia ao certo o que deveria 
sentir. Se veria luzes brilhantes por trás dos meus olhos, se 
saberia que é o momento certo como em um passe de 
mágica. A única coisa que eu tenho certeza é que nunca 
vivenciei esse momento com David. Eu nunca senti que era 
a hora certa e sabia que aquilo o deixa frustrado.  
 — Você ainda não está pronta? — Ele suspirou, frisando 
a palavra ainda. David passa as mãos pelo rosto com 
frustração evidente e afasta o corpo do meu. — Gostaria 
de saber se um dia você vai estar, Anastácia. 
 — Eu sinto muito, David. — Eu digo, dando um passo 
mais próximo dele. Sinto-me como uma idiota completa. — 
Eu posso tocar você… 
 Era algo que eu sempre fazia para ele. 
 — Eu mesmo posso fazer isso. — Ele sorri, com ironia. — 
É melhor eu ir.  
 — David. — Eu chamo, mas ele já está caminhando até a 
porta. 
 — Depois nós nos falamos.

Ele abre a porta e deixa o apartamento, sem sequer olhar 
na minha direção. Idiota. Eu levo as mãos ao rosto e sinto 
uma vontade enorme de chorar. A porta atrás de mim se 
abre e viro-me, vendo Riley. Ela me fita com preocupação 
ou seria pena? As duas opções são ruins. 
 — Ei, você estava aí o tempo todo? Você ouviu... — 
Pergunto, sentindo o embaraço e a humilhação me 
dominar. É ruim o suficiente que tenha acontecido, agora 
saber que minha melhor amiga havia escutado tudo… É 
além de humilhante. 
 — Sim, eu ouvi o seu namorado idiota. — Ela diz, os 
lábios estreitos com irritação.  
 Riley não é a maior fã de David. Nunca foi. E depois de hoje provavelmente nunca seria. 
 Riley me puxa para o seu quarto, fazendo-me sentar-se 
na cama, ela usa uma máscara facial verde e gosmenta. 
Riley é minha melhor amiga desde sempre, nossas mães 
se conheceram na lua de yoga para grávidas e se tornaram 
melhores amigas. Riley é o mais próximo de uma irmã que eu tenho. Embora, não poderíamos ter personalidades 
mais diferentes.  
 Riley é sarcástica, possui um humor sujo, uma 
personalidade forte e é uma amiga extremamente fiel. Eu 
sei que sempre posso contar com ela para qualquer coisa 
— como esconder um corpo na floresta no melhor estilo 
Desperate housewives — e ela com certeza poderia contar 
comigo para fazer o mesmo. Eu a amo.  
 — Ele só está frustrado Riley. Nós namoramos por quatro 
anos e nunca fizemos sexo por minha culpa.

— Nós estamos na porra do século XXI, nenhuma mulher 
deve ser obrigada a fazer algo que não queira para agradar 
um homem. — Diz. — Se você não está pronta para fazer 
sexo não deve se sentir pressionada.  
 — Ele não me pressiona… 
 — Se isso que eu ouvi não for pressão eu não sei o que 
mais é! — Informa. — David é um babaca. Você merece 
alguém muito melhor, Lucy. 
 — Eu gosto dele. — Afirmo. Porém, no fundo da minha 
mente uma voz me pergunta.  
 De verdade? Você gosta dele do fundo do seu coração? 
 — Sinceramente, eu não acho que você gosta dele, mas 
simplesmente se acostumou a ser a namorada dele. — 
Minhas sobrancelhas se unem quando penso sobre o que 
ela diz. — Anastácia, esse é um mundo novo e real. Nós não 
estamos mais na escola onde David era o garoto mais 
popular e todas as garotas queriam namorá-lo.  
 — Eu sei. — Sussurro, pensando nas palavras que minha 
mãe disse certa vez algum tempo atrás. — É tempo de 
descobrir quem nós realmente somos e pelo que somos 
apaixonados. Faça amigos, amores e as melhores 
memórias da sua vida.  
 Eu realmente sinto saudades dela, ela saberia o que 
fazer.


Continua...

BELA MENTIRA CAPÍTULO 2

Bela mentira

Capítulo 2

Anastácia Stelle

Eu sou uma pessoa horrível. Estou nos braços fortes e quentes de um
completo desconhecido e ele é absolutamente lindo. Magnífico. Nunca pensei
que um dia usaria essa palavra para descrever um homem, porém é isso o que
ele é. Nunca tinha visto um homem tão bonito, nem sabia que era possível.
Seu rosto parece ter sido esculpido a perfeição. Possuía um queixo forte e
proeminente com uma covinha que me dá vontade de mordê-lo, olhos
castanhos intensos, nariz forte e um lábio inferior maravilhoso que fazia-me
sentir ânsia de muito mais do que morder.
Ele me fita com olhos castanhos brilhantes, fitando-me com um ardor que
me faz sentir quente em todos os lugares e meus dedos dos pés se curvarem
com excitação. Eu realmente queria beijá-lo, enfiar minha língua na sua boca
e sugar o seu lábio inferior exuberante. Sinto uma vontade enorme de beijar
aquele completo desconhecido, é algo latente e quente se enrolando dentro de
mim como uma serpente. Seria desejo?
Eu tenho um namorado. Um namorado que me ama.
O desconhecido inclina o rosto, seus olhos castanhos cravados na minha
boca quando lentamente aproxima o rosto do meu. Eu lambo meus lábios, eu
não consigo respirar, meu coração batia descontroladamente no meu peito
enquanto eu encaro a sua boca, cada vez mais perto da minha.
Ele cheira tão bem, uma mistura fresca e cítrica. Eu fecho os olhos e viro o
rosto para o lado.
Não. Eu não podia. Ugh! Às vezes é horrível ter caráter.

— Eu estou atrasada. — Digo, me afastando dos seus braços e do seu calor.
Nós estamos próximos de uma área seca e eu dou um passo até estar segura
e longe dos braços do homem de quase dois metros de altura. Não sei o que é
mais perigoso, estar nos seus braços ou a chuva e o gramado escorregadio.
— Claro. — Ele me segue e o clima antes descontraído parece pesado com
tensão.
— Obrigada por ter me ajudado com a chuva e provavelmente me salvado.
— Digo, acelerando os meus passos. Estou realmente atrasada e ferrada. Ele
surpreendentemente me acompanha. — Você não precisa me acompanhar…
— Eu não estou, eu tenho aula de Química... — Ele diz, as sobrancelhas
franzidas.
— Eu também... — Digo e ambos paramos na porta da sala. Nós trocamos
um olhar antes de rir.
— Isso é o que eu chamo de coincidência. — Falo, completamente
abismada.
A última coisa que eu preciso é aquele tipo de tentação enquanto eu estou
estudando ou em qualquer lugar próximo a mim.
— Eu chamo de destino. — Ele pisca e sinto meu estômago derreter.
Ugh! Nenhum cara da idade dele deveria ter tanta confiança ou ser tão
charmoso. Eu fecho o meu guarda-chuva e o guardo em sua capa
impermeável, em seguida, dentro da minha bolsa, enquanto ele abre a porta
da sala, todos começam a nos encarar fazendo com que um calor de embaraço
subisse pelo meu rosto. Por favor, que meu rosto não esteja vermelho, que o
meu rosto não esteja vermelho.
— Desculpe o atraso… — Eu começo, entretanto sou interrompida pela
professora.
— Se isso se repetir vocês não entram mais na minha aula. Entendido?
Ela parece firme e assustadora.
— Claro, Sra. Charles. Não vai mais acontecer.
O desconhecido sorri, um sorriso sexy que é dirigido a professora, mas ouço
vários suspiros femininos e alguns masculinos em resposta ao redor da sala
de aula.
Eu os entendo completamente, depois que ele quase me beijou sinto que
preciso trocar minha calcinha. Eu sou definitivamente uma pessoa horrível.

Não deveria nem sequer pensar sobre outro cara quando eu tenho o meu
namorado. Sinto a culpa pesar sobre o meu peito.
A professora, por outro lado, não parece muito impressionada, as suas
sobrancelhas erguidas em desdém.
— Sentem-se. — Ela comanda.
Eu rapidamente encontro o primeiro lugar vago disponível que eu vejo e me
acomodo, sentindo que a atenção de todos da sala ainda está sobre mim e no 
desconhecido.
Ele se senta na cadeira vazia na fileira à minha frente tirando o moletom
molhado que vestia, em seguida se virando e lançando um sorriso para mim
antes de começar a prestar atenção na aula. Eu levo uma mão ao peito onde
meu coração ainda bate acelerado e é só porque tinha chegado atrasada na
minha primeira aula, apenas isso, digo a mim mesma.
O restante da aula seguiu bem. Eu prestei atenção em tudo, fazendo
anotações, digitando no meu MacBook e usando meu celular para gravar o
que a professora dizia para poder escutar tudo depois. Estou fazendo pre-
medicina, meu grande sonho é um dia ser uma neurocirurgiã e eu vou me
esforçar ao máximo para ser a melhor.
Meu pai sempre diz que se você for fazer uma coisa faça bem-feita e se
esforce para ser a melhor. Foi assim que ele se tornou um dos melhores juízes
do estado da Califórnia.
Caminho para fora da sala, lendo a tela do meu celular. Há várias
mensagens de bom dia de David, me fazendo sorrir. Depois de um ano de
namoro a distância seria bom para nós estarmos juntos novamente.
— Sprite. — Ouço e eu sorrio ainda mais, me virando eu vejo quando o
desconhecido caminha em minha direção.
Ele se veste com uma calça jeans apertada, camisa de moletom preta, botas
e carrega uma mochila.
Seu corpo é tão bom quanto o seu rosto, suas pernas são fortes e seus braços
possuem músculos, eu sei por experiência própria pois tinha me agarrado a
eles. Ele tem o corpo de um atleta. Magro e com tônus muscular.
— Você ia embora sem nem me dizer o seu nome?
Inclino a cabeça, um sorriso ainda em meu rosto.
— Você pararia de me chamar de sprite se soubesse o meu nome?
— E perder toda a diversão? Acho que não. — Ele sorri, balançando a
cabeça em negação. Ele é muito charmoso e sabia usar isso a seu favor. — E
você não quer saber o meu nome?
— Eu não preciso saber o seu nome pois já tenho o apelido perfeito para
você. Hagrid.
— Hagrid. — Suas sobrancelhas se unem quando ele pensa sobre o apelido.
— Por que eu sou alto?
— Sim. — Eu estou sorrindo.
— Hagrid? O gigante do Harry Potter? — Ele repete, parecendo abismado.
— Nada contra ele, é um cara legal, mas eu dei um fofo e sexy apelido para
você Sprite, eu esperava um apelido que combinasse comigo, algo mais
sexy.
— Mais sexy como? — Pergunto, meus lábios comprimidos quando eu
tento muito não cair na gargalhada.
— Eu não sei. — Ele dá de ombros. — Lobo mau?
Eu não posso evitar rir até lágrimas descerem pelos cantos dos meus olhos.
— E eu seria a chapeuzinho vermelho?
— Se você quiser. — Ele sorri, mordendo o lábio inferior e dando um passo
mais próximo a mim. Engulo em seco sentindo minha boca secar. — Vamos
tomar um café e conversar, talvez você me fale o seu nome real e eu posso
falar o meu e nós podemos conversar sobre Harry Potter.
Ele está me chamando para um encontro? Ou é só um café? Um café
poderia ser considerado um encontro? Eu queria qual dos dois? Quando
estava na escola frequentemente era chamada para encontros, mas eu sabia
que David é um cara legal e fiel a mim e nunca me senti interessada.
Bem, até esse momento.
Se eu não tivesse um namorado com certeza sairia em um encontro com
esse cara e falaria sobre Harry Potter. Ele é lindo e sexy de derreter na boca e
parece ter senso de humor. Três coisas que eu gosto muito em um cara, bem,
além do fato dele gostar de Harry Potter, me pergunto se ele só assistiu aos
filmes ou também leu os livros.
Meu celular apita na minha mão com uma mensagem e quando vejo que é
de David me sinto imediatamente culpada.
— Agora eu tenho um compromisso, mas quem sabe na próxima. — Eu
sorrio, sem jeito.
Suas sobrancelhas se erguem com surpresa, imagino se ele alguma vez
levou um fora em sua vida.
— Claro. — Ele responde e parece não saber muito bem o que deveria falar, a confusão comprimindo as linhas do seu lindo rosto é adorável.
Respondendo a minha pergunta de que ele realmente nunca tinha levado um
fora na vida. Uma parte bizarra minha sentia-se exultante por ser a primeira.
Eu sorrio ainda mais e aceno uma despedida antes de virar-me e me afastar
dele.
Tenho a sensação de estar sendo observada por todo o caminho, há um
sentimento quente de excitação se enrolando por todo o meu corpo.
Empenho-me em resistir à tentação de olhar para trás e verificar se ele ainda
está me olhando, porém minha força de vontade é praticamente inexistente e
logo olho sobre o meu ombro vendo que ele ainda se encontra parado no
mesmo lugar com os olhos cravados em mim.

Continua....

BELA MENTIRA CAPÍTULO 1

Bela Mentira

CAPÍTULO 1

Cristhian Grey

A água quente alivia os meus músculos cansados. Primeiro dia de volta às
aulas e o treinador pegou pesado no treino, nós tivemos que levantar pneus de
tratores por todo o campo de futebol. Segundo o treinador precisamos perder
o peso que ganhamos durante as férias.
Saio do banho, me enrolando em uma toalha eu caminho até onde está a
minha bolsa, descansando sobre o banco do vestiário. Eu vejo David parado
na frente do seu armário, olhando para dentro do lugar vazio com tanta
atenção que parecia estar buscando as respostas do universo. Ele aparentava
estar nervoso e desconcentrado durante o treino de hoje.
Como Quarterback do time eu tenho que ficar atento aos jogadores e me
certificar de que eles tenham a sua mente no único lugar importante. No jogo.
Além disso, David, eu e Mark, o meu melhor amigo e um dos melhores
jogadores defensivos do time, dividimos uma casa em New Haven e embora
achasse David um idiota soberbo na maioria do tempo ele é o meu
companheiro de time. Companheiros de time deveriam ser como a sua
segunda família.
— Ei, homem. Está tudo bem? Você parece distraído hoje. — Ele suspira.
— Minha namorada. Anastácia. — Explica. — Ela começa a estudar hoje aqui e
isso está me deixando nervoso.

Agora tudo faz sentido. David tinha uma namorada da época do colégio, ele
falou sobre ela um par de vezes. Ela é um ano mais jovem que ele e só entrou
na universidade esse ano.
— Está com medo que ela descubra que você já a traiu com metade da
universidade? — Pergunto com as sobrancelhas erguidas.
Não tinha como a garota não descobrir, as mulheres e os homens falam
muito por aqui e David Callahan é um jogador quase pior do que eu. E eu sou
um muito ruim. Durante boa parte da minha vida o meu foco completo é
apenas no futebol, e o sexo me ajuda aliviar um pouco da pressão e tensão
que eu sinto. Uma boa noite de sexo é o melhor escape de todos.
— Sim, ela não pode descobrir de jeito nenhum. — Ele balança a cabeça, os
lábios estreitos com nervosismo. Ele parece realmente nervoso, o que me
surpreende, nunca pensei que David gostasse tanto da namorada, afinal ele a
traía constantemente. — Eu a amo. Nós namoramos desde os quinze anos.
Você entende? Ela é perfeita e é a garota com quem eu vou me casar um dia.
Todas as outras são só um pouco de diversão durante a universidade.
Está vendo? Idiota. Eu nunca amei nenhuma garota, mas não acho que trair
é uma boa indicação de que você realmente ama alguém.
— Você deveria ter pensado nisso antes de ficar com todas as garotas que
passavam na sua frente. Você nunca pensou que ela poderia entrar em Yale e
descobrir o que você faz pelas costas dela?
Não gosto de homens que agem dessa maneira, se fazem de bonzinhos, mas
pelas costas eram verdadeiros babacas, cheio de mentiras e promessa vazias
na ponta da língua. Eu preferia não fingir. Eu sou quem eu sou e as garotas
sabem o que esperar quando vão para a cama comigo, eu não finjo, nem
minto. O meu foco é o futebol e nada mais. Eu garanto que elas tenham um
bom tempo tanto quanto eu, mas é só isso.
Suas sobrancelhas se unem e ele passa as mãos asperamente pelos cabelos.
— Eu tinha esperança de que ela não entrasse. Mas, agora eu estou ferrado,
irmão. Eu não sei o que fazer.
Bato nas suas costas, querendo tranquilizá-lo. Ele está totalmente ferrado.
—Talvez ela não descubra. Não adianta se estressar antes do tempo.
— Tarde demais para não me estressar. Eu não posso perdê-la. Anastácia é
especial, ela é única, entende?

— Eu entendo. — Minto. — As coisas vão dar certo. Só tente evitar que
isso afete o seu desempenho no campo. Esse ano nós temos tudo para levar o Campeonato Nacional.
Ano passado nós perdemos por muito pouco para a North Dakota State. Eles
tinham o melhor time. Quando sai da escola recebi propostas de todas as melhores Universidades do país, com os melhores programas de futebol
americano, porque eu era o melhor Quarterback da escola e agora sou o
melhor do futebol americano universitário. Mas, eu ainda não sou o time de
um homem só, embora continuasse tentando.
Os Bulldogs não ganham o campeonato há muito tempo e eles não tinham o
melhor programa para futebol americano e nem os melhores jogadores, mas
eu queria ficar perto da minha família e ter uma boa formação além do
futebol.
Esse ano eu estou melhor, o nosso time também, eu pessoalmente escolhi
alguns dos novos recrutas com o treinador e não deixaria nada ficar no nosso
caminho para a vitória. Eu tenho patrocinadores e minha avó para cuidar,
minha vida não está ganha e eu não posso me dar ao luxo de falhar. O meu
futuro depende dessa vitória.
— Eu sei, eu sei. Você sabe que pode contar comigo. Eu sempre dou o meu
melhor em campo.
Eu sei disso. David é um dos jogadores mais velozes do time.
— Sua garota não vai ficar com a gente, vai? — Minhas sobrancelhas se
unem com a possibilidade de uma mulher vivendo conosco. Seria um
desastre.
— Não, ela vai ficar nos dormitórios.
— Bom. — Digo, aliviado. — Tenho certeza de que tudo vai ficar bem,
David. Ansioso para conhecer sua garota.
Estou atrasado para minha primeira aula do dia. A manhã é fria, ontem à
noite havia chovido e continua a chover e a ventar essa manhã, o que deixa o

chão molhado, por isso eu caminho devagar, não querendo correr o risco de
escorregar e cair. A última coisa que preciso é de um tendão rompido porque
tinha escorregado em uma poça de água.
Quase consigo ver as manchetes: Quarterback mais promissor da década
escorrega em uma poça de água e tem carreira que nem começou levada ao
fim.
Eu parei quando avistei uma pequena garota usando um casaco verde
brilhante, ela estava encolhida na peça de roupa quente e segurando um
guarda-chuva na cor correspondente ao casaco, fazendo-me perguntar se a
combinação é proposital. Pisco por um momento imaginando se não estava
vendo coisas, como um duende.
A garota também segura uma bolsa onde parece carregar mais do que seu
peso e ela está correndo. Sim, ela está correndo em direção ao gramado
coberto de poças de água enquanto segura um guarda-chuva. Porra. Sem
pensar duas vezes avanço em sua direção no momento em que percebo que
ela está prestes a correr em direção a uma armadilha escorregadia.
— Espere. — Eu digo, meus dedos se fecham no seu braço quando tento a
interromper, antes que ela caminhasse para a própria morte, tudo bem,
própria morte é um pouco exagerado, mas ela podia ganhar uma concussão
ou fraturar a coluna.
A garota olha para mim com suas sobrancelhas unidas e eu faço uma pausa
por um momento, estudando seu rosto. Ela parece um anjo. Grandes e
brilhantes olhos azuis, um nariz empinado e lábios pequenos e carnudos de
um tom profundo de rosa. Sua pele pálida parece incrivelmente suave ao
toque e suas bochechas e a ponta do seu nariz estão rosados pelo frio. Os seus
cabelos castanhos são surpreendentemente brilhantes com mechas cor de mel
e com cachos se espalhando em todas as direções.
Ela é de tirar o fôlego.
— Algum problema? — Ela pergunta, seus longos cílios piscando.
— Sim, esse gramado está coberto de água e escorregadio, sprite. Você
poderia cair e bater a cabeça.
— Você acabou de me chamar de sprite? — Questiona, os lábios carnudos
se abrindo em choque no mesmo momento em que os olhos se estreitam com acusação.
Sprite significa todos os tipos de criaturas mágicas, pequenas fadas ou

duendes.
— Ninguém nunca disse que você parece com um pequeno e bonito
duende? — Pergunto, com diversão, um sorriso se abrindo no meu rosto.
Eu vejo como seus olhos se mudam para os meus lábios se tornando ainda
mais brilhantes e a forma como sua garganta se move quando ela engole em seco.
Sim querida. Eu tenho uma boa aparência. Ela se recupera rapidamente e
suas sobrancelhas se franzem ainda mais.
— Deixe-me pensar. — Diz, seu tom é coberto de ironia. — Será que
alguém já me disse que eu pareço com uma criatura mística, superbaixa e
bizarra?
— A questão não é a altura. Os duendes são criaturas mágicas que tem o
poder de nos levar a potes de ouro no final de arco-íris. — Eu digo. — Eles
trazem sorte.
Seus olhos piscam com surpresa enquanto ela parece digerir minhas
palavras, eu sei que eu soei como um idiota. Deus sabe que eu posso fazer
melhor, mas minha mãe era irlandesa e ela sempre me contava as lendas
mitológicas da Irlanda, o Leprechaun ou sprite é uma das que eu sempre
gostava de ouvir.
Ela suspira e afasta o braço do meu aperto.
— Olha cara, eu estou atrasada para a minha primeira aula! Atrasada! —Ela
informa, nervosamente. — Eu não posso ficar discutindo sobre os duendes.
Eu tenho que ir.
Ela dá um passo à frente e eu pego novamente no seu braço, a
interrompendo.
— Eu vejo que você é caloura. Está tudo molhado e escorregadio, você vai
acabar caindo e quebrando alguma coisa.
Ela suspira com frustração. Eu deveria apenas deixar que ela fosse e talvez
acabasse caindo, às vezes aprender com os próprios erros ajuda, mas ela
podia se machucar seriamente e eu me sentiria culpado por não a ter
impedido.
— Eu não posso atravessar todo o Campus para chegar à aula. Esse é o
caminho mais curto. — Ela leva as mãos aos cabelos, com frustração. —
Como eu sou estúpida! Atrasada para minha primeira aula. Como as pessoas vão me deixar operar seus cérebros se eu não posso nem mesmo escutar a
droga do despertador?
Ela parece prestes a chorar e eu me sinto mal por ela. O primeiro ano da
universidade é difícil, claro, também é divertido, mas é um mundo completamente diferente onde você tinha que aprender a ser independente.
Isso é um desafio para muitas pessoas.
— As duas coisas não se relacionam. — Afirmo. — Você pode operar
cérebros e não ouvir o despertador.
— Não, eu não posso. Se eu me atrasar para uma cirurgia alguém pode
acabar morrendo.
Seus olhos se tornam impossivelmente maiores quando se arregalam. Eu
quase rio com seu desespero. Ela ainda está no primeiro ano da universidade
e cursar medicina levava pelo menos oito anos, ela aprenderia muita coisa
durante esse período.
— Você está pensando muito a frente, sprite. — Afirmo. — Agora, eu vou
ajudá-la a atravessar o gramado para que você possa ir a sua primeira aula.
Ok?
Seus olhos me fitam com surpresa.
— Você não precisa fazer isso. Sério.
— Eu também tenho que chegar a minha aula. — Explico.
— Sério? — Ela perguntou com desconfiança.
— Sim. — Aceno, estendendo minha mão para ela. — Vamos fazer isso?
Ela suspirou, em seguida, colocou a sua mão na minha. Eu noto como sua
pele é quente e tão macia quanto veludo quando fecho os meus dedos sobre
os seus.
— Vamos. — Ela concorda, os olhos fixos nos meus, cheios de confiança.
Nós damos o primeiro passo e ela se agarra ao meu braço. — Eu amo a
chuva, mas quando eu posso ficar debaixo das cobertas tomando chocolate
quente e assistindo todas as temporadas de Law & Order SVU.
— Você tem idade para assistir Law & Order, sprite? — Pergunto. Minha
bota desliza um pouco, mas logo me recomponho.
— Você vai mesmo continuar a me chamar de sprite? — Questiona quando
tentamos desviar das poças de água, não queria nem ver quando começasse o
inverno e o chão estivesse coberto de gelo.
Ela estava agarrada a mim como se sua vida dependesse disso, seus seios
completamente pressionados contra o meu braço, me sinto um idiota quando
meu pau começa a se animar nas minhas calças com a proximidade do seu
corpo.
— Incomoda você? — Eu indago, olhando para ela, que por sua vez olha
para onde nossos pés pisam.
sprite é inegavelmente linda, até mesmo o seu perfil é perfeito, com aquele
nariz arrebitado, os grandes olhos azuis e a boca. Nunca tinha visto um rosto
tão bonito. Ela parece pensar na minha pergunta por um instante antes de
encontrar o meu olhar e sorrir.
— Na verdade não. Eu gosto da ideia do pote de ouro no final do arco-íris.
— Ela diz. — Embora como você pode ver eu não trago muito sorte para
mim quem dirá para os outros.
Se eu pensava que ela era linda antes, quando ela sorria, se tornava algo
muito além de bonita. Um sorriso de dentes brancos e retos se abria em seu
rosto, mostrando duas covinhas adoráveis em cada lado do seu rosto e a
tornando deslumbrante. Minha avó diria que ela tem um sorriso que poderia
iluminar uma sala.
Eu pisco por um momento, deslumbrado com o seu sorriso. Os olhos dela se
arregalaram antes dela deslizar, indo em direção ao chão, eu consigo pegá-la
a tempo, meus braços contornando a sua cintura e ela se agarra a mim, um
braço em volta do meu pescoço enquanto o outro segura o guarda-chuva, nós
tentamos nos manter em pé, nossos pés deslizando um no outro.
Ela está rindo, seu corpo esguio tremendo contra o meu.
— O que é tão engraçado, sprite? — Pergunto, mas eu também estou rindo.
Quando nós paramos de deslizar acabamos abraçados sobre o gramado, a
chuva forte caindo sobre nós, ainda rindo durante o tempo em que tentamos
nos manter em pé. Nossas respirações e risos se misturam no ar entre nossos
corpos. Duende é pequena, ela não deveria ter mais de 1,60 de altura. Sua
cabeça mal atinge o meu peito, mas para ser justo eu sou alto demais Eu estudo o seu rosto com atenção, diria que até com intensidade, ela ainda
está sorrindo, mas seu sorriso some quando percebe minha atenção fixa nela,
em seus lábios carnudos e nos seus olhos brilhantes como luzes de natal.
Meu coração bate acelerado em meu peito e eu não sei se é o momento ou a
proximidade do seu corpo, mas eu me pego pensando que realmente gostaria

de beijá-la. Quando seus olhos azuis cedem para minha boca com uma
intensidade que, imagino, se assemelha a minha, pergunto-me se ela queria o
mesmo e tanto quanto eu.

Continua.......

BELA MENTIRA SINOPSE

Bela mentira

Quando o amor surge de uma mentira.”
Sinopse

A vida de Cristhian Grey sempre foi simples. Ele respira futebol americano 
desde que pode lembrar-se. Como o Quarterback mais promissor do país seu 
propósito é fazer o seu time ganhar o maior torneio universitário de futebol. 
Isso até que AnastáciaStelle, a namorada do seu colega de time surge, tirando sua 
vida completamente de ordem e mostrando como o complicado poderia ser 
realmente bom. 
Anastácia Stelle sempre foi perfeita. A filha perfeita, a aluna perfeita, a namorada 
perfeita. Agora na universidade, o seu maior objetivo é se formar em 
medicina e fazer o seu relacionamento com o namorado da escola dar certo. 
Contudo, a vida é cheia de surpresas e quando Anastácia descobre que o seu 
namorado está a traindo ela forma um plano pra se vingar dele, fingindo 
namorar o Quarterback do time de futebol. 
O que eles não imaginam é como um grande amor poderia surgir de uma 
simples mentira.

uma noite com mafioso Prólogo


PRÓLOGO
CRISTHIAN GREY 
NEW CITY – EUA
VINTE E CINCO ANOS ATRÁS
— Meus amados filhos, para concluir o sermão desta linda

manhã de domingo ensolarada e abençoada, ouçam a mensagem reveladora
que eu, um profeta usado por Deus, verdadeiramente traz a esta igreja. —
Enquanto o meu pai, o reverendo Adams, muito conhecido no Distrito 21 de
New City, onde ficam as Streets 12 a 20, continua o sermão, toda a igreja
vibra em expectativa pelo que ele tem a dizer. — Nunca se esqueçam que o
que sai da minha boca é o recado oficial vindo diretamente dos céus, amém?
— A minha mãe, Beth Adams, que está sentada ao meu lado, escolhe
permanecer em silêncio, e discretamente abaixa a cabeça. — Quem crer nas
palavras deste sábio homem ungido? — Alguns membros da igreja ficam tão
empolgados que até se levantam para aplaudi-lo. — Vocês são beneficiados
na Terra por me seguirem, estão cientes disso?
— Nós somos, sim, reverendo, não há dúvidas. Mas, por favor, não
maltrate os corações dos seus filhos e nos diga, meu amado profeta... O que
Deus tem para nos dizer hoje?
Emma, uma das cantoras que é muito próxima do meu pai, não demora a
demonstrar a sua curiosidade para todos ouvirem.
— Eu vou te responder, minha querida Emma. — Ele se aproxima da
cantora. — O recado divino de hoje é: o amor, somente o amor, pode nos
fazer felizes. — Ele olha para os demais membros. — Vocês concordam com

a mensagem vinda do céu?
— Amém, eu concordo. E digo mais, Reverendo Adams. O amor se
renova a cada manhã.
Todos aplaudem o Sr. Gray, um dos membros mais antigos, mas o meu
pai logo pede silêncio, pois só quem pode ser aplaudido é ele.
— Enfim, agora ouçam em silêncio tudo o que eu tenho a dizer. —
Aponta para a plateia na sua frente. — Homens, se na casa de vocês existe
alguma desavença com as suas esposas, lembrem-se do sentimento que os
unem e nunca deixem o respeito de lado. Ela, a sua valiosa mulher, te ajudou
a construir a sua família. É ela que prepara um jantar gostoso todos os dias
para saciar a sua fome quando você chega do trabalho. Também é ela que em
todas as manhãs leva o seu herdeiro para a escola e quando volta é abraçada
pelos demais afazeres do lar. Por isso, nossas mulheres devem ser cuidadas
como se fossem uma rosa. Uma flor rara e preciosa.
Quando ele olha para a minha mãe e sorri, abaixo a minha cabeça na
mesma hora, a sobrepondo sobre os meus braços cruzados acomodados em
minhas pernas, e fico completamente encolhido, com vontade de sumir.
Também sinto muita raiva, pois me incomoda, de verdade, viver uma
mentira, e eu não tenho o que fazer. Eu queria proteger a minha mãe, mas
ainda sou uma criança.
Mas, mesmo com a minha pouca idade, eu vejo a realidade.
Sobre a minha escolha no momento de não olhar para o meu pai; eu sei
que para muitos estou errado, com certeza alguns membros da igreja vão 

notar o meu comportamento de, literalmente, tentar não ouvir o meu pai e,
pior, quando chegar em casa provavelmente serei punido por isso, até porque
do púlpito da igreja o reverendo com certeza está me observando.
— Cristhian... — Minha mãe toca em meu ombro, e carinhosamente
acaricia as minhas costas. Por causa disso, volto a minha atenção para ela e,
ao observá-la de perto e com mais atenção, percebo algo que me entristece.
Os olhos dela estão contornados com uma maquiagem que encobre algumas
marcas, mas eu, como sou o seu filho, consigo notar a diferença no tom da
pele, sem falar na tristeza em seu olhar, ela nem consegue disfarçar. — Você
sabe que quando o papai dá o sermão você precisa prestar atenção para
sermos exemplos aqui na igreja. É para o nosso bem, meu amor.
Cansado, dou de ombros.
— Tudo que o papai diz é da boca para fora, a senhora sabe, mamãe. —
Ela abre bem os olhos ao me ouvir, e com gestos pede para que eu faça
silêncio. — No dia a dia, ele não faz nada do que prega aos domingos. — Eu vivo com um falso mentiroso, e violento. Eu vejo o quanto a mamãe sofre, só
não sei por qual motivo ela continua com o meu pai. — Precisamos fugir.
Minha voz acaba saindo mais alta do que deveria, e quando eu aponto
para o meu pai percebo muitas pessoas nos olhando.
— Cristhian. — A voz da mamãe já sai um pouco trêmula, e dos meus
olhos lágrimas escorrem.
Eu sei que fiz besteira, por isso temo o pior.
Não por mim, o meu pai sempre diz que serei o seu sucessor, pois o

negócio da família, que é estar à frente da congregação, é bastante lucrativo.
De acordo com o meu pai, fazer com que as pessoas tenham fé e pregar a
promessa de uma vida próspera enchem os nossos bolsos.
Por isso eu não me preocupo muito comigo, no máximo serei proibido de
brincar com os meus amigos, mas verdadeiramente temo por ela, a mamãe. Já
perdi as contas de quantas vezes testemunhei o seu sofrimento e ouvi o seu
choro.
Eu sei, ela vai sofrer.
O meu pai já a espancou de todas as maneiras, e ele sempre tenta evitar
acertar o rosto dela, mas ontem nem isso ele poupou. E o meu amigo Oliver
Donnell
[1] viu tudo quando a gente estava chegando em minha casa após um
passeio de bicicleta.
— Inclusive, meus irmãos. — O maldito reverendo volta a chamar a
atenção para ele. Fecho o meu punho com tanta raiva, e por consequência as
minhas unhas marcam a palma da minha mão. — Só o amor nos faz aguentar
as birras dos nossos filhos, não é? Quem diria que hoje pela manhã passaria
por essa provação? O Cristhian está chateado, pois, como um bom pai, o afastei
da televisão por um tempo. Ele precisa melhorar as notas na escola.
Como a igreja acredita em tudo o que o meu pai diz, os presentes até
acham graça da situação.
Todos gargalham, e do nada voltam a dar glórias a Deus.
Mas eu não consigo sequer sorrir, nem um pouco, pois eu bem sei o que
poderá acontecer quando chegarmos em casa.

— Isso é muito feio, mamãe. O meu pai está mentindo.
Nervosa, a minha mãe se levanta, estende a mão para mim, e quando a
seguro ela praticamente me arrasta para fora da igreja e caminha comigo para
atrás de uma árvore robusta, localizada em um espaço que não podemos ser
vistos ou ouvidos, até porque alguns veículos enormes, de cor e vidros
escuros, estão estacionados logo à frente.
— Cristhian, você por acaso quer perder a sua mãe? Quer crescer sentindo
saudade de mim? — Enquanto repousa uma mão na direção do seu coração,
com a outra ela cobre a boca, e durante alguns segundos, enquanto dá alguns
passos de um lado para o outro, fica respirando fundo. — E-eu não tenho c-
condições de sumir no mundo com você, my sweet boy
[2]
. Não tenho sequer
um centavo nos bolsos, o seu pai não me dá nada, e me proíbe de trabalhar.
Você sabe que precisamos nos comportar e ter fé que um dia tudo mudará,
caso contrário Adams irá me matar.
Com dificuldade, por estar com o corpo todo marcado por baixo do
vestido, se ajoelha na minha frente e me abraça.
— Eu não quero te perder, mamãe.
A abraço de volta, e sinto quando ela treme de dor.
— Então, se comporte, você acabou de completar 7 aninhos, é um
menino, ainda precisa muito de mim. — Segura o meu rosto com as duas
mãos. — Por favor, Cristhian, mesmo querendo fazer sempre justiça com as
próprias mãos, me prometa que nunca mais terá esse tipo de comportamento.
Dá um beijo em minha testa, mas antes mesmo que ela possa se levantar

o meu pai se aproxima, e o olhar que ele direciona para nós dois é tão frio
que me deixa ainda mais temeroso.
— Beth, Cristhian, vão para o carro agora e não conversem com ninguém,
pois vocês estão chorando sem motivo algum. — Exibindo um sorriso que
encobre quem ele verdadeiramente é, acena para alguns frequentadores da
igreja que estão de saída, mas logo volta a atenção para nós dois. — Hoje
tenho uma lição vinda dos céus para vocês. — Afaga os meus cabelos, colocando mais peso do que necessário em minha cabeça, apenas para me
fazer sentir dor. — Você aprenderá o que é ser uma criança temente a Deus e
obediente ao seu pai. — Segura na mão da mamãe e crava as unhas na sua
pele delicada. — E você, Beth, mais uma vez, vou tentar te ensinar como ser
uma boa mãe. Se o seu filho sai dos trilhos, a culpa é sua. Será que eu me
casei com um demônio disfarçado de mulher submissa?
Com o corpo trêmulo, sentindo muito medo, quando começamos a nos
afastar, uma família da igreja nos enxerga e começa a caminhar em nossa
direção.
— D-devemos ir para o carro, Adams? Ou...
Ele não deixa a mamãe completar a pergunta e a interrompe, repousando
a sua mão pesada em seu ombro machucado.
Coitada, ela volta a se encolher.
— Fiquem, e se comportem. Essa família é muito generosa com as obras
de Deus. Até querem pagar as nossas férias. Enfim, precisamos tê-los sempre
por perto.

Com cuidado, abraço a minha mãe pela cintura, enquanto ele, o diabo em
pessoa, que se diz ser um homem exemplar, sorri como se não tivesse
pensamentos terríveis em sua cabeça.
E, como sempre, em público, enquanto conversa com os membros da
igreja, demonstra ser amável comigo e com a mamãe.
— Ah, como eu amo vocês, família Adams. São um exemplo. Eu
sempre tento ser uma mulher submissa como a Beth e digo para os meus
filhos seguirem o exemplo do Cristhian. Um menino que tem, sim, suas
travessuras, mas é muito obediente. — A simpática senhora olha para minha
mãe. — Beth, não precisa chorar envergonhada por causa da birra do Cristhian,
ele é só uma criança, e todos nós entendemos. A sua credibilidade de mãe
exemplar em nosso distrito não será abalada.
Ela abraça a minha mãe, em seguida, juntamente com o seu esposo e
filhos, mais uma vez nos cumprimenta, logo depois se afastam, então, muito
cansada, esgotada, a mamãe acaba deixando cair mais algumas lágrimas.
— Você vai mesmo me envergonhar na frente de todos, Beth? — Ele
olha para os lados, segura no braço da minha mãe de maneira violenta, volta
para perto da árvore e a empurra contra o tronco. — Pare de chorar agora,
mulher. Em nome de Deus.
Juntando toda a sua força, ela o empurra de volta.
— Pare de me bater. Mude, deixe de ser um monstro dentro de casa. —
Enquanto ela clama por misericórdia, o seu corpo treme, e do seu nariz o
sangue começa a escorrer. — Ou nos d-deixe em paz. E-eu não aguento mais
isso. — Após acariciar a barriga, demonstrando sentir muita dor, minha mãe

não se sustenta em pé, por isso acaba caindo de joelhos. — Tenha
misericórdia, Adams.
E perde os sentidos, me deixando muito assustado ao seu lado.
— M-mamãe. Mamãe. — Mesmo sabendo que ela pode sentir dor, eu a
abraço, mas o meu pai não se move, nem para pedir ajuda. Parece que ele
quer que a minha mãe morra. — Acorde, mamãe. — Ela não abre os olhos.
Por isso, usando toda fé que eu poderia ter, olhando para o pior homem que
deve existir no mundo, peço a Deus uma prova da sua existência. — Deus, s-
salva a mamãe. — Não consigo controlar o choro. — P-por favor. Prove para
mim que o Senhor não é como o meu pai, que existe e vai ter misericórdia de
nós dois.
Um homem alto abre a porta de uma minivan e, no mesmo instante, um
outro senhor, que parece ser bem rico e poderoso, todo vestido de preto, sai;
em seguida ele aponta uma arma para a cabeça do meu pai, e antes mesmo de
o Reverendo Adans ter a chance de dizer alguma palavra, ouço um barulho
bem alto e o meu pai cai ao chão.
Sem demora a grama verde abaixo da sua cabeça ganha um novo tom.
O vermelho mais vivo que já vi.
Fico por um tempo observando o sangue sendo absorvido pela terra, em
seguida também percebo que algumas gotículas de sangue espirraram em
mim e na minha mãe, mas não sinto nada.
Nenhuma dor ou tristeza. Nem sequer consigo chorar.
Sei bem o que aconteceu. O meu pai, o diabo em pessoa que espancava a minha mãe quase todos os dias, até se a comida estivesse sem sal ou o suco
sem açúcar suficiente, acaba de morrer, e por isso não duvido mais da
existência de Deus.
— D-Deus é amor, e também é justiça. Isso é verdade. Ele me ouviu.
Volto a olhar para a minha mãe e sinto os meus cabelos serem afagados.
Mas dessa vez nenhum peso extra é colocado.
— Dio
[3] ouviu a sua prece, garoto. Eu estava no carro o tempo todo,
assisti o seu desespero e não poderia de maneira alguma deixar o infelice
[4]
impune. — Eu o observo e acabo sorrindo. O homem na minha frente pode
estar usando uma roupa de cor escura, segurando uma arma, e ainda assim
parece um anjo. — Agora cuide da sua mãe. — Por ela, sim, o meu coração
continua apertado. — Adeus.
— Senhor... — Me estico um pouco e alcanço o tecido da sua calça antes
que ele consiga entrar no carro. — Se Deus ouviu a minha oração, ainda falta
uma parte para o milagre acontecer. — Olho para a mamãe. — Ela precisa de
ajuda, ou com certeza vou ficar sozinho no mundo. Ela apanhou muito
ontem.
Depois de entregar a arma a um rapaz, sem medo de ser visto pelas
pessoas curiosas que aos poucos, e timidamente, de longe nos observam,
exibindo uma segurança que eu jamais vi, se abaixa ao meu lado e segura o
meu rosto com as duas mãos.
— Ontem eu enterrei um filho da sua idade. Há dois anos a minha
esposa. Os dois se foram por causa de um atentado que a mia famiglia
[5]
sofreu. Eu achei que estava sozinho. — Ele olha para a minha mãe e toca em

sua bochecha, em seguida, verifica a respiração dela passando o dedo
próximo do nariz. — Mas eu acho que a vida está me dando uma segunda
chance. Por isso, está decidido, vocês dois vêm comigo.
Em poucos segundos, um outro rapaz me ajuda a entrar na minivan,
enquanto ele, o meu salvador, toma a mamãe nos braços, adentra o veículo, e
a mantém em sua posse.
Em poucos instantes, atingindo uma velocidade absurda, o motorista
avança o caminho.
— Nós vamos levar a mamãe para o hospital? — Ele olha para mim,
ainda se mantém todo sério, mas não me diz nada. Em seguida, observa o
rosto da minha mãe e, com um lenço de tecido que tira do bolso da camisa,
na cor branca, limpa o seu nariz. — E-e como devo te chamar?
— Grey. Esse é o meu sobrenome, e a partir de agora será o seu. —
Volta a tocar no rosto da minha mãe. — E o dessa linda mulher também.

Continua...

bela mentira

Capítulo 6 Cristhian   Se horas atrás a festa estava cheia e as pessoas transavam, bebiam e dançavam, agora que todos estão a ponto de ter u...