sábado, 25 de fevereiro de 2023

BELA MENTIRA CAPÍTULO 3

Bela mentira Capítulo 3

Anastácia Stelle   
 
 Eu sou uma pessoa terrível! Logo no primeiro dia de aula 
eu já estava encantada por outro homem que não era o meu namorado. Estou tão distraída enquanto caminho até 
o dormitório e me martirizando sobre os meus pensamentos que quase não percebo o Porsche novo e 
brilhante estacionado na frente do meu dormitório, David está encostado a ele, braços cruzados sobre o peito e um 
sorriso no rosto. 
 David é um rapaz bonito, ele tem olhos escuros, cabelos 
escuros e um corpo atlético por ser um ótimo jogador de 
futebol americano. Você pode dizer que eu tenho um fraco 
por atletas. Durante a escola ele costumava ser O cara, o 
melhor jogador do time de futebol, a maioria das garotas 
gostariam de ter uma chance com ele, mas David nunca 
pareceu interessado em nenhuma delas, somente em mim. 
Nós namoramos desde os quinze anos e mesmo depois de 
um ano namorando a distância — onde a maioria das pessoas diz ser impossível funcionar— Nós ainda estamos 
juntos, isso deve dizer que o que nós temos é especial.

Imediatamente eu apago todos os pensamentos sobre olhos castanhos e um queixo fabuloso e sorrio para o meu 
namorado. Um sorriso se abre ainda mais no seu rosto ao me ver e ele avança na minha direção, nós nos 
encontramos no meio do caminho e David me beija.  
 Seu beijo é familiar e é gostoso. Eu não tenho muito para 
comparar desde que David foi o único rapaz que eu já 
beijei — fora Patrick Hamilton quando eu tinha 13 anos 
durante o jogo das garrafas — Seus braços me contornam, 
me estreitando contra o seu corpo e sinto sua ereção 
cutucar minha barriga, aquilo me deixa desconfortável, mas 
continuei o beijando, meus braços contornando o seu 
pescoço e minha língua se enrolando na sua.  
 Eu busco aquela sensação de estrelas brilhantes, o 
mundo girando ao nosso redor, qualquer coisa fora do normal, não precisa nem ser nada extraordinário como 
acontecia nos filmes, mas no final é só um beijo, não havia nada de épico nele. 
 — Baby, eu senti sua falta. — David diz, afastando os 
lábios do meu e fitando o meu rosto. — Quase esqueci de 
como você é linda.  
 Eu sorrio, ficando na ponta dos pés e tocando meus lábios contra os seus.  
 — Eu também senti sua falta. Muito.  
 — Você não vai me mostrar o seu lugar? — Ele pergunta 
de repente, me pegando de surpresa com o novo rumo da 
conversa. 
 — Claro, vamos.  
 Eu pego sua mão na minha, o levando até os dormitórios. 
Eu divido um pequeno apartamento com mais duas alunas,

uma delas é minha melhor amiga, Riley, nós entramos em 
Yale juntas e meu pai — como um ex-aluno e um dos 
maiores doadores da universidade — conseguiu que 
ficássemos em um dormitório juntas. Cada uma tinha o seu 
quarto e a sua privacidade, o que é excelente.  
 Abro a porta e não há ninguém na sala quando 
adentramos o ambiente. O lugar é simples, pequeno e ainda está desorganizado.  
 David não presta atenção em nada disso o que ele faz é 
me puxar para os seus braços e me beijar longamente. 
Suas mãos estão em todos os lugares e eu sinto meu 
ventre quente quando ele enfia as mãos debaixo da minha 
blusa e aperta os meus seios sobre o sutiã que eu vestia. 
Nós nos movemos para trás até estarmos apoiados em 
uma porta.  
 — Esse não é o meu quarto. — Informo com um sorriso.  
 — Então, me mostre o seu quarto, baby. — Sua voz é 
rouca durante o momento em que sua boca desceu pelo 
meu pescoço. Eu fecho os olhos e tento sentir…— Eu 
quero você. 
 Eu quero você. Aquilo deveria fazer com que um calor 
invadisse o meu corpo e minha calcinha se tornassem 
ensopada, porém tudo o que sinto é um frio, e não um frio 
gostoso como borboletas na barriga, mas como um banho 
de água fria. Umedeci os meus lábios secos e empurrei 
seus ombros, fazendo com que seus olhos encontrem os 
meus. 
 — Querido, eu ainda não estou pronta. — Afirmo, 
observando o modo como sua feição muda, de sedutor e

gentil para se tornar decepcionado e irritado. Sinto-me 
imediatamente culpada. 
 Não é como se realmente não estivesse pronta para fazer 
sexo, acho que estou, mas falta alguma coisa. Uma vez eu 
e minha mãe tivemos a conversa sobre sexo, foi logo 
quando eu comecei a namorar David. Ela me levou ao 
ginecologista e me falou que a primeira vez é um momento 
especial e único, do qual eu nunca me esqueceria.  
 Ela me disse que eu saberia quando fosse o momento 
certo. Eu não entendia o que ela quis dizer na época e não 
compreendia agora. Não sabia ao certo o que deveria 
sentir. Se veria luzes brilhantes por trás dos meus olhos, se 
saberia que é o momento certo como em um passe de 
mágica. A única coisa que eu tenho certeza é que nunca 
vivenciei esse momento com David. Eu nunca senti que era 
a hora certa e sabia que aquilo o deixa frustrado.  
 — Você ainda não está pronta? — Ele suspirou, frisando 
a palavra ainda. David passa as mãos pelo rosto com 
frustração evidente e afasta o corpo do meu. — Gostaria 
de saber se um dia você vai estar, Anastácia. 
 — Eu sinto muito, David. — Eu digo, dando um passo 
mais próximo dele. Sinto-me como uma idiota completa. — 
Eu posso tocar você… 
 Era algo que eu sempre fazia para ele. 
 — Eu mesmo posso fazer isso. — Ele sorri, com ironia. — 
É melhor eu ir.  
 — David. — Eu chamo, mas ele já está caminhando até a 
porta. 
 — Depois nós nos falamos.

Ele abre a porta e deixa o apartamento, sem sequer olhar 
na minha direção. Idiota. Eu levo as mãos ao rosto e sinto 
uma vontade enorme de chorar. A porta atrás de mim se 
abre e viro-me, vendo Riley. Ela me fita com preocupação 
ou seria pena? As duas opções são ruins. 
 — Ei, você estava aí o tempo todo? Você ouviu... — 
Pergunto, sentindo o embaraço e a humilhação me 
dominar. É ruim o suficiente que tenha acontecido, agora 
saber que minha melhor amiga havia escutado tudo… É 
além de humilhante. 
 — Sim, eu ouvi o seu namorado idiota. — Ela diz, os 
lábios estreitos com irritação.  
 Riley não é a maior fã de David. Nunca foi. E depois de hoje provavelmente nunca seria. 
 Riley me puxa para o seu quarto, fazendo-me sentar-se 
na cama, ela usa uma máscara facial verde e gosmenta. 
Riley é minha melhor amiga desde sempre, nossas mães 
se conheceram na lua de yoga para grávidas e se tornaram 
melhores amigas. Riley é o mais próximo de uma irmã que eu tenho. Embora, não poderíamos ter personalidades 
mais diferentes.  
 Riley é sarcástica, possui um humor sujo, uma 
personalidade forte e é uma amiga extremamente fiel. Eu 
sei que sempre posso contar com ela para qualquer coisa 
— como esconder um corpo na floresta no melhor estilo 
Desperate housewives — e ela com certeza poderia contar 
comigo para fazer o mesmo. Eu a amo.  
 — Ele só está frustrado Riley. Nós namoramos por quatro 
anos e nunca fizemos sexo por minha culpa.

— Nós estamos na porra do século XXI, nenhuma mulher 
deve ser obrigada a fazer algo que não queira para agradar 
um homem. — Diz. — Se você não está pronta para fazer 
sexo não deve se sentir pressionada.  
 — Ele não me pressiona… 
 — Se isso que eu ouvi não for pressão eu não sei o que 
mais é! — Informa. — David é um babaca. Você merece 
alguém muito melhor, Lucy. 
 — Eu gosto dele. — Afirmo. Porém, no fundo da minha 
mente uma voz me pergunta.  
 De verdade? Você gosta dele do fundo do seu coração? 
 — Sinceramente, eu não acho que você gosta dele, mas 
simplesmente se acostumou a ser a namorada dele. — 
Minhas sobrancelhas se unem quando penso sobre o que 
ela diz. — Anastácia, esse é um mundo novo e real. Nós não 
estamos mais na escola onde David era o garoto mais 
popular e todas as garotas queriam namorá-lo.  
 — Eu sei. — Sussurro, pensando nas palavras que minha 
mãe disse certa vez algum tempo atrás. — É tempo de 
descobrir quem nós realmente somos e pelo que somos 
apaixonados. Faça amigos, amores e as melhores 
memórias da sua vida.  
 Eu realmente sinto saudades dela, ela saberia o que 
fazer.


Continua...

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