Anastácia Stelle
Eu sou uma pessoa terrível! Logo no primeiro dia de aula
eu já estava encantada por outro homem que não era o meu namorado. Estou tão distraída enquanto caminho até
o dormitório e me martirizando sobre os meus pensamentos que quase não percebo o Porsche novo e
brilhante estacionado na frente do meu dormitório, David está encostado a ele, braços cruzados sobre o peito e um
sorriso no rosto.
David é um rapaz bonito, ele tem olhos escuros, cabelos
escuros e um corpo atlético por ser um ótimo jogador de
futebol americano. Você pode dizer que eu tenho um fraco
por atletas. Durante a escola ele costumava ser O cara, o
melhor jogador do time de futebol, a maioria das garotas
gostariam de ter uma chance com ele, mas David nunca
pareceu interessado em nenhuma delas, somente em mim.
Nós namoramos desde os quinze anos e mesmo depois de
um ano namorando a distância — onde a maioria das pessoas diz ser impossível funcionar— Nós ainda estamos
juntos, isso deve dizer que o que nós temos é especial.
Imediatamente eu apago todos os pensamentos sobre olhos castanhos e um queixo fabuloso e sorrio para o meu
namorado. Um sorriso se abre ainda mais no seu rosto ao me ver e ele avança na minha direção, nós nos
encontramos no meio do caminho e David me beija.
Seu beijo é familiar e é gostoso. Eu não tenho muito para
comparar desde que David foi o único rapaz que eu já
beijei — fora Patrick Hamilton quando eu tinha 13 anos
durante o jogo das garrafas — Seus braços me contornam,
me estreitando contra o seu corpo e sinto sua ereção
cutucar minha barriga, aquilo me deixa desconfortável, mas
continuei o beijando, meus braços contornando o seu
pescoço e minha língua se enrolando na sua.
Eu busco aquela sensação de estrelas brilhantes, o
mundo girando ao nosso redor, qualquer coisa fora do normal, não precisa nem ser nada extraordinário como
acontecia nos filmes, mas no final é só um beijo, não havia nada de épico nele.
— Baby, eu senti sua falta. — David diz, afastando os
lábios do meu e fitando o meu rosto. — Quase esqueci de
como você é linda.
Eu sorrio, ficando na ponta dos pés e tocando meus lábios contra os seus.
— Eu também senti sua falta. Muito.
— Você não vai me mostrar o seu lugar? — Ele pergunta
de repente, me pegando de surpresa com o novo rumo da
conversa.
— Claro, vamos.
Eu pego sua mão na minha, o levando até os dormitórios.
Eu divido um pequeno apartamento com mais duas alunas,
uma delas é minha melhor amiga, Riley, nós entramos em
Yale juntas e meu pai — como um ex-aluno e um dos
maiores doadores da universidade — conseguiu que
ficássemos em um dormitório juntas. Cada uma tinha o seu
quarto e a sua privacidade, o que é excelente.
Abro a porta e não há ninguém na sala quando
adentramos o ambiente. O lugar é simples, pequeno e ainda está desorganizado.
David não presta atenção em nada disso o que ele faz é
me puxar para os seus braços e me beijar longamente.
Suas mãos estão em todos os lugares e eu sinto meu
ventre quente quando ele enfia as mãos debaixo da minha
blusa e aperta os meus seios sobre o sutiã que eu vestia.
Nós nos movemos para trás até estarmos apoiados em
uma porta.
— Esse não é o meu quarto. — Informo com um sorriso.
— Então, me mostre o seu quarto, baby. — Sua voz é
rouca durante o momento em que sua boca desceu pelo
meu pescoço. Eu fecho os olhos e tento sentir…— Eu
quero você.
Eu quero você. Aquilo deveria fazer com que um calor
invadisse o meu corpo e minha calcinha se tornassem
ensopada, porém tudo o que sinto é um frio, e não um frio
gostoso como borboletas na barriga, mas como um banho
de água fria. Umedeci os meus lábios secos e empurrei
seus ombros, fazendo com que seus olhos encontrem os
meus.
— Querido, eu ainda não estou pronta. — Afirmo,
observando o modo como sua feição muda, de sedutor e
gentil para se tornar decepcionado e irritado. Sinto-me
imediatamente culpada.
Não é como se realmente não estivesse pronta para fazer
sexo, acho que estou, mas falta alguma coisa. Uma vez eu
e minha mãe tivemos a conversa sobre sexo, foi logo
quando eu comecei a namorar David. Ela me levou ao
ginecologista e me falou que a primeira vez é um momento
especial e único, do qual eu nunca me esqueceria.
Ela me disse que eu saberia quando fosse o momento
certo. Eu não entendia o que ela quis dizer na época e não
compreendia agora. Não sabia ao certo o que deveria
sentir. Se veria luzes brilhantes por trás dos meus olhos, se
saberia que é o momento certo como em um passe de
mágica. A única coisa que eu tenho certeza é que nunca
vivenciei esse momento com David. Eu nunca senti que era
a hora certa e sabia que aquilo o deixa frustrado.
— Você ainda não está pronta? — Ele suspirou, frisando
a palavra ainda. David passa as mãos pelo rosto com
frustração evidente e afasta o corpo do meu. — Gostaria
de saber se um dia você vai estar, Anastácia.
— Eu sinto muito, David. — Eu digo, dando um passo
mais próximo dele. Sinto-me como uma idiota completa. —
Eu posso tocar você…
Era algo que eu sempre fazia para ele.
— Eu mesmo posso fazer isso. — Ele sorri, com ironia. —
É melhor eu ir.
— David. — Eu chamo, mas ele já está caminhando até a
porta.
— Depois nós nos falamos.
Ele abre a porta e deixa o apartamento, sem sequer olhar
na minha direção. Idiota. Eu levo as mãos ao rosto e sinto
uma vontade enorme de chorar. A porta atrás de mim se
abre e viro-me, vendo Riley. Ela me fita com preocupação
ou seria pena? As duas opções são ruins.
— Ei, você estava aí o tempo todo? Você ouviu... —
Pergunto, sentindo o embaraço e a humilhação me
dominar. É ruim o suficiente que tenha acontecido, agora
saber que minha melhor amiga havia escutado tudo… É
além de humilhante.
— Sim, eu ouvi o seu namorado idiota. — Ela diz, os
lábios estreitos com irritação.
Riley não é a maior fã de David. Nunca foi. E depois de hoje provavelmente nunca seria.
Riley me puxa para o seu quarto, fazendo-me sentar-se
na cama, ela usa uma máscara facial verde e gosmenta.
Riley é minha melhor amiga desde sempre, nossas mães
se conheceram na lua de yoga para grávidas e se tornaram
melhores amigas. Riley é o mais próximo de uma irmã que eu tenho. Embora, não poderíamos ter personalidades
mais diferentes.
Riley é sarcástica, possui um humor sujo, uma
personalidade forte e é uma amiga extremamente fiel. Eu
sei que sempre posso contar com ela para qualquer coisa
— como esconder um corpo na floresta no melhor estilo
Desperate housewives — e ela com certeza poderia contar
comigo para fazer o mesmo. Eu a amo.
— Ele só está frustrado Riley. Nós namoramos por quatro
anos e nunca fizemos sexo por minha culpa.
— Nós estamos na porra do século XXI, nenhuma mulher
deve ser obrigada a fazer algo que não queira para agradar
um homem. — Diz. — Se você não está pronta para fazer
sexo não deve se sentir pressionada.
— Ele não me pressiona…
— Se isso que eu ouvi não for pressão eu não sei o que
mais é! — Informa. — David é um babaca. Você merece
alguém muito melhor, Lucy.
— Eu gosto dele. — Afirmo. Porém, no fundo da minha
mente uma voz me pergunta.
De verdade? Você gosta dele do fundo do seu coração?
— Sinceramente, eu não acho que você gosta dele, mas
simplesmente se acostumou a ser a namorada dele. —
Minhas sobrancelhas se unem quando penso sobre o que
ela diz. — Anastácia, esse é um mundo novo e real. Nós não
estamos mais na escola onde David era o garoto mais
popular e todas as garotas queriam namorá-lo.
— Eu sei. — Sussurro, pensando nas palavras que minha
mãe disse certa vez algum tempo atrás. — É tempo de
descobrir quem nós realmente somos e pelo que somos
apaixonados. Faça amigos, amores e as melhores
memórias da sua vida.
Eu realmente sinto saudades dela, ela saberia o que
fazer.
Continua...
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