sábado, 25 de fevereiro de 2023

BELA MENTIRA CAPÍTULO 4

Bela mentira Capítulo 4

Anastácia Stelle

Meus pais se apaixonaram durante a universidade e
viveram felizes até três atrás quando mamãe descobriu um
aneurisma inoperável no cérebro. Ela morreu dois anos
depois e eu ainda sinto saudades dela todos os dias.
Ela sempre dizia como a universidade é uma fase
importante na vida de uma garota. Onde você se apaixona
loucamente e vive intensamente. 
É estranho pensar que meus pais se apaixonaram
exatamente nesse mesmo lugar, foi por isso que escolhi vir
para Yale, mesmo sendo aceita em Harvard. Eu queria
estudar onde minha mãe estudou, queria conhecer a
garota que ela um dia foi, queria qualquer coisa que me
fizesse sentir mais próxima a ela novamente. 
Estou deitada na cama ao lado de Riley e nós estamos
assistindo Friends pela trigésima vez. 
— Eu não posso terminar com David. — Digo depois de
um tempo. — Ele esteve ao meu lado quando minha mãe
morreu.

— Ele só fez o que qualquer pessoa um pouco decente
faria. Gratidão não é motivo para permanecer com alguém. 
Ela tem razão, mas David foi muito gentil, ele segurou
minha mão durante o enterro e não saiu do meu lado. É
difícil encontrar alguém que fica ao seu lado em momentos
de dificuldade como esses. No começo ele era realmente
doce. 
— Eu conheci um cara hoje. — Digo ao me recordar de
Hagrid. Eu sabia que não deveria falar, que Riley faria
disso uma grande história, mas eu realmente queria falar
sobre o desconhecido. 
— Espera! — Riley pausa a série e se vira para olhar para
mim, seu rosto ainda está coberto com gosma verde. —
Você conheceu um cara? Como assim? 
Seus olhos escuros estão arregalados e ela não
consegue esconder sua animação e curiosidade.
— Não é nada demais. Ele me ajudou a atravessar o
gramado molhado e escorregadio e nós conversamos um
pouco. Ele faz a mesma aula que eu. Química geral.
— Vocês conversaram ou flertaram? — Riley me estuda
com atenção, como se tivesse vontade de entrar na minha
cabeça e arrancar os pensamentos de mim.
— Um pouco dos dois. — Admito, sentindo minhas
bochechas esquentarem. 
— Ele é bonito? Não. Espera. — Ela pega seu celular
sobre o criado mudo. — Me diz o nome dele que eu vou
pesquisar no Instagram.
— Eu não sei o nome dele. — Informo, lembrando do
desconhecido; o sorriso fácil, o queixo exuberante. — Ele
era tão lindo que não parecia real.

— Ok. — Riley diz, fitando-me com atenção. Os seus
olhos arregalados. — Eu nunca ouvi você falar sobre um
cara assim. Me conte em detalhes tudo o que aconteceu. 
— Eu não acredito que você não aceitou tomar um café
com ele. O cara salvou sua vida. — Riley diz depois que eu
terminei de contar a história inteira.
— Ele não salvou minha vida. — Digo. — Ninguém
morreu escorregando em um gramado. Morreu?
— Pode não morrer, mas você poderia ter quebrado
alguma coisa. 
— Eu sei. Mas, eu tenho um namorado logo não posso
aceitar tomar café com um cara desconhecido. — Afirmo.
Me encostando nos travesseiros eu tomo um gole do
chocolate quente que eu tinha preparado enquanto contava
sobre o início interessante do meu dia. Eu amo chocolate
quente, sempre ajuda a me esquentar no frio e melhora o
meu humor. Eu realmente poderia usar algum ânimo
depois daquela manhã.
— Por que não? Era só um café. — Ela diz como se eu
fosse uma idiota e eu realmente me sinto como uma.
Talvez Hagrid só queria fazer uma amizade nova e eu agi
feito uma idiota completa. Eu nem perguntei o nome dele e
não disse o meu quando ele perguntou. Ugh!
— Realmente era só um café? Pelo que eu sei na
universidade tomar um café significa um encontro seguido
por sexo selvagem. 
— Bem que você queria. — Ela fala, me fazendo rir. Sinto
vergonha em admitir, mas uma parte minha realmente não
acharia nada ruim.

Uma batida na porta interrompe nossa conversa. Penny

combinar com as minhas botas, e o meu cabelo foi
amarrado para cima em um rabo de cavalo. 
Estava sentada no sofá da sala, lendo o meu Kindle
enquanto espero Riley ficar pronta. Ela sempre demora a
se arrumar, eu enviaria uma mensagem para David vir nos
pegar quando ela terminasse. 
— Você tem muita sorte. — Ergo a cabeça ao ouvir a voz
de Penny Lenny, eu sempre pensei que o meu nome era

ruim, mas o seu me supera a quilômetros. — Você é
namorada de David Callahan. 
Aparentemente as coisas não haviam mudado muito
desde a escola. Não tinha dedos o suficiente no mundo
para contar quantas vezes já ouvi aquela frase, dita no
mesmo tom de admiração e certa dose de inveja. 
— Ele é um dos mais gostosos de Yale. Ele só perde para
Cristhian, mas qualquer um perde para Cristhian. Ele é
simplesmente inalcançável. — Pergunto-me se esse Cristhian,
que deveria ser quarterback do time de futebol de David, é
mais gostoso que Hagrid. Se fosse ele deveria ganhar um
prêmio. — Como namorada de David você vai ser
convidada para as melhores festas. Minha irmã estudava
aqui e ela nunca foi convidada para a festa de boas-vindas
na casa de Cristhian Grey. Você já o viu jogar? O cara é um
monstro. 
Ele parece tão animada, as palavras fluíam da sua boca
como uma torrente e seus olhos pareciam dois pires,
arregalados com animação. Eu acho que Penny é o que
David chama de Maria chuteira. Eu nunca entendi por que
algumas garotas ficam tão ligadas a jogadores de futebol, é
um jogo tão violento. Embora eu entendesse o charme que
havia nos atletas, a força e a determinação. Isso é
atraente. 
— Não, eu não assisto muito futebol. — Confesso. 
— Você poderia me apresentar para Cristhian, não é? — Seus
olhos brilham com expectativa. 
Em dias ela nunca tinha me tratado tão bem.
— Eu ainda não o conheço, mas quando o fizer é claro
que posso apresentá-la a ele.

— Você é minha nova melhor amiga. — Ela guincha, me
abraçando e me pegando de surpresa. 
— Ela é minha melhor amiga. — Riley corrige, surgindo
na sala. 
Ela parece a mesma de sempre. Vestindo preto da
cabeça aos pés, botas de motoqueiro, calça de couro,
camisa de uma banda de rock e jaqueta. 
Riley é realmente deslumbrante, seu cabelo cacheado e
exuberante fluía em todas as direções, ela tem olhos
castanhos escuros e bonitos, pele marrom de cetim, maçãs
do rosto magníficas e lábios que fariam Angelina Jolie
chorar de inveja por dias. 
— Vocês acham que eu poderia ir à festa com vocês? —
Penny pergunta. 
— Nós já estamos atrasadas. — Riley informa. 
— Eu me arrumo em um instante. — Ela se levanta do
sofá em um pulo. Prontamente se convidando a festa. —
Eu volto logo!
Ela parece realmente animada quando sai saltitante da
sala, caminhando até o seu quarto. Eu sorrio, dando de
ombros para Riley que me fita com incredulidade. 
— Eu não gosto dessa garota, ela é dissimulada. — Riley
diz, sentando-se no sofá ao meu lado. — Ela estava nos
tratando como duas calouras idiotas até descobrir que você
namora David.
— Você não gosta de gente em geral. — Refuto, com um
sorriso. — Ela não parece ruim, além disso, nós vamos
literalmente viver juntas durante um ano, não custa nada
ser legal.

— Agrh! Você é boazinha demais. Não entendo como
somos amigas.
Riley não consegue esconder sua frustração, fazendo-me
rir. 
— Nós somos amigas porque você não conseguiria viver
sem mim. Você é a Anna da minha Elsa.
— Eu sou totalmente a Elsa, você é a Anna. — Ela refuta.
— Está vendo como não somos tão diferentes? Nós duas
amamos Frozen. — Informo, deitando a cabeça em seu
ombro. 
— Nunca diga a ninguém que eu amo Frozen ou nossa
amizade está acabada para sempre. — Ela diz e eu sorrio.

Continua...

BELA MENTIRA CAPÍTULO 3

Bela mentira Capítulo 3

Anastácia Stelle   
 
 Eu sou uma pessoa terrível! Logo no primeiro dia de aula 
eu já estava encantada por outro homem que não era o meu namorado. Estou tão distraída enquanto caminho até 
o dormitório e me martirizando sobre os meus pensamentos que quase não percebo o Porsche novo e 
brilhante estacionado na frente do meu dormitório, David está encostado a ele, braços cruzados sobre o peito e um 
sorriso no rosto. 
 David é um rapaz bonito, ele tem olhos escuros, cabelos 
escuros e um corpo atlético por ser um ótimo jogador de 
futebol americano. Você pode dizer que eu tenho um fraco 
por atletas. Durante a escola ele costumava ser O cara, o 
melhor jogador do time de futebol, a maioria das garotas 
gostariam de ter uma chance com ele, mas David nunca 
pareceu interessado em nenhuma delas, somente em mim. 
Nós namoramos desde os quinze anos e mesmo depois de 
um ano namorando a distância — onde a maioria das pessoas diz ser impossível funcionar— Nós ainda estamos 
juntos, isso deve dizer que o que nós temos é especial.

Imediatamente eu apago todos os pensamentos sobre olhos castanhos e um queixo fabuloso e sorrio para o meu 
namorado. Um sorriso se abre ainda mais no seu rosto ao me ver e ele avança na minha direção, nós nos 
encontramos no meio do caminho e David me beija.  
 Seu beijo é familiar e é gostoso. Eu não tenho muito para 
comparar desde que David foi o único rapaz que eu já 
beijei — fora Patrick Hamilton quando eu tinha 13 anos 
durante o jogo das garrafas — Seus braços me contornam, 
me estreitando contra o seu corpo e sinto sua ereção 
cutucar minha barriga, aquilo me deixa desconfortável, mas 
continuei o beijando, meus braços contornando o seu 
pescoço e minha língua se enrolando na sua.  
 Eu busco aquela sensação de estrelas brilhantes, o 
mundo girando ao nosso redor, qualquer coisa fora do normal, não precisa nem ser nada extraordinário como 
acontecia nos filmes, mas no final é só um beijo, não havia nada de épico nele. 
 — Baby, eu senti sua falta. — David diz, afastando os 
lábios do meu e fitando o meu rosto. — Quase esqueci de 
como você é linda.  
 Eu sorrio, ficando na ponta dos pés e tocando meus lábios contra os seus.  
 — Eu também senti sua falta. Muito.  
 — Você não vai me mostrar o seu lugar? — Ele pergunta 
de repente, me pegando de surpresa com o novo rumo da 
conversa. 
 — Claro, vamos.  
 Eu pego sua mão na minha, o levando até os dormitórios. 
Eu divido um pequeno apartamento com mais duas alunas,

uma delas é minha melhor amiga, Riley, nós entramos em 
Yale juntas e meu pai — como um ex-aluno e um dos 
maiores doadores da universidade — conseguiu que 
ficássemos em um dormitório juntas. Cada uma tinha o seu 
quarto e a sua privacidade, o que é excelente.  
 Abro a porta e não há ninguém na sala quando 
adentramos o ambiente. O lugar é simples, pequeno e ainda está desorganizado.  
 David não presta atenção em nada disso o que ele faz é 
me puxar para os seus braços e me beijar longamente. 
Suas mãos estão em todos os lugares e eu sinto meu 
ventre quente quando ele enfia as mãos debaixo da minha 
blusa e aperta os meus seios sobre o sutiã que eu vestia. 
Nós nos movemos para trás até estarmos apoiados em 
uma porta.  
 — Esse não é o meu quarto. — Informo com um sorriso.  
 — Então, me mostre o seu quarto, baby. — Sua voz é 
rouca durante o momento em que sua boca desceu pelo 
meu pescoço. Eu fecho os olhos e tento sentir…— Eu 
quero você. 
 Eu quero você. Aquilo deveria fazer com que um calor 
invadisse o meu corpo e minha calcinha se tornassem 
ensopada, porém tudo o que sinto é um frio, e não um frio 
gostoso como borboletas na barriga, mas como um banho 
de água fria. Umedeci os meus lábios secos e empurrei 
seus ombros, fazendo com que seus olhos encontrem os 
meus. 
 — Querido, eu ainda não estou pronta. — Afirmo, 
observando o modo como sua feição muda, de sedutor e

gentil para se tornar decepcionado e irritado. Sinto-me 
imediatamente culpada. 
 Não é como se realmente não estivesse pronta para fazer 
sexo, acho que estou, mas falta alguma coisa. Uma vez eu 
e minha mãe tivemos a conversa sobre sexo, foi logo 
quando eu comecei a namorar David. Ela me levou ao 
ginecologista e me falou que a primeira vez é um momento 
especial e único, do qual eu nunca me esqueceria.  
 Ela me disse que eu saberia quando fosse o momento 
certo. Eu não entendia o que ela quis dizer na época e não 
compreendia agora. Não sabia ao certo o que deveria 
sentir. Se veria luzes brilhantes por trás dos meus olhos, se 
saberia que é o momento certo como em um passe de 
mágica. A única coisa que eu tenho certeza é que nunca 
vivenciei esse momento com David. Eu nunca senti que era 
a hora certa e sabia que aquilo o deixa frustrado.  
 — Você ainda não está pronta? — Ele suspirou, frisando 
a palavra ainda. David passa as mãos pelo rosto com 
frustração evidente e afasta o corpo do meu. — Gostaria 
de saber se um dia você vai estar, Anastácia. 
 — Eu sinto muito, David. — Eu digo, dando um passo 
mais próximo dele. Sinto-me como uma idiota completa. — 
Eu posso tocar você… 
 Era algo que eu sempre fazia para ele. 
 — Eu mesmo posso fazer isso. — Ele sorri, com ironia. — 
É melhor eu ir.  
 — David. — Eu chamo, mas ele já está caminhando até a 
porta. 
 — Depois nós nos falamos.

Ele abre a porta e deixa o apartamento, sem sequer olhar 
na minha direção. Idiota. Eu levo as mãos ao rosto e sinto 
uma vontade enorme de chorar. A porta atrás de mim se 
abre e viro-me, vendo Riley. Ela me fita com preocupação 
ou seria pena? As duas opções são ruins. 
 — Ei, você estava aí o tempo todo? Você ouviu... — 
Pergunto, sentindo o embaraço e a humilhação me 
dominar. É ruim o suficiente que tenha acontecido, agora 
saber que minha melhor amiga havia escutado tudo… É 
além de humilhante. 
 — Sim, eu ouvi o seu namorado idiota. — Ela diz, os 
lábios estreitos com irritação.  
 Riley não é a maior fã de David. Nunca foi. E depois de hoje provavelmente nunca seria. 
 Riley me puxa para o seu quarto, fazendo-me sentar-se 
na cama, ela usa uma máscara facial verde e gosmenta. 
Riley é minha melhor amiga desde sempre, nossas mães 
se conheceram na lua de yoga para grávidas e se tornaram 
melhores amigas. Riley é o mais próximo de uma irmã que eu tenho. Embora, não poderíamos ter personalidades 
mais diferentes.  
 Riley é sarcástica, possui um humor sujo, uma 
personalidade forte e é uma amiga extremamente fiel. Eu 
sei que sempre posso contar com ela para qualquer coisa 
— como esconder um corpo na floresta no melhor estilo 
Desperate housewives — e ela com certeza poderia contar 
comigo para fazer o mesmo. Eu a amo.  
 — Ele só está frustrado Riley. Nós namoramos por quatro 
anos e nunca fizemos sexo por minha culpa.

— Nós estamos na porra do século XXI, nenhuma mulher 
deve ser obrigada a fazer algo que não queira para agradar 
um homem. — Diz. — Se você não está pronta para fazer 
sexo não deve se sentir pressionada.  
 — Ele não me pressiona… 
 — Se isso que eu ouvi não for pressão eu não sei o que 
mais é! — Informa. — David é um babaca. Você merece 
alguém muito melhor, Lucy. 
 — Eu gosto dele. — Afirmo. Porém, no fundo da minha 
mente uma voz me pergunta.  
 De verdade? Você gosta dele do fundo do seu coração? 
 — Sinceramente, eu não acho que você gosta dele, mas 
simplesmente se acostumou a ser a namorada dele. — 
Minhas sobrancelhas se unem quando penso sobre o que 
ela diz. — Anastácia, esse é um mundo novo e real. Nós não 
estamos mais na escola onde David era o garoto mais 
popular e todas as garotas queriam namorá-lo.  
 — Eu sei. — Sussurro, pensando nas palavras que minha 
mãe disse certa vez algum tempo atrás. — É tempo de 
descobrir quem nós realmente somos e pelo que somos 
apaixonados. Faça amigos, amores e as melhores 
memórias da sua vida.  
 Eu realmente sinto saudades dela, ela saberia o que 
fazer.


Continua...

BELA MENTIRA CAPÍTULO 2

Bela mentira

Capítulo 2

Anastácia Stelle

Eu sou uma pessoa horrível. Estou nos braços fortes e quentes de um
completo desconhecido e ele é absolutamente lindo. Magnífico. Nunca pensei
que um dia usaria essa palavra para descrever um homem, porém é isso o que
ele é. Nunca tinha visto um homem tão bonito, nem sabia que era possível.
Seu rosto parece ter sido esculpido a perfeição. Possuía um queixo forte e
proeminente com uma covinha que me dá vontade de mordê-lo, olhos
castanhos intensos, nariz forte e um lábio inferior maravilhoso que fazia-me
sentir ânsia de muito mais do que morder.
Ele me fita com olhos castanhos brilhantes, fitando-me com um ardor que
me faz sentir quente em todos os lugares e meus dedos dos pés se curvarem
com excitação. Eu realmente queria beijá-lo, enfiar minha língua na sua boca
e sugar o seu lábio inferior exuberante. Sinto uma vontade enorme de beijar
aquele completo desconhecido, é algo latente e quente se enrolando dentro de
mim como uma serpente. Seria desejo?
Eu tenho um namorado. Um namorado que me ama.
O desconhecido inclina o rosto, seus olhos castanhos cravados na minha
boca quando lentamente aproxima o rosto do meu. Eu lambo meus lábios, eu
não consigo respirar, meu coração batia descontroladamente no meu peito
enquanto eu encaro a sua boca, cada vez mais perto da minha.
Ele cheira tão bem, uma mistura fresca e cítrica. Eu fecho os olhos e viro o
rosto para o lado.
Não. Eu não podia. Ugh! Às vezes é horrível ter caráter.

— Eu estou atrasada. — Digo, me afastando dos seus braços e do seu calor.
Nós estamos próximos de uma área seca e eu dou um passo até estar segura
e longe dos braços do homem de quase dois metros de altura. Não sei o que é
mais perigoso, estar nos seus braços ou a chuva e o gramado escorregadio.
— Claro. — Ele me segue e o clima antes descontraído parece pesado com
tensão.
— Obrigada por ter me ajudado com a chuva e provavelmente me salvado.
— Digo, acelerando os meus passos. Estou realmente atrasada e ferrada. Ele
surpreendentemente me acompanha. — Você não precisa me acompanhar…
— Eu não estou, eu tenho aula de Química... — Ele diz, as sobrancelhas
franzidas.
— Eu também... — Digo e ambos paramos na porta da sala. Nós trocamos
um olhar antes de rir.
— Isso é o que eu chamo de coincidência. — Falo, completamente
abismada.
A última coisa que eu preciso é aquele tipo de tentação enquanto eu estou
estudando ou em qualquer lugar próximo a mim.
— Eu chamo de destino. — Ele pisca e sinto meu estômago derreter.
Ugh! Nenhum cara da idade dele deveria ter tanta confiança ou ser tão
charmoso. Eu fecho o meu guarda-chuva e o guardo em sua capa
impermeável, em seguida, dentro da minha bolsa, enquanto ele abre a porta
da sala, todos começam a nos encarar fazendo com que um calor de embaraço
subisse pelo meu rosto. Por favor, que meu rosto não esteja vermelho, que o
meu rosto não esteja vermelho.
— Desculpe o atraso… — Eu começo, entretanto sou interrompida pela
professora.
— Se isso se repetir vocês não entram mais na minha aula. Entendido?
Ela parece firme e assustadora.
— Claro, Sra. Charles. Não vai mais acontecer.
O desconhecido sorri, um sorriso sexy que é dirigido a professora, mas ouço
vários suspiros femininos e alguns masculinos em resposta ao redor da sala
de aula.
Eu os entendo completamente, depois que ele quase me beijou sinto que
preciso trocar minha calcinha. Eu sou definitivamente uma pessoa horrível.

Não deveria nem sequer pensar sobre outro cara quando eu tenho o meu
namorado. Sinto a culpa pesar sobre o meu peito.
A professora, por outro lado, não parece muito impressionada, as suas
sobrancelhas erguidas em desdém.
— Sentem-se. — Ela comanda.
Eu rapidamente encontro o primeiro lugar vago disponível que eu vejo e me
acomodo, sentindo que a atenção de todos da sala ainda está sobre mim e no 
desconhecido.
Ele se senta na cadeira vazia na fileira à minha frente tirando o moletom
molhado que vestia, em seguida se virando e lançando um sorriso para mim
antes de começar a prestar atenção na aula. Eu levo uma mão ao peito onde
meu coração ainda bate acelerado e é só porque tinha chegado atrasada na
minha primeira aula, apenas isso, digo a mim mesma.
O restante da aula seguiu bem. Eu prestei atenção em tudo, fazendo
anotações, digitando no meu MacBook e usando meu celular para gravar o
que a professora dizia para poder escutar tudo depois. Estou fazendo pre-
medicina, meu grande sonho é um dia ser uma neurocirurgiã e eu vou me
esforçar ao máximo para ser a melhor.
Meu pai sempre diz que se você for fazer uma coisa faça bem-feita e se
esforce para ser a melhor. Foi assim que ele se tornou um dos melhores juízes
do estado da Califórnia.
Caminho para fora da sala, lendo a tela do meu celular. Há várias
mensagens de bom dia de David, me fazendo sorrir. Depois de um ano de
namoro a distância seria bom para nós estarmos juntos novamente.
— Sprite. — Ouço e eu sorrio ainda mais, me virando eu vejo quando o
desconhecido caminha em minha direção.
Ele se veste com uma calça jeans apertada, camisa de moletom preta, botas
e carrega uma mochila.
Seu corpo é tão bom quanto o seu rosto, suas pernas são fortes e seus braços
possuem músculos, eu sei por experiência própria pois tinha me agarrado a
eles. Ele tem o corpo de um atleta. Magro e com tônus muscular.
— Você ia embora sem nem me dizer o seu nome?
Inclino a cabeça, um sorriso ainda em meu rosto.
— Você pararia de me chamar de sprite se soubesse o meu nome?
— E perder toda a diversão? Acho que não. — Ele sorri, balançando a
cabeça em negação. Ele é muito charmoso e sabia usar isso a seu favor. — E
você não quer saber o meu nome?
— Eu não preciso saber o seu nome pois já tenho o apelido perfeito para
você. Hagrid.
— Hagrid. — Suas sobrancelhas se unem quando ele pensa sobre o apelido.
— Por que eu sou alto?
— Sim. — Eu estou sorrindo.
— Hagrid? O gigante do Harry Potter? — Ele repete, parecendo abismado.
— Nada contra ele, é um cara legal, mas eu dei um fofo e sexy apelido para
você Sprite, eu esperava um apelido que combinasse comigo, algo mais
sexy.
— Mais sexy como? — Pergunto, meus lábios comprimidos quando eu
tento muito não cair na gargalhada.
— Eu não sei. — Ele dá de ombros. — Lobo mau?
Eu não posso evitar rir até lágrimas descerem pelos cantos dos meus olhos.
— E eu seria a chapeuzinho vermelho?
— Se você quiser. — Ele sorri, mordendo o lábio inferior e dando um passo
mais próximo a mim. Engulo em seco sentindo minha boca secar. — Vamos
tomar um café e conversar, talvez você me fale o seu nome real e eu posso
falar o meu e nós podemos conversar sobre Harry Potter.
Ele está me chamando para um encontro? Ou é só um café? Um café
poderia ser considerado um encontro? Eu queria qual dos dois? Quando
estava na escola frequentemente era chamada para encontros, mas eu sabia
que David é um cara legal e fiel a mim e nunca me senti interessada.
Bem, até esse momento.
Se eu não tivesse um namorado com certeza sairia em um encontro com
esse cara e falaria sobre Harry Potter. Ele é lindo e sexy de derreter na boca e
parece ter senso de humor. Três coisas que eu gosto muito em um cara, bem,
além do fato dele gostar de Harry Potter, me pergunto se ele só assistiu aos
filmes ou também leu os livros.
Meu celular apita na minha mão com uma mensagem e quando vejo que é
de David me sinto imediatamente culpada.
— Agora eu tenho um compromisso, mas quem sabe na próxima. — Eu
sorrio, sem jeito.
Suas sobrancelhas se erguem com surpresa, imagino se ele alguma vez
levou um fora em sua vida.
— Claro. — Ele responde e parece não saber muito bem o que deveria falar, a confusão comprimindo as linhas do seu lindo rosto é adorável.
Respondendo a minha pergunta de que ele realmente nunca tinha levado um
fora na vida. Uma parte bizarra minha sentia-se exultante por ser a primeira.
Eu sorrio ainda mais e aceno uma despedida antes de virar-me e me afastar
dele.
Tenho a sensação de estar sendo observada por todo o caminho, há um
sentimento quente de excitação se enrolando por todo o meu corpo.
Empenho-me em resistir à tentação de olhar para trás e verificar se ele ainda
está me olhando, porém minha força de vontade é praticamente inexistente e
logo olho sobre o meu ombro vendo que ele ainda se encontra parado no
mesmo lugar com os olhos cravados em mim.

Continua....

BELA MENTIRA CAPÍTULO 1

Bela Mentira

CAPÍTULO 1

Cristhian Grey

A água quente alivia os meus músculos cansados. Primeiro dia de volta às
aulas e o treinador pegou pesado no treino, nós tivemos que levantar pneus de
tratores por todo o campo de futebol. Segundo o treinador precisamos perder
o peso que ganhamos durante as férias.
Saio do banho, me enrolando em uma toalha eu caminho até onde está a
minha bolsa, descansando sobre o banco do vestiário. Eu vejo David parado
na frente do seu armário, olhando para dentro do lugar vazio com tanta
atenção que parecia estar buscando as respostas do universo. Ele aparentava
estar nervoso e desconcentrado durante o treino de hoje.
Como Quarterback do time eu tenho que ficar atento aos jogadores e me
certificar de que eles tenham a sua mente no único lugar importante. No jogo.
Além disso, David, eu e Mark, o meu melhor amigo e um dos melhores
jogadores defensivos do time, dividimos uma casa em New Haven e embora
achasse David um idiota soberbo na maioria do tempo ele é o meu
companheiro de time. Companheiros de time deveriam ser como a sua
segunda família.
— Ei, homem. Está tudo bem? Você parece distraído hoje. — Ele suspira.
— Minha namorada. Anastácia. — Explica. — Ela começa a estudar hoje aqui e
isso está me deixando nervoso.

Agora tudo faz sentido. David tinha uma namorada da época do colégio, ele
falou sobre ela um par de vezes. Ela é um ano mais jovem que ele e só entrou
na universidade esse ano.
— Está com medo que ela descubra que você já a traiu com metade da
universidade? — Pergunto com as sobrancelhas erguidas.
Não tinha como a garota não descobrir, as mulheres e os homens falam
muito por aqui e David Callahan é um jogador quase pior do que eu. E eu sou
um muito ruim. Durante boa parte da minha vida o meu foco completo é
apenas no futebol, e o sexo me ajuda aliviar um pouco da pressão e tensão
que eu sinto. Uma boa noite de sexo é o melhor escape de todos.
— Sim, ela não pode descobrir de jeito nenhum. — Ele balança a cabeça, os
lábios estreitos com nervosismo. Ele parece realmente nervoso, o que me
surpreende, nunca pensei que David gostasse tanto da namorada, afinal ele a
traía constantemente. — Eu a amo. Nós namoramos desde os quinze anos.
Você entende? Ela é perfeita e é a garota com quem eu vou me casar um dia.
Todas as outras são só um pouco de diversão durante a universidade.
Está vendo? Idiota. Eu nunca amei nenhuma garota, mas não acho que trair
é uma boa indicação de que você realmente ama alguém.
— Você deveria ter pensado nisso antes de ficar com todas as garotas que
passavam na sua frente. Você nunca pensou que ela poderia entrar em Yale e
descobrir o que você faz pelas costas dela?
Não gosto de homens que agem dessa maneira, se fazem de bonzinhos, mas
pelas costas eram verdadeiros babacas, cheio de mentiras e promessa vazias
na ponta da língua. Eu preferia não fingir. Eu sou quem eu sou e as garotas
sabem o que esperar quando vão para a cama comigo, eu não finjo, nem
minto. O meu foco é o futebol e nada mais. Eu garanto que elas tenham um
bom tempo tanto quanto eu, mas é só isso.
Suas sobrancelhas se unem e ele passa as mãos asperamente pelos cabelos.
— Eu tinha esperança de que ela não entrasse. Mas, agora eu estou ferrado,
irmão. Eu não sei o que fazer.
Bato nas suas costas, querendo tranquilizá-lo. Ele está totalmente ferrado.
—Talvez ela não descubra. Não adianta se estressar antes do tempo.
— Tarde demais para não me estressar. Eu não posso perdê-la. Anastácia é
especial, ela é única, entende?

— Eu entendo. — Minto. — As coisas vão dar certo. Só tente evitar que
isso afete o seu desempenho no campo. Esse ano nós temos tudo para levar o Campeonato Nacional.
Ano passado nós perdemos por muito pouco para a North Dakota State. Eles
tinham o melhor time. Quando sai da escola recebi propostas de todas as melhores Universidades do país, com os melhores programas de futebol
americano, porque eu era o melhor Quarterback da escola e agora sou o
melhor do futebol americano universitário. Mas, eu ainda não sou o time de
um homem só, embora continuasse tentando.
Os Bulldogs não ganham o campeonato há muito tempo e eles não tinham o
melhor programa para futebol americano e nem os melhores jogadores, mas
eu queria ficar perto da minha família e ter uma boa formação além do
futebol.
Esse ano eu estou melhor, o nosso time também, eu pessoalmente escolhi
alguns dos novos recrutas com o treinador e não deixaria nada ficar no nosso
caminho para a vitória. Eu tenho patrocinadores e minha avó para cuidar,
minha vida não está ganha e eu não posso me dar ao luxo de falhar. O meu
futuro depende dessa vitória.
— Eu sei, eu sei. Você sabe que pode contar comigo. Eu sempre dou o meu
melhor em campo.
Eu sei disso. David é um dos jogadores mais velozes do time.
— Sua garota não vai ficar com a gente, vai? — Minhas sobrancelhas se
unem com a possibilidade de uma mulher vivendo conosco. Seria um
desastre.
— Não, ela vai ficar nos dormitórios.
— Bom. — Digo, aliviado. — Tenho certeza de que tudo vai ficar bem,
David. Ansioso para conhecer sua garota.
Estou atrasado para minha primeira aula do dia. A manhã é fria, ontem à
noite havia chovido e continua a chover e a ventar essa manhã, o que deixa o

chão molhado, por isso eu caminho devagar, não querendo correr o risco de
escorregar e cair. A última coisa que preciso é de um tendão rompido porque
tinha escorregado em uma poça de água.
Quase consigo ver as manchetes: Quarterback mais promissor da década
escorrega em uma poça de água e tem carreira que nem começou levada ao
fim.
Eu parei quando avistei uma pequena garota usando um casaco verde
brilhante, ela estava encolhida na peça de roupa quente e segurando um
guarda-chuva na cor correspondente ao casaco, fazendo-me perguntar se a
combinação é proposital. Pisco por um momento imaginando se não estava
vendo coisas, como um duende.
A garota também segura uma bolsa onde parece carregar mais do que seu
peso e ela está correndo. Sim, ela está correndo em direção ao gramado
coberto de poças de água enquanto segura um guarda-chuva. Porra. Sem
pensar duas vezes avanço em sua direção no momento em que percebo que
ela está prestes a correr em direção a uma armadilha escorregadia.
— Espere. — Eu digo, meus dedos se fecham no seu braço quando tento a
interromper, antes que ela caminhasse para a própria morte, tudo bem,
própria morte é um pouco exagerado, mas ela podia ganhar uma concussão
ou fraturar a coluna.
A garota olha para mim com suas sobrancelhas unidas e eu faço uma pausa
por um momento, estudando seu rosto. Ela parece um anjo. Grandes e
brilhantes olhos azuis, um nariz empinado e lábios pequenos e carnudos de
um tom profundo de rosa. Sua pele pálida parece incrivelmente suave ao
toque e suas bochechas e a ponta do seu nariz estão rosados pelo frio. Os seus
cabelos castanhos são surpreendentemente brilhantes com mechas cor de mel
e com cachos se espalhando em todas as direções.
Ela é de tirar o fôlego.
— Algum problema? — Ela pergunta, seus longos cílios piscando.
— Sim, esse gramado está coberto de água e escorregadio, sprite. Você
poderia cair e bater a cabeça.
— Você acabou de me chamar de sprite? — Questiona, os lábios carnudos
se abrindo em choque no mesmo momento em que os olhos se estreitam com acusação.
Sprite significa todos os tipos de criaturas mágicas, pequenas fadas ou

duendes.
— Ninguém nunca disse que você parece com um pequeno e bonito
duende? — Pergunto, com diversão, um sorriso se abrindo no meu rosto.
Eu vejo como seus olhos se mudam para os meus lábios se tornando ainda
mais brilhantes e a forma como sua garganta se move quando ela engole em seco.
Sim querida. Eu tenho uma boa aparência. Ela se recupera rapidamente e
suas sobrancelhas se franzem ainda mais.
— Deixe-me pensar. — Diz, seu tom é coberto de ironia. — Será que
alguém já me disse que eu pareço com uma criatura mística, superbaixa e
bizarra?
— A questão não é a altura. Os duendes são criaturas mágicas que tem o
poder de nos levar a potes de ouro no final de arco-íris. — Eu digo. — Eles
trazem sorte.
Seus olhos piscam com surpresa enquanto ela parece digerir minhas
palavras, eu sei que eu soei como um idiota. Deus sabe que eu posso fazer
melhor, mas minha mãe era irlandesa e ela sempre me contava as lendas
mitológicas da Irlanda, o Leprechaun ou sprite é uma das que eu sempre
gostava de ouvir.
Ela suspira e afasta o braço do meu aperto.
— Olha cara, eu estou atrasada para a minha primeira aula! Atrasada! —Ela
informa, nervosamente. — Eu não posso ficar discutindo sobre os duendes.
Eu tenho que ir.
Ela dá um passo à frente e eu pego novamente no seu braço, a
interrompendo.
— Eu vejo que você é caloura. Está tudo molhado e escorregadio, você vai
acabar caindo e quebrando alguma coisa.
Ela suspira com frustração. Eu deveria apenas deixar que ela fosse e talvez
acabasse caindo, às vezes aprender com os próprios erros ajuda, mas ela
podia se machucar seriamente e eu me sentiria culpado por não a ter
impedido.
— Eu não posso atravessar todo o Campus para chegar à aula. Esse é o
caminho mais curto. — Ela leva as mãos aos cabelos, com frustração. —
Como eu sou estúpida! Atrasada para minha primeira aula. Como as pessoas vão me deixar operar seus cérebros se eu não posso nem mesmo escutar a
droga do despertador?
Ela parece prestes a chorar e eu me sinto mal por ela. O primeiro ano da
universidade é difícil, claro, também é divertido, mas é um mundo completamente diferente onde você tinha que aprender a ser independente.
Isso é um desafio para muitas pessoas.
— As duas coisas não se relacionam. — Afirmo. — Você pode operar
cérebros e não ouvir o despertador.
— Não, eu não posso. Se eu me atrasar para uma cirurgia alguém pode
acabar morrendo.
Seus olhos se tornam impossivelmente maiores quando se arregalam. Eu
quase rio com seu desespero. Ela ainda está no primeiro ano da universidade
e cursar medicina levava pelo menos oito anos, ela aprenderia muita coisa
durante esse período.
— Você está pensando muito a frente, sprite. — Afirmo. — Agora, eu vou
ajudá-la a atravessar o gramado para que você possa ir a sua primeira aula.
Ok?
Seus olhos me fitam com surpresa.
— Você não precisa fazer isso. Sério.
— Eu também tenho que chegar a minha aula. — Explico.
— Sério? — Ela perguntou com desconfiança.
— Sim. — Aceno, estendendo minha mão para ela. — Vamos fazer isso?
Ela suspirou, em seguida, colocou a sua mão na minha. Eu noto como sua
pele é quente e tão macia quanto veludo quando fecho os meus dedos sobre
os seus.
— Vamos. — Ela concorda, os olhos fixos nos meus, cheios de confiança.
Nós damos o primeiro passo e ela se agarra ao meu braço. — Eu amo a
chuva, mas quando eu posso ficar debaixo das cobertas tomando chocolate
quente e assistindo todas as temporadas de Law & Order SVU.
— Você tem idade para assistir Law & Order, sprite? — Pergunto. Minha
bota desliza um pouco, mas logo me recomponho.
— Você vai mesmo continuar a me chamar de sprite? — Questiona quando
tentamos desviar das poças de água, não queria nem ver quando começasse o
inverno e o chão estivesse coberto de gelo.
Ela estava agarrada a mim como se sua vida dependesse disso, seus seios
completamente pressionados contra o meu braço, me sinto um idiota quando
meu pau começa a se animar nas minhas calças com a proximidade do seu
corpo.
— Incomoda você? — Eu indago, olhando para ela, que por sua vez olha
para onde nossos pés pisam.
sprite é inegavelmente linda, até mesmo o seu perfil é perfeito, com aquele
nariz arrebitado, os grandes olhos azuis e a boca. Nunca tinha visto um rosto
tão bonito. Ela parece pensar na minha pergunta por um instante antes de
encontrar o meu olhar e sorrir.
— Na verdade não. Eu gosto da ideia do pote de ouro no final do arco-íris.
— Ela diz. — Embora como você pode ver eu não trago muito sorte para
mim quem dirá para os outros.
Se eu pensava que ela era linda antes, quando ela sorria, se tornava algo
muito além de bonita. Um sorriso de dentes brancos e retos se abria em seu
rosto, mostrando duas covinhas adoráveis em cada lado do seu rosto e a
tornando deslumbrante. Minha avó diria que ela tem um sorriso que poderia
iluminar uma sala.
Eu pisco por um momento, deslumbrado com o seu sorriso. Os olhos dela se
arregalaram antes dela deslizar, indo em direção ao chão, eu consigo pegá-la
a tempo, meus braços contornando a sua cintura e ela se agarra a mim, um
braço em volta do meu pescoço enquanto o outro segura o guarda-chuva, nós
tentamos nos manter em pé, nossos pés deslizando um no outro.
Ela está rindo, seu corpo esguio tremendo contra o meu.
— O que é tão engraçado, sprite? — Pergunto, mas eu também estou rindo.
Quando nós paramos de deslizar acabamos abraçados sobre o gramado, a
chuva forte caindo sobre nós, ainda rindo durante o tempo em que tentamos
nos manter em pé. Nossas respirações e risos se misturam no ar entre nossos
corpos. Duende é pequena, ela não deveria ter mais de 1,60 de altura. Sua
cabeça mal atinge o meu peito, mas para ser justo eu sou alto demais Eu estudo o seu rosto com atenção, diria que até com intensidade, ela ainda
está sorrindo, mas seu sorriso some quando percebe minha atenção fixa nela,
em seus lábios carnudos e nos seus olhos brilhantes como luzes de natal.
Meu coração bate acelerado em meu peito e eu não sei se é o momento ou a
proximidade do seu corpo, mas eu me pego pensando que realmente gostaria

de beijá-la. Quando seus olhos azuis cedem para minha boca com uma
intensidade que, imagino, se assemelha a minha, pergunto-me se ela queria o
mesmo e tanto quanto eu.

Continua.......

BELA MENTIRA SINOPSE

Bela mentira

Quando o amor surge de uma mentira.”
Sinopse

A vida de Cristhian Grey sempre foi simples. Ele respira futebol americano 
desde que pode lembrar-se. Como o Quarterback mais promissor do país seu 
propósito é fazer o seu time ganhar o maior torneio universitário de futebol. 
Isso até que AnastáciaStelle, a namorada do seu colega de time surge, tirando sua 
vida completamente de ordem e mostrando como o complicado poderia ser 
realmente bom. 
Anastácia Stelle sempre foi perfeita. A filha perfeita, a aluna perfeita, a namorada 
perfeita. Agora na universidade, o seu maior objetivo é se formar em 
medicina e fazer o seu relacionamento com o namorado da escola dar certo. 
Contudo, a vida é cheia de surpresas e quando Anastácia descobre que o seu 
namorado está a traindo ela forma um plano pra se vingar dele, fingindo 
namorar o Quarterback do time de futebol. 
O que eles não imaginam é como um grande amor poderia surgir de uma 
simples mentira.

uma noite com mafioso Prólogo


PRÓLOGO
CRISTHIAN GREY 
NEW CITY – EUA
VINTE E CINCO ANOS ATRÁS
— Meus amados filhos, para concluir o sermão desta linda

manhã de domingo ensolarada e abençoada, ouçam a mensagem reveladora
que eu, um profeta usado por Deus, verdadeiramente traz a esta igreja. —
Enquanto o meu pai, o reverendo Adams, muito conhecido no Distrito 21 de
New City, onde ficam as Streets 12 a 20, continua o sermão, toda a igreja
vibra em expectativa pelo que ele tem a dizer. — Nunca se esqueçam que o
que sai da minha boca é o recado oficial vindo diretamente dos céus, amém?
— A minha mãe, Beth Adams, que está sentada ao meu lado, escolhe
permanecer em silêncio, e discretamente abaixa a cabeça. — Quem crer nas
palavras deste sábio homem ungido? — Alguns membros da igreja ficam tão
empolgados que até se levantam para aplaudi-lo. — Vocês são beneficiados
na Terra por me seguirem, estão cientes disso?
— Nós somos, sim, reverendo, não há dúvidas. Mas, por favor, não
maltrate os corações dos seus filhos e nos diga, meu amado profeta... O que
Deus tem para nos dizer hoje?
Emma, uma das cantoras que é muito próxima do meu pai, não demora a
demonstrar a sua curiosidade para todos ouvirem.
— Eu vou te responder, minha querida Emma. — Ele se aproxima da
cantora. — O recado divino de hoje é: o amor, somente o amor, pode nos
fazer felizes. — Ele olha para os demais membros. — Vocês concordam com

a mensagem vinda do céu?
— Amém, eu concordo. E digo mais, Reverendo Adams. O amor se
renova a cada manhã.
Todos aplaudem o Sr. Gray, um dos membros mais antigos, mas o meu
pai logo pede silêncio, pois só quem pode ser aplaudido é ele.
— Enfim, agora ouçam em silêncio tudo o que eu tenho a dizer. —
Aponta para a plateia na sua frente. — Homens, se na casa de vocês existe
alguma desavença com as suas esposas, lembrem-se do sentimento que os
unem e nunca deixem o respeito de lado. Ela, a sua valiosa mulher, te ajudou
a construir a sua família. É ela que prepara um jantar gostoso todos os dias
para saciar a sua fome quando você chega do trabalho. Também é ela que em
todas as manhãs leva o seu herdeiro para a escola e quando volta é abraçada
pelos demais afazeres do lar. Por isso, nossas mulheres devem ser cuidadas
como se fossem uma rosa. Uma flor rara e preciosa.
Quando ele olha para a minha mãe e sorri, abaixo a minha cabeça na
mesma hora, a sobrepondo sobre os meus braços cruzados acomodados em
minhas pernas, e fico completamente encolhido, com vontade de sumir.
Também sinto muita raiva, pois me incomoda, de verdade, viver uma
mentira, e eu não tenho o que fazer. Eu queria proteger a minha mãe, mas
ainda sou uma criança.
Mas, mesmo com a minha pouca idade, eu vejo a realidade.
Sobre a minha escolha no momento de não olhar para o meu pai; eu sei
que para muitos estou errado, com certeza alguns membros da igreja vão 

notar o meu comportamento de, literalmente, tentar não ouvir o meu pai e,
pior, quando chegar em casa provavelmente serei punido por isso, até porque
do púlpito da igreja o reverendo com certeza está me observando.
— Cristhian... — Minha mãe toca em meu ombro, e carinhosamente
acaricia as minhas costas. Por causa disso, volto a minha atenção para ela e,
ao observá-la de perto e com mais atenção, percebo algo que me entristece.
Os olhos dela estão contornados com uma maquiagem que encobre algumas
marcas, mas eu, como sou o seu filho, consigo notar a diferença no tom da
pele, sem falar na tristeza em seu olhar, ela nem consegue disfarçar. — Você
sabe que quando o papai dá o sermão você precisa prestar atenção para
sermos exemplos aqui na igreja. É para o nosso bem, meu amor.
Cansado, dou de ombros.
— Tudo que o papai diz é da boca para fora, a senhora sabe, mamãe. —
Ela abre bem os olhos ao me ouvir, e com gestos pede para que eu faça
silêncio. — No dia a dia, ele não faz nada do que prega aos domingos. — Eu vivo com um falso mentiroso, e violento. Eu vejo o quanto a mamãe sofre, só
não sei por qual motivo ela continua com o meu pai. — Precisamos fugir.
Minha voz acaba saindo mais alta do que deveria, e quando eu aponto
para o meu pai percebo muitas pessoas nos olhando.
— Cristhian. — A voz da mamãe já sai um pouco trêmula, e dos meus
olhos lágrimas escorrem.
Eu sei que fiz besteira, por isso temo o pior.
Não por mim, o meu pai sempre diz que serei o seu sucessor, pois o

negócio da família, que é estar à frente da congregação, é bastante lucrativo.
De acordo com o meu pai, fazer com que as pessoas tenham fé e pregar a
promessa de uma vida próspera enchem os nossos bolsos.
Por isso eu não me preocupo muito comigo, no máximo serei proibido de
brincar com os meus amigos, mas verdadeiramente temo por ela, a mamãe. Já
perdi as contas de quantas vezes testemunhei o seu sofrimento e ouvi o seu
choro.
Eu sei, ela vai sofrer.
O meu pai já a espancou de todas as maneiras, e ele sempre tenta evitar
acertar o rosto dela, mas ontem nem isso ele poupou. E o meu amigo Oliver
Donnell
[1] viu tudo quando a gente estava chegando em minha casa após um
passeio de bicicleta.
— Inclusive, meus irmãos. — O maldito reverendo volta a chamar a
atenção para ele. Fecho o meu punho com tanta raiva, e por consequência as
minhas unhas marcam a palma da minha mão. — Só o amor nos faz aguentar
as birras dos nossos filhos, não é? Quem diria que hoje pela manhã passaria
por essa provação? O Cristhian está chateado, pois, como um bom pai, o afastei
da televisão por um tempo. Ele precisa melhorar as notas na escola.
Como a igreja acredita em tudo o que o meu pai diz, os presentes até
acham graça da situação.
Todos gargalham, e do nada voltam a dar glórias a Deus.
Mas eu não consigo sequer sorrir, nem um pouco, pois eu bem sei o que
poderá acontecer quando chegarmos em casa.

— Isso é muito feio, mamãe. O meu pai está mentindo.
Nervosa, a minha mãe se levanta, estende a mão para mim, e quando a
seguro ela praticamente me arrasta para fora da igreja e caminha comigo para
atrás de uma árvore robusta, localizada em um espaço que não podemos ser
vistos ou ouvidos, até porque alguns veículos enormes, de cor e vidros
escuros, estão estacionados logo à frente.
— Cristhian, você por acaso quer perder a sua mãe? Quer crescer sentindo
saudade de mim? — Enquanto repousa uma mão na direção do seu coração,
com a outra ela cobre a boca, e durante alguns segundos, enquanto dá alguns
passos de um lado para o outro, fica respirando fundo. — E-eu não tenho c-
condições de sumir no mundo com você, my sweet boy
[2]
. Não tenho sequer
um centavo nos bolsos, o seu pai não me dá nada, e me proíbe de trabalhar.
Você sabe que precisamos nos comportar e ter fé que um dia tudo mudará,
caso contrário Adams irá me matar.
Com dificuldade, por estar com o corpo todo marcado por baixo do
vestido, se ajoelha na minha frente e me abraça.
— Eu não quero te perder, mamãe.
A abraço de volta, e sinto quando ela treme de dor.
— Então, se comporte, você acabou de completar 7 aninhos, é um
menino, ainda precisa muito de mim. — Segura o meu rosto com as duas
mãos. — Por favor, Cristhian, mesmo querendo fazer sempre justiça com as
próprias mãos, me prometa que nunca mais terá esse tipo de comportamento.
Dá um beijo em minha testa, mas antes mesmo que ela possa se levantar

o meu pai se aproxima, e o olhar que ele direciona para nós dois é tão frio
que me deixa ainda mais temeroso.
— Beth, Cristhian, vão para o carro agora e não conversem com ninguém,
pois vocês estão chorando sem motivo algum. — Exibindo um sorriso que
encobre quem ele verdadeiramente é, acena para alguns frequentadores da
igreja que estão de saída, mas logo volta a atenção para nós dois. — Hoje
tenho uma lição vinda dos céus para vocês. — Afaga os meus cabelos, colocando mais peso do que necessário em minha cabeça, apenas para me
fazer sentir dor. — Você aprenderá o que é ser uma criança temente a Deus e
obediente ao seu pai. — Segura na mão da mamãe e crava as unhas na sua
pele delicada. — E você, Beth, mais uma vez, vou tentar te ensinar como ser
uma boa mãe. Se o seu filho sai dos trilhos, a culpa é sua. Será que eu me
casei com um demônio disfarçado de mulher submissa?
Com o corpo trêmulo, sentindo muito medo, quando começamos a nos
afastar, uma família da igreja nos enxerga e começa a caminhar em nossa
direção.
— D-devemos ir para o carro, Adams? Ou...
Ele não deixa a mamãe completar a pergunta e a interrompe, repousando
a sua mão pesada em seu ombro machucado.
Coitada, ela volta a se encolher.
— Fiquem, e se comportem. Essa família é muito generosa com as obras
de Deus. Até querem pagar as nossas férias. Enfim, precisamos tê-los sempre
por perto.

Com cuidado, abraço a minha mãe pela cintura, enquanto ele, o diabo em
pessoa, que se diz ser um homem exemplar, sorri como se não tivesse
pensamentos terríveis em sua cabeça.
E, como sempre, em público, enquanto conversa com os membros da
igreja, demonstra ser amável comigo e com a mamãe.
— Ah, como eu amo vocês, família Adams. São um exemplo. Eu
sempre tento ser uma mulher submissa como a Beth e digo para os meus
filhos seguirem o exemplo do Cristhian. Um menino que tem, sim, suas
travessuras, mas é muito obediente. — A simpática senhora olha para minha
mãe. — Beth, não precisa chorar envergonhada por causa da birra do Cristhian,
ele é só uma criança, e todos nós entendemos. A sua credibilidade de mãe
exemplar em nosso distrito não será abalada.
Ela abraça a minha mãe, em seguida, juntamente com o seu esposo e
filhos, mais uma vez nos cumprimenta, logo depois se afastam, então, muito
cansada, esgotada, a mamãe acaba deixando cair mais algumas lágrimas.
— Você vai mesmo me envergonhar na frente de todos, Beth? — Ele
olha para os lados, segura no braço da minha mãe de maneira violenta, volta
para perto da árvore e a empurra contra o tronco. — Pare de chorar agora,
mulher. Em nome de Deus.
Juntando toda a sua força, ela o empurra de volta.
— Pare de me bater. Mude, deixe de ser um monstro dentro de casa. —
Enquanto ela clama por misericórdia, o seu corpo treme, e do seu nariz o
sangue começa a escorrer. — Ou nos d-deixe em paz. E-eu não aguento mais
isso. — Após acariciar a barriga, demonstrando sentir muita dor, minha mãe

não se sustenta em pé, por isso acaba caindo de joelhos. — Tenha
misericórdia, Adams.
E perde os sentidos, me deixando muito assustado ao seu lado.
— M-mamãe. Mamãe. — Mesmo sabendo que ela pode sentir dor, eu a
abraço, mas o meu pai não se move, nem para pedir ajuda. Parece que ele
quer que a minha mãe morra. — Acorde, mamãe. — Ela não abre os olhos.
Por isso, usando toda fé que eu poderia ter, olhando para o pior homem que
deve existir no mundo, peço a Deus uma prova da sua existência. — Deus, s-
salva a mamãe. — Não consigo controlar o choro. — P-por favor. Prove para
mim que o Senhor não é como o meu pai, que existe e vai ter misericórdia de
nós dois.
Um homem alto abre a porta de uma minivan e, no mesmo instante, um
outro senhor, que parece ser bem rico e poderoso, todo vestido de preto, sai;
em seguida ele aponta uma arma para a cabeça do meu pai, e antes mesmo de
o Reverendo Adans ter a chance de dizer alguma palavra, ouço um barulho
bem alto e o meu pai cai ao chão.
Sem demora a grama verde abaixo da sua cabeça ganha um novo tom.
O vermelho mais vivo que já vi.
Fico por um tempo observando o sangue sendo absorvido pela terra, em
seguida também percebo que algumas gotículas de sangue espirraram em
mim e na minha mãe, mas não sinto nada.
Nenhuma dor ou tristeza. Nem sequer consigo chorar.
Sei bem o que aconteceu. O meu pai, o diabo em pessoa que espancava a minha mãe quase todos os dias, até se a comida estivesse sem sal ou o suco
sem açúcar suficiente, acaba de morrer, e por isso não duvido mais da
existência de Deus.
— D-Deus é amor, e também é justiça. Isso é verdade. Ele me ouviu.
Volto a olhar para a minha mãe e sinto os meus cabelos serem afagados.
Mas dessa vez nenhum peso extra é colocado.
— Dio
[3] ouviu a sua prece, garoto. Eu estava no carro o tempo todo,
assisti o seu desespero e não poderia de maneira alguma deixar o infelice
[4]
impune. — Eu o observo e acabo sorrindo. O homem na minha frente pode
estar usando uma roupa de cor escura, segurando uma arma, e ainda assim
parece um anjo. — Agora cuide da sua mãe. — Por ela, sim, o meu coração
continua apertado. — Adeus.
— Senhor... — Me estico um pouco e alcanço o tecido da sua calça antes
que ele consiga entrar no carro. — Se Deus ouviu a minha oração, ainda falta
uma parte para o milagre acontecer. — Olho para a mamãe. — Ela precisa de
ajuda, ou com certeza vou ficar sozinho no mundo. Ela apanhou muito
ontem.
Depois de entregar a arma a um rapaz, sem medo de ser visto pelas
pessoas curiosas que aos poucos, e timidamente, de longe nos observam,
exibindo uma segurança que eu jamais vi, se abaixa ao meu lado e segura o
meu rosto com as duas mãos.
— Ontem eu enterrei um filho da sua idade. Há dois anos a minha
esposa. Os dois se foram por causa de um atentado que a mia famiglia
[5]
sofreu. Eu achei que estava sozinho. — Ele olha para a minha mãe e toca em

sua bochecha, em seguida, verifica a respiração dela passando o dedo
próximo do nariz. — Mas eu acho que a vida está me dando uma segunda
chance. Por isso, está decidido, vocês dois vêm comigo.
Em poucos segundos, um outro rapaz me ajuda a entrar na minivan,
enquanto ele, o meu salvador, toma a mamãe nos braços, adentra o veículo, e
a mantém em sua posse.
Em poucos instantes, atingindo uma velocidade absurda, o motorista
avança o caminho.
— Nós vamos levar a mamãe para o hospital? — Ele olha para mim,
ainda se mantém todo sério, mas não me diz nada. Em seguida, observa o
rosto da minha mãe e, com um lenço de tecido que tira do bolso da camisa,
na cor branca, limpa o seu nariz. — E-e como devo te chamar?
— Grey. Esse é o meu sobrenome, e a partir de agora será o seu. —
Volta a tocar no rosto da minha mãe. — E o dessa linda mulher também.

Continua...

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

O DIRETOR CAPÍTULO 3

Capítulo 3


Cristhian Grey 

Em meio a uma conversa com um policial que está averiguando a
situação catastrófica e tentando colher mais informações, sem conseguir
disfarçar, verifico as horas e vejo que já passa da meia noite. E eu
definitivamente não gosto de demorar tanto.
— Cristhian, se você quiser, pode ir para casa. – Jamile olha o relógio. —
Vou com o responsável da vigilância buscar as gravações das imagens para
investigação, para encontrarmos o agressor e você sabe que isso demora. –
Confirmo com gestos estando praticamente esgotado.
— Obrigado, Jamile. Vou acatar a sua ideia. – Ela me passa um sorriso
reconfortante.
— Amigos são para essas coisas também. – Despeço-me por realmente
está tarde e sigo ansioso para ver minha pequena Beatriz.
A cada quarteirão que avanço, fico imaginando se perdi muitos
momentos por estar um tanto quanto ausente durante o dia, desde quando Bia
ainda estava no ventre de sua mãe, li alguns livros sobre o desenvolvimento
de um recém-nascido e eu bem sei o quão rápidos eles crescem e a minha não
é nem um pouco diferente apesar de ter vindo ao mundo prematura.

— Boa noite Cristhian, Bia acaba de despertar de um soninho gostoso, meu
filho.
— Boa noite, Domingas. Minha princesa está bem? – Sei que ela não é
muito de acordar de madrugada.
— Claro que sim, só precisei trocar a sua fralda. – Minha amiga que já
foi minha babá e a atual da minha filha, me mostra Bia e ela balança os
bracinhos em minha direção enquanto respiro aliviado por vê-la toda linda,
feliz e saudável.
— O papai chegou, amor. – E então eu recebo o sorriso banguelo mais
desejado do dia.
Ansioso para tê-la em meus braços, vou até a suíte do seu quarto e após
tirar a camisa e higienizar bastante as minhas mãos, corro ao seu encontro e a
conexão entre nós dois é tão forte que só em abraçar Bia, meu universo ganha
um outro tom, é como se não houvesse mais problemas no mundo.
Como já está tarde, sento-me na poltrona com Bia aconchegada nos
braços do papai e olhando para mim de forma fixa, testemunho seus olhinhos
fechando, abrindo, voltando a se entregar ao soninho e em minutos ela
dorme.
— Você é tão linda, minha filha. – Sussurro baixinho para não a acordar
e Domingas vem em minha direção.
— Ela é sua cópia meu menino.
— Acho que ela parece muito com minha mãe. – Domingas coloca a
mão na cintura.
— Se a vovó do ano ouvir isso, vai ficar se sentindo. – Divirto-me por
saber que é verdade, levanto-me para colocar Bia no berço, em seguida pego
a babá eletrônica e começo caminhar em direção ao meu quarto, ainda
preciso falar com Jamile para saber se tudo ficou bem, mas antes necessito
relaxar tomando uma rápida ducha.
Após um rápido banho, confortavelmente usando apenas uma calça

flanelada vou para cama e quando olho o celular vejo que já tem uma
mensagem.
"Oi, Cris.
Tenho notícias, sobre a faca que o rapaz estava segurando, tudo indica
que ele deixou aqui na instituição escondida em algum lugar, não foi falha
das portas detectoras de metais.
Obs.- Só eu que lamento por não estarmos juntos esta noite? Um
momento de distração neste ramo estressante que trabalhamos cairia muito
bem.
Beijos,
Mile."
Divirto-me com a mensagem de Jamile, digito a resposta com um certo
tom de brincadeira informando que estou onde deveria estar e envio. Espero
que seja o suficiente por hora.
Agora que tenho Bia na minha vida e ela só tem a mim, não consigo ser
como antes, preciso medir as consequências de todos meus atos e com este
pensamento, entrego-me ao sono.
Como pai, meu despertador não é mais o celular e sim um chorinho de
menina que anuncia que minha Bia acordou, então levanto-me rápido, visto
um roupão e vou vê-la.
— Bom dia, Cristhian, já vou trazer o leite. – Agradeço a Domingas
enquanto verifico se a fralda precisa ser trocada.
— Como pode minha filha, sair tanto xixi de você que é tão pequenina,
hein? – Faço um pouco de cócegas em sua barriguinha, ela dá gritinhos,

aproveito a distração e eu me livro da fralda. — Como consegue gritar tão
alto tendo essa boquinha tão pequenininha? – Ela bate palminhas e entre
risadas, a levo para sua suíte de bebê, onde tem uma banheira no balcão que
facilita bastante a minha vida.
Com Bia em um braço, consigo preparar seu banho morninho usando o
chuveirinho e entre muita espuma, patinhos e brincadeiras, minha princesa
fica limpinha.
— Olha a mamadeira. – Ainda enrolada em uma manta, alimento minha
filha que suga o leite na velocidade da luz.
— Cristhian, marquei a pediatra, o atendimento será naquele horário
especial, após o seu expediente.
— Obrigado, Domingas. – E na rotina de pai e filha a manhã passa e eu,
sem escapatória, tenho que ir para o trabalho.

Anastácia Stelle 

Finalmente chega o primeiro dia de aula e exatamente às treze horas,
embalo a décima caixinha com o kit "Meu crush" contendo os três bombons
com os sabores que me levam a pensar no lindo herói da noite anterior.
Sabendo que estou atrasada, após uma ducha rápida, escolho um vestido
floral que fica acima do joelho que eu julgo não ser muito antigo, uma
sandália rasteirinha confortável e após me alimentar e escovar os dentes,
estou pronta. Na verdade quase, já que preciso de pelo menos uma leve
maquiagem e um perfume.
Ao terminar, busco meu caderno que meu pai me deu, os módulos do
dia, a bolsa com os kits, e sigo o caminho, mesmo estando nervosa e com o
coração na mão.
Ao chegar na sala, estranho que as meninas estão meio que eufóricas, o

que eu perdi? Cheia de curiosidade, vou para um dos últimos lugares me
acomodar.
— Boa tarde. – Cumprimento uma linda garota, com longos cabelos
escuros, com as pontas mais claras.
— Boa tarde. – Educadamente me responde e volta a atenção para o
celular.
— Desculpa atrapalhar, mas eu perdi alguma coisa? – Ela volta a me
olhar e gargalha.
— Perdeu, o diretor passou por aqui e... – Ela se abana. — Que homem,
acho que ele é o sonho de consumo de qualquer mulher na face da Terra,
mais de um metro e oitenta e cinco de gostosura. – Minha boca até se abre só
de imaginar o tamanho dele, homens altos sempre me chamaram atenção,
apesar de que os mais coroas nem tanto.
— Uau, sério? – Ela confirma com gestos e quando nossa conversa vai
decolar, uma professora se apresenta para dar início a aula e lembrando-me
que só tenho um ano para absorver todos assuntos, que por ventura ainda não
conheça, concentro-me na aula.
Às quinze horas, o sinal do intervalo toca, como a única pessoa que falei
praticamente foge da sala, vejo que está na hora de encarnar a Aline
vendedora e com minha bolsa, vou para área em comum do curso.
Ao longe vejo um banco perto de um canteiro de flores que meu pai
cuida com tanto carinho, parecendo abandonado, então vou até lá, após me
sentar tiro uma caixinha da bolsa, abro bem devagar para chamar atenção,
começo a comer quase que em doses homeopáticas e finjo que estou em uma
ligação.
— Amiga, o novo kit está perfeito, tem um bombom com morango,
outro levemente apimentado e um que lembra aquilo, porque o recheio tem
leite condensado. – Disfarçadamente olho para o banco do lado e uma aluna

me observa quase que salivando. — E hoje só tem mais nove kits, não resisti
e abri um. – A menina nem disfarça e senta perto de mim. — Pois é, sempre
acaba rápido e pode deixar que amanhã faço mais. – Finjo desligar e ao olhar
para a curiosa....
— Essa caixinha me chamou atenção, porque o nome desse kit com
bombons é "Meu crush"? – Explico o duplo sentido e ela vai a loucura. —
Ahh, só assim para eu provar “meu crush”, acredita que ele nem sabe que
existo? – Eu bem sei como é a sensação desde ontem à noite. — Quanto é? –
Tiro uma caixinha da bolsa e informo o valor. — Nossa! Quero pelo menos
três.
E assim se inicia o efeito dominó, com poucos minutos que a primeira
compradora se vai, as amigas dela aparecem e várias garotas compram meus
kits e para o próximo dia, tenho a lista de encomenda de vinte unidades.
— Uau, dobrei a quantidade. – E para comemorar, como os dois
bombons que restaram da caixinha que abri para mim.
— Estava aqui perto e não pude deixar de notar suas vendas. – A mesma
garota simpática da sala de aula se aproxima. — Meu nome é Vanessa e o
seu? – Nós nos apresentamos e ela senta ao meu lado. — Já notei que você
não faz parte deste mundo dos ricos assim como eu, que é super esforçada e
vende bombons, não dá muito trabalho?
— Na verdade eu amo fazer e vender meus bombons e trabalho sempre
dá. – Vanessa sorri um pouco tímida.
— Desculpa perguntar, Aline. Mas você ganha bem? – Nego com gestos,
pois apesar de não ter prejuízo, não uso materiais de segunda qualidade e por
isso não tenho tanto lucro. — Olha, aonde eu trabalho, o valor que você faz
em um mês, eu faço em dois dias. – Meus olhos ficam enormes e ela nota a
minha preocupação. — C-calma, eu não sou garota de programa, eu só
trabalho na maior boate bar daqui do estado e toda noite, as meninas que
trabalham lá e eu, fazemos uma coreografia ensaiada bem sexy, isso rende
um lucro enorme por causa das gorjetas, também conheço os Djs mais

famosos do mundo, apesar deles nem olharem para nós mortais. – Respiro
aliviada apesar de não ter nada contra, afinal de contas, cada um faz o que
quiser da vida. — Não quer trabalhar lá? Posso te arrumar um serviço e pode
confiar que ninguém se ousa conosco as garçonetes.
Rapidamente nego a oferta só por saber que mataria meu pai e toda
família, depois divago sobre a minha paixão pela culinária e ela me entende
bem. Acho que só trabalharia em tal lugar se não me restasse nenhuma saída.
Completamente empolgada para cozinhar, chego em casa ainda sentindo
o gostinho das vendas rápidas e segurando duas sacolas de compras cheias de
materiais para confecção dos bombons, pois tenho encomendas para o
próximo dia.
Já na cozinha, encontro Ester fazendo o jantar, então deixo as sacolas no
balcão, como tenho tempo, corro para o banheiro pois preciso tomar uma
ducha e quando volto a encontrá-la, ofereço ajuda. Agradeço aos céus que ela
aceita, quatro mãos com certeza são mais rápidas.
As vinte e uma horas jantamos e entre uma conversa e outra meu pai me
conta que Carla o procurou para saber se fiquei bem após a confusão na festa,
me entrega seu contato e eu amo a novidade, com certeza vou querer manter
contato com ela.
— Como foi o primeiro dia de aula, filha? E os bombons? – Conto
detalhadamente o quanto amei as aulas e conhecer novas pessoas e neste
clima ficamos entretidos na mesa durante uma hora e meia.
Ao terminarmos, Ester me diz que vai aproveitar que está sem sono e que
vai tratar um frango e fazer almondegas com carne moída para a semana e
desta forma, não vejo como ter a cozinha antes da madrugada.
— Quer ajuda? – Ela nega enquanto enxuga a mão.
— Não, Ana. Você precisa dormir, para acordar cedo e começar estudar.

– Eu realmente tenho que estudar, porém preciso fazer meus bombons, nem
me imagino pedindo dinheiro para meu pai para suprir minhas necessidades
básicas. — E aqui você não precisa perder noites para ganhar um dinheiro
extra, seu pai e eu podemos te ajudar, mesmo com pouco. – Ai Deus! E
agora? Como vou chegar amanhã no curso de mãos vazias? Os bombons não
ficam prontos tão rápidos, principalmente com este clima desta cidade que
mais parece um passeio no andar de baixo.
— T-tudo bem. – Quando vou sair da cozinha, vejo as sacolas com os
materiais no balcão e uma ideia que nem eu acredito que estou tendo me vem
à cabeça.
— E se? – Agora tenho certeza que tenho um diabinho na cabeça.
— Nãooooo, nem pense... – E um anjo também.
— Na verdade, ninguém saberá se você for – Meu lado inferninho contra
argumenta.
— Ah Anastácia, não pira e vá dormir... – E recebo uma bronca do meu eu
celestial.
— Juro que não estou pirando, a ideia é legal. Você lembra quantos
balcões aquela cozinha do curso de gastronomia tem? Sem falar em todos
utensílios. – Os argumentos são maravilhosos. Mas...
— Na verdade estou tentando esquecer e me conformar com as panelas
pequenas daqui de casa, o calor infernal e os bombons derretendo a cada
segundo.... – Triste realidade
— Boba... – O diabinho gargalha da minha resposta.
— Na verdade eu sou prudente. – Contra-argumento.
— Prudente, derretida como uma calda de chocolate de péssima
qualidade e sem dinheiro. Futuramente vai pedir para o papai dimdim até
para comprar um pacote de absorvente e você já tem quase vinte e um anos.
— Aiiii nãooooo... Que horrível. – Acabo pensando alto.
— Nisso nós concordamos... – E meus pensamentos se unem.

— Anastácia? Você disse algo, filha? – A voz da minha querida segunda mãe
me tira dos meus devaneios.
— É-é, já vou dormir. – Ester se despede de mim, volta ao seu serviço,
sem que ela perceba carrego as sacolas com todos os materiais e caminho
para meu quarto na ponta dos pés. Ao chegar, logo encontro minha touca que
uso quando estou cozinhando, e silenciosamente volto para sala. Sorte que
meu pai já cochila enquanto finge ver um filme e eu consigo sair sem ser
vista.
A cada passo que dou no pequeno caminho até a porta da cozinha dos
sonhos, meu coração acelera e apesar da faculdade ser monitorada, bem nesta
área, eu não vejo nenhuma câmera, provavelmente isso ocorra por ser perto
da entrada da minha moradia, então apresso mais alguns passos e seguro na
maçaneta, pedindo aos céus para porta estar aberta e para minha surpresa,
está. Realmente este local da faculdade é quase que esquecido.
Taquicardia, é quase isso que sinto por saber que acabo de virar uma fora
da lei. Após acender a luz de um dos pontos do local, tranco a porta por
dentro e depois de colocar as sacolas no balcão, sem muito pensar, começo a
abrir e fechar as gavetas.
— Ai meu Deus! Batedeira industrial, maçarico culinário, cortador de
bolo profissional, facas e mais facas.... Isso é um sonho! – Só falto gritar de
alegria, mas como tenho medo que alguma alma me ouça, fico calada e sem
mais enrolação, começo a retirar os ingredientes das sacolas e pelo o que sei a
noite será longa, pois ainda tenho que fazer a compota de frutas vermelhas
levemente apimentada.
Às três horas da manhã, verifico pela décima vez se não deixei nenhum
sinal de que estive na cozinha e com meus bombons nas caixinhas volto para
casa, feliz por ter conseguido preparar a encomenda e com saudade da

enorme cozinha, já que me fiz uma promessa que não serei mais ilegal. Uma
vez, basta para meu currículo.
— Curtam bastante o intervalo e até daqui a pouco. – A professora nos
libera e lá vou eu com minha sacola para o mesmo banquinho onde fiz o
marketing no dia anterior e para minha surpresa, algumas meninas já me
esperavam. Lá se foram vinte kits na velocidade da luz. — Amanhã tem kit
novo, meninas.
— Qual? – Com a boca parcialmente lambuzada de chocolate, uma
adolescente super empolgada aguarda a resposta.
— Já estou louca para provar, como vai ser? – A outra sem perceber,
lambe os dedos e eu amo ver as reações.
— O novo kit se chama, "preliminares." – Uma aluna coloca a mão na
boca para conter um gritinho, algumas suspiram e Vanessa fica toda
vermelha. Ai! Será que ela nunca transou?
— E-e quais os nomes dos bombons do kit? – Van pergunta um pouco
tímida.
— "Beijo de língua", "que pegada" e "não para." – Ela morde os lábios e
coloca os cabelos para os lados enquanto eu fico surpresa com minhas
últimas inspirações, se eu continuar assim, nem quero pensar no bombom que
vou querer fazer.
— Uau, vou querer um, ainda mais que vou ver meu crush amanhã
naquele lugar que te falei. – Lembro-me do seu trabalho e fico surpresa por
saber que ela está de olho em alguém na boate. — Acho que não custa nada
sonhar. – Em seguida se despede após dizer que precisa beber água e lá
vamos nós para sala de aula.
Já no outro dia, assim que a professora anuncia o intervalo, esperançosa
que vou vender quarenta e cinco caixinhas que fiz novamente na cozinha da

faculdade, caminho até o banquinho que virou meu estabelecimento e após
alguns minutos, sem precisar fazer promoção, vendo quarenta e três kits, com
certeza ainda conseguirei vender os dois que restam.
— Esse doce "não para" está mais gostoso do que o amasso do meu
namorado. – Uma aluna faz o grupo de garotas gargalharem. — Estou
falando a verdade, acho até que vou levar uma caixinha para ele, vai que surte
efeito. – Umas concordam, outras discordam e eu fico maravilhada, pois na
verdade meus bombons, apesar de terem ingredientes secretos para
diferenciar dos normais, são doces finos, mas os nomes que coloco nos kits,
fazem toda diferença.
Ainda entretida com as meninas que não param de conversar, uma jovem
de aproximadamente trinta e oito anos se aproxima me olhando de um jeito
que dá até medo.
— Você é Anastácia? A vendedora dos kits com bombons? – Confirmo
sentindo um certo receio. — Meu nome é Leandra, sou a dona do restaurante
e lanchonete do cursinho e faculdade e acho que esqueceram de te informar
que a venda de alimento por aqui é proibida. – Paro por um momento e tento
me lembrar das normas aplicadas a instituição que eu li quando ganhei a
bolsa.
— Acho que a senhora está enganada, sei que em muitos cursos e
faculdades existem a proibição, mas nesta aqui não. – Ela revira os olhos ao
me ouvir.
— Deve ser porque é um local bem frequentado e nunca uma aluna de
baixa renda teve acesso e precisou fazer um dinheiro extra. – Abro a boca
para responder, mas ela dá mais um passo em minha direção. — Pago aluguel
do espaço do restaurante, impostos, tenho funcionários e não vou aceitar que
você roube minha clientela. – Ela fala tão alto que as meninas viciadas nos
meus bombons se aproximam.
— Anastácia, então não vamos ter mais bombons? – Minha cabeça parece
que vai explodir pelo ataque repentino da Sra. Leandra enquanto as meninas

fazem mil perguntas.
— Vou marcar hora com o diretor e vou pedir autorização para continuar
vendendo os bombons. – As clientes ficam aparentemente mais calmas.
— Graças a Deus, como viveríamos sem o "crush" e as "preliminares"? –
Merda! Esses nomes não deveriam ser pronunciados justamente agora.
— Eu ouvi direito?
— Claro dona Leandra, quer um pedaço do "beijo de língua"? É
maravilhoso. – A aluna sendo completamente inocente piora ainda mais a
minha situação.
— Como em um cursinho onde meninas menores de idade frequentam,
você tem coragem de usar esses nomes nos seus doces? Isso vai contra a
política dos bons costumes. – Completamente descontrolada, ela não para de
falar e cada vez mais alto. — Daqui a pouco você vai usar qual nome ou
formato? – Meu Deus, o que faço? A cada minuto mais alunos se aproximam.
— Se não tiver controle, veremos em breve bombons no formato da genitália
masculina? – A multidão aumenta.
— Calma dona Leandra, isso tudo é só uma brincadeira entre
adolescentes e jovens, e os meus bombons são em formatos tradicionais. – As
meninas confirmam.
— Não vamos ficar sem os doces da Anastácia. – Uma aluna me defende.
— Não mesmo. – Vanessa se aproxima concordando.
"Queremos nosso crush e as preliminares."
Não consigo identificar quem faz o grito de guerra e em segundos, me
vejo, cara a cara com dona Leandra que só falta me matar, umas trinta
meninas repetindo em alto e bom som a minha defesa e com isso, atraindo
ainda mais curiosos, inclusive os rapazes.
— Eu aceito ser o crush de vocês e prometo enlouquecê-las com as
preliminares. – Um menino de no máximo dezessete anos que nem se livrou
das fraldas se oferece e as meninas começam a vaiar. — Eu prometo, faço

gostoso. – A situação sai do controle.
— O que está acontecendo aqui? – Uma morena alta, bastante elegante
com um marcante timbre de voz abre caminho e fica bem ao meu lado e pelos
sussurros já sei que é a vice-diretora.
— Jamile, esta garota está vendendo doces com nomes bastante
sugestivos. – Leandra pega a caixa da mão de uma aluna. — Olha que
absurdo. – Me vejo completamente sem defesa.
— Me acompanhe para diretoria agora. – Jamile ordena.
— C-como assim? – Ela segura a caixinha, com a expressão de poucos
amigos, me mostra o caminho que tenho que fazer e eu não sei o que será da
minha vida, eu nunca fui parar na diretoria e o pior, sou bolsista. Será que
vou complicar a vida do meu pai? – Meus olhos ficam marejados pois estou
ciente que se realmente o que fiz for considerado grave, posso perder a bolsa.
O que será de mim? Acho que estraguei a segunda chance que a vida me deu.


Continua.

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Beijos.

bela mentira

Capítulo 6 Cristhian   Se horas atrás a festa estava cheia e as pessoas transavam, bebiam e dançavam, agora que todos estão a ponto de ter u...