sábado, 20 de maio de 2023

bela mentira

Capítulo 6

Cristhian 

 Se horas atrás a festa estava cheia e as pessoas
transavam, bebiam e dançavam, agora que todos estão a
ponto de ter um coma alcoólico generalizado as coisas se
tornaram simplesmente selvagens. Não quero ver como a casa vai estar pela manhã.
 Nós vivemos em uma casa próximo a praia, alguns
metros e os nossos pés tocam o oceano, o que é ótimo
durante o verão. 
 Eu estou no lado de fora bebendo um Whisky barato para
afastar o frio e pensando que eu realmente deveria arranjar
uma garota e um lugar para dormir, o quarto de David é ao
lado do meu e eu sempre consigo ouvir quando ele traz
uma garota para casa. A última coisa que eu preciso ouvir
é ele transando com Anastácia. 
 Não me pergunte por que, também não estou entendendo
o motivo de aquilo incomodar-me — eu mal conheço a
garota, pelo amor de Deus — mas a ideia de os ouvir
transando não me agrada. Talvez o meu ego finalmente
houvesse atingido o seu limite e tivesse me transformado

em um babaca que agia como um moleque mimado
quando não conseguia ter a garota que ele queria. 
 Várias garotas lindas já se aproximaram de mim, mas
nenhuma tinha me interessado, talvez eu devesse ligar
para alguém que eu já conhecia. 
 — Oi. — Os meus olhos se voltam para a garota que para
a minha frente. 
 Acho que já tinha à visto antes. Ela tem o cabelo loiro,
olhos castanhos bonitos e um ótimo corpo. Ela é linda, não
tão bonita quanto… Eu paro antes que pudesse completar
aquele pensamento.
 — Olá. — Eu digo com um sorriso. 
 Seus olhos castanhos se tornam derretidos quando se
fixam no meu sorriso.
 — Eu sou Penny, amiga de Anastácia, nós dividimos o
apartamento. 
 Ela se apresenta e a descarto imediatamente. De jeito
nenhum foderia a colega de quarto de sprite. Mais uma vez
não me pergunte o porquê. Parecia errado.
 — Muito prazer Penny. Eu sou…
 — Eu sei quem você é. Você é Cristhian Grey. — Ela diz com
admiração. — Eu nunca perco um jogo seu… — Ela faz
uma pausa, suas bochechas ganhando um tom rosado. —
Quer dizer dos Bulldogs. Vocês teriam ganho no ano
passado se não fosse pelo Brian O'conner. O cara é um
tanque de guerra.
 — Ele é. — Concordo com um sorriso. — Eles tinham o
melhor time ano passado, mas esse ano o nosso time está
pronto e nós vamos vencer.

— Amém. — Ela diz, fazendo-me rir. 
 Minhas sobrancelhas se unem quando vejo Anastácia 
caminhar para fora da casa, suas mãos estavam na cabeça
e ela parece desesperada enquanto olha de um lado ao
outro. 
 — Riley! — Ela grita.
 — Com licença, Penny. Eu tenho que ver uma coisa. 
 Antes que Penny pudesse responder eu avanço na
direção de Anastácia. Ela está tão distraída olhando de um lado
para o outro que nem percebe quando me aproximo por
trás dela.
 — Anastácia, está tudo bem? — Pergunto.
 Ela me olha assustada, seu lábio inferior estremecendo,
como se ela estivesse prestes a chorar. 
 — Minha melhor amiga sumiu… Eu tinha que fazer xixi
por um minuto! Um minuto! Enquanto eu esperava na fila
ela sumiu… — Ela leva as mãos ao rosto, seus ombros
estremecendo. — Ela estava tão bêbada! Alguém pode
estar se aproveitando dela agora mesmo.
 Ela levanta o rosto encontrando os meus olhos, os seus
olhos estão vermelhos enquanto ela parece tentar muito
não chorar, antes de voltar a olhar em volta.
 — Se alguma coisa acontecer com ela…
 — Ei, nada vai acontecer com ela. — Eu tento tranquilizá-
la. — Nós vamos encontrá-la. 
 — Como? — Pergunta esperançosamente. — Eu já
procurei em todo lugar dentro da casa. Ela não está lá! 
 — Ela está com o celular dela? — Pergunto. 
 — Sim, mas eu já liguei e ela não atendeu.

— Tudo bem, me dê o seu celular. — Eu peço estendendo
a mão para ela que coloca o seu celular na minha palma,
suas mãos tremiam. 
 Eu aperto no botão de iniciar e vejo uma foto de Jason
Momoa sem camisa na tela. 
 — Jason Momoa. — Digo. 
 Ela retira o celular da minha mão, o desbloqueando, e me
entrega em seguida, logo se explicando:
 — Eu gosto de olhar coisas bonitas. 
 — Você deve se olhar bastante no espelho então. — Eu
murmuro, sabendo que não deveria lançar cantadas na
namorada de um jogador do meu time. 
 O que posso dizer? Às vezes é mais forte que eu. As
bochechas de Anastácia se tornam rosadas e eu sorrio.
Voltando a olhar para a tela do seu celular eu vejo uma
mulher muito bonita que se parece muito com sprite, só
que um pouco mais velha. Deveria ser sua mãe. Procuro
nos contatos e encontro um com o nome Riley, que é o
nome que ela estava gritando antes. 
 — Vamos encontrar sua amiga. — Digo, caminhando em
direção a casa. 
 Duende me segue enquanto eu caminho até onde as
grandes caixas de som estavam posicionadas
bombeamento música alta pela casa. Eu rapidamente
encontro a tomada e desligo a música, fazendo com que
um grito de reclamações enchesse a casa.
 — Calem a porra da boca e fiquem em silêncio. — Eu
grito o comando vendo como todos ficam imediatamente
em silêncio.

Clico no botão de chamada do celular e espero, aguçando
os meus ouvidos. Imediatamente ouço Can't stop do RHCP
tocando em algum lugar da casa. 
 Anastácia começa a procurar, avançando na direção que vinha
o som, caminhando em meio às pessoas que assistiam
toda a cena em meio à confusão do Álcool. 
 — Ela está aqui! — Ela grita.
 Eu ligo novamente a música ouvindo os gritos de
aprovação das pessoas. Caminho na mesma direção de
Anastácia e encontro ela agachada na frente das portas abertas
na parte baixa do armário da cozinha. 
 — Riley, como você entrou aí? — Anastácia pergunta e
aparenta estar se contendo para não rir.
 Franzi as sobrancelhas observando sua amiga encolhida
dentro do armário apertado. Diabos? 
 — Sai do meu quarto! Eu estou com sono, eu não quero
conversar agora. 
 Riley murmura, sua voz enrolada. Ela está completamente
embriagada.
 — Riley, esse não é o seu quarto. — Anastácia explica. —
Você está dentro de um armário.
 — Não! Eu já saí do armário há muito tempo. — Riley
informa, revirando os olhos.
 — Ok. — Eu digo avançando na direção dela e me
abaixando na altura de Anastácia . — Deixe-me tirá-la daí. 
 Eu pego nos braços da sua amiga e a puxo do armário, a
erguendo logo em seguida, ela está completamente
bêbada, seus membros moles e não parecia ter nenhuma
força para se manter em pé.

— Tudo bem. — Anastácia fala, apoiando o braço da sua
amiga ao redor do seu ombro e tentando apoiar o seu
corpo. — Vamos para casa.
 A resposta da sua amiga e abrir a boca e vomitar nas
suas roupas. Estremeço, desviando os olhos do líquido
viscoso, e Anastácia pronúncia uma série de palavrões que eu
nunca pensei poder ouvir de uma boca tão doce. 
 — Merda. — Murmuro, torcendo o nariz para o cheiro
desagradável. — Por que vocês não vão para o meu
quarto? Você pode se limpar lá. 
 — Sério? — Sprite perguntou esperançosamente, me
fitando com olhos arregalados. 
 — Claro. Eu posso levar ela. 
 Pego sua amiga, a erguendo em meus braços, em
seguida, avançando na direção do quarto, Anastácia me
acompanha e eu subo as escadas, segurando sua amiga,
torcendo para ela não vomitar em mim também.
 Eu chego ao meu quarto e coloco Riley no chão, eu
mantenho o seu corpo apoiado contra o meu lado quando
retiro a chave do meu quarto do bolso da minha calça e
destranco a porta. Quando entro no ambiente coloco Riley
sobre a minha cama, a virando de lado e apoiando alguns
travesseiros nas suas costas para não correr o risco dela
se engasgar com o próprio vômito.
 — Obrigada. — Anastácia sussurrou ao meu lado. Meu olhar
encontra o dela e vejo como ela me observa com atenção.
— Você me salvou duas vezes em um dia Cristhian Grey e o
mais importante; você ajudou minha amiga. Eu não sei
como agradecer.

Ela aparenta estar verdadeiramente agradecida, me
fitando com aqueles grandes olhos e mesmo coberta de
vômito ela parece adorável. Absolutamente linda. 
 Muitas, incontáveis, garotas já me olharam com
admiração antes, mas elas me olhavam como o Cristhian Grey.  
— Um incrível jogador de futebol e que talvez um dia,
esperançosamente, pudesse fazer história como
quarterback — Mas, naquele momento, Anastácia me fita comum tipo diferente de admiração, ela nunca tinha me visto
jogar, mal sabe quem eu sou, ela me fita como Cristhian Grey,
o garoto que foi muito bem criado pela avó para ser um
homem decente. E nenhuma garota havia me olhado
daquela forma antes.

Continua....

sábado, 18 de março de 2023

Sob Proteção do Lobo capítulo 1

Sob Proteção do Lobo 

Capítulo 1

3 anos depois

Lobo

Havia uma sensação dolorosa e prazerosa na solidão. Uma
que eu apreciava mais do que qualquer coisa. Era esse pensamento
que invadia minha mente enquanto eu rodava entre os dedos o
número de telefone que a garçonete deixou na minha mesa, junto
com o uísque que virei de uma vez só.
Passei os olhos pela pequena multidão que abarrotava um
dos pubs mais caros no centro de Chicago. Vários jovens se
divertiam sob as luzes incandescentes e ofuscantes que piscavam
em meio à fumaça artificial do lugar.
Fiquei encarando a névoa acinzentada e trinquei o maxilar
quando, mais uma vez, o motivo pelo qual eu me permiti ir até
aquele lugar sondou minha mente.
Raramente costumava sair e quando o fazia, nunca escolhia
um lugar em Chicago, a cidade onde morava e trabalhava. Sempre
optava por cidades distantes que me permitissem ficar à vontade,
bem longe de qualquer possibilidade de encontrar algum conhecido,
mas ter que enfrentar meu pai no dia seguinte era um dos motivos
que me levou até ali. Se não distraísse minha cabeça de algum jeito,
acabaria enlouquecendo.
Bem sabia que não deveria ter agredido o convidado do meu
VIP na minha última missão, mas eu detestava pessoas arrogantes
e odiava ainda mais os covardes que se escondiam atrás de
fortunas e de poder.
— Que se foda! — Bufei sozinho.
Meu pai teria que entender a situação. Ele nem era meu
cliente. A regra principal era manter o VIP intacto, ninguém falou
nada sobre os amigos insuportáveis dele.

Balancei meu copo vazio em direção à garçonete que me 
atendeu minutos antes, dando uma boa olhada na mulher de lábios 
volumosos e cabelos encaracolados que caíam ao redor do rosto 
com cachos perfeitos. Ela se aproximou com um sorriso contido e 
depositou o copo pela metade em minha mesa. 
— Se precisar de algo, qualquer coisa... pode me chamar — 
ela disse baixo. — Ou pode me ligar. — Lançou-me uma piscadela e 
mordiscou os lábios tingidos de vermelho, ciente de que eu ainda 
segurava seu número de telefone entre os dedos. 
Ela era atraente e eu poderia garantir que ambos queríamos 
a mesma coisa, uma madrugada de sexo, mas a minha realidade 
naquela noite era diferente das outras que passei na companhia de 
alguma desconhecida. Hoje eu não conseguiria nada além de 
pensar em uma forma de escapar inteiro do meu pai amanhã. 
— Que merda! — praguejei baixo, apoiando os cotovelos na 
mesa. 
Não consegui me controlar durante o trabalho e agora ia ouvir 
por isso. 
Levantei-me, disposto a colocar um fim naquela noite. Desviei 
de algumas pessoas que estavam energizadas pela bebida e 
dançavam conforme a música, até chegar próximo ao bar e notar 
que repentinamente, naquele canto escondido, as pessoas que 
antes pulavam sem parar, agora estavam paradas como estátuas, 
encarando alguma coisa em meio à fumaça cinza que reluzia a luz 
vermelha do bar. 
Busquei com os olhos o que estava chamando a atenção de 
todas aquelas pessoas a ponto de pararem o que estavam fazendo 
e foi então que eu a vi. O motivo pelo qual aquelas pessoas se 
sentiram incapazes de desviar o olhar e, assim como eles, me vi 
preso àquela visão. 
Uma mulher estava dançando sobre uma das mesas do bar. 
Sua blusa preta e luminosa tinha um decote profundo que mexeu 
com minha imaginação, assim como a calça jeans desfiada e muito 
apertada que desenhava suas curvas. Os seios empinados e 
marcados pelo tecido brilhante se moviam conforme ela girava no 
salto fino, os cabelos loiros e muito compridos se pregaram em suas

costas e rosto, os lábios vermelhos estavam manchados pelo batom 
e ela sorria de uma forma tão... livre, que por um ínfimo momento 
tudo que consegui fazer foi admirá-la. Os braços se moviam com 
precisão ao redor do seu corpo. Ela girou sobre um dos pés, 
equilibrando-se no salto com uma perfeição que causou murmúrios 
de admiração às minhas costas. 
A dançarina mantinha os olhos fechados, enquanto deslizava 
as mãos pelo colo do busto, pescoço e cintura. Era uma visão 
excepcionalmente excitante e deliciosa. Como se ela sentisse a 
música em seus ossos. Como se fossem uma só. 
A mulher rodopiou mais uma vez sobre a mesa lustrada e 
desceu logo em seguida, em uma saída perfeita que me levou a 
acreditar que ela era uma dançarina profissional. Pensei ter 
testemunhado a melhor performance que já vi na vida, mas estava 
enganado. 
Ela deu um passo errante quando a música se tornou mais 
lenta e novamente fechou os olhos. Abriu os braços e ficou ali, 
parada por alguns segundos, mais uma vez como se a música a 
penetrasse. E por algum motivo eu não consegui me mover, só 
conseguia observá-la. Os fios soltos presos em sua boca chamaram 
a minha atenção para os lábios semiabertos, e ainda de olhos 
fechados, ela moveu os braços e o que vi depois daquilo foi a mais 
incrível perfeição. A garota girou, saltou e fez movimentos delicados, 
sinuosos e muito sensuais. 
Ela transmitia uma energia tão profunda que me perturbou. 
Entre os giros, a dançarina acabou se aproximando de mim e me vi 
prendendo o ar, observando-a. De perto era ainda mais linda. Como 
um anjo rebelde. Os saltos finos não atrapalhavam em nada, o que 
me impressionou. Não entendia como as mulheres tinham a 
capacidade de andar sobre aquela agulha o dia todo, que dirá 
dançar sobre uma como se estivesse descalça. 
De repente, como que para me contrariar, a garota tropeçou 
em alguma coisa e seu corpo foi arremessado em minha direção. 
Estiquei o braço para ampará-la em um movimento impulsivo e ela 
se agarrou em mim como um bêbado agarraria um poste, metendo 
a mão bem no meio da minha cara.

— Ui, desculpe! — sussurrou, risonha, e outra mulher 
apareceu logo atrás dela. 
— Falei que ia acabar caindo por aí, é melhor a gente ir. — A 
segunda, bem mais baixa que a garota que eu segurava naquele 
momento, aproximou-se com um semblante preocupado. 
— Agora não... — ela respondeu e ergueu o rosto, ainda 
agarrada em meu braço. 
Daquela distância conseguia ver cada detalhe do seu rosto. A 
feição mais fascinante que vi em muitos anos. Os olhos claros 
pareciam duas lanternas acesas, quentes pra caralho. De um verde 
tão profundo quanto uma jade. 
— Você... — ela sussurrou, apontando para meu rosto. A voz 
levemente alterada pelo álcool exalava sensualidade. 
E eu... fiquei paralisado pela beleza selvagem e incrivelmente 
perfeita daquela mulher. Não me movi até que ela parou a um 
centímetro de mim, ergueu a mão e olhou em meus olhos com 
atenção pela primeira vez. Pude ver quando notou a diferença entre 
eles, aquilo que era tão característico em mim que acabou se 
tornando meu codinome. 
É claro que ela notaria. 
Não conheci ninguém que tivesse sequer fingido não 
perceber. Que se foda, eu gostava daquilo. Gostava de ser 
lembrado, gostava de causar impacto. E por algum motivo, a garota 
misteriosa sorriu. 
— Seus olhos... — Ela apontou para eles. — Ou eu bebi 
demais, ou esse daqui é azul... — Tocou minha bochecha com o 
indicador, segurando um sorriso travesso. — E esse daqui é preto. 
— Fez o mesmo do outro lado, e não consegui evitar o pensamento 
de que aquela era a mulher mais adorável que já cruzou meu 
caminho. 
— Quase preto — respondi. 
— Eu quero te beijar — falou do nada e enlaçou meu 
pescoço com os braços. O cheiro de rosas e cerveja logo me 
invadiu. 
— Devia seguir o conselho da sua amiga, moça — disse um 
instante antes do seu olhar encontrar o meu, brilhante, aceso,

enigmático. 
Porra, quem era ela? 
A jovem, que mais parecia uma miragem, sorriu e para minha 
mais profunda surpresa, tascou sem vergonha nenhuma um beijo 
em minha boca. 
— Anastácia! — ouvi a amiga chamar, quando o cheiro doce e 
profundo da tal Anastácia  me tomou. Ela continuou pressionando os 
lábios contra os meus. Sua respiração alterada pela dança tocava 
meu rosto e, porra, aquilo era gostoso demais, mas errado na 
mesma medida. 
— Vai com calma, garota. — Afastei-a e segurei seus pulsos. 
Ela resmungou algo ininteligível e riu em seguida. Estava para lá de 
bêbada. — É melhor levá-la embora — alertei à amiga. 
— Farei isso agora mesmo, sinto muito por esse ataque. — A 
dançarina beijoqueira torceu o nariz e resmungou quando inclinei 
seu corpo, antes tão agitado, para sua companheira. — Anastácia , não 
se deve beijar estranhos, eu já te disse isso. Vem, vamos tomar um 
refrigerante. Vou pedir para meu pai vir nos buscar. — Ela amparou 
a amiga que, por sinal, não parecia satisfeita com o final da noite e 
desapareceu no meio da multidão. 
Saí de lá o mais rápido que consegui. Os pensamentos 
retornando ao beijo mais inesperado que já recebi, e mesmo não 
tendo passado de um selinho seco, o cheiro dela se impregnou em 
minha pele. Doce como um campo florido. 
Paguei a conta na saída e me peguei parado, em frente ao 
elevador que me levaria até o estacionamento, dando uma última 
olhada na multidão aglomerada na boate, secretamente na 
esperança de vê-la mais uma vez. O olhar arredio, sensual e 
instigante não saía da minha cabeça. 
Demorei mais do que gostaria de admitir para conseguir me 
afastar dali, mas eram poucas as coisas que um homem como eu 
devia temer. Olhares como o daquela mulher, sedento, aventureiro, 
delicioso, estavam no topo da lista. 
Entrei no elevador e desci para o estacionamento. Tirei as 
chaves da minha moto do bolso e já estava a centímetros do veículo 
quando ouvi um toc-toc insistente vindo das escadas de incêndio.

Olhei sobre o ombro e como uma visão vinda diretamente do inferno 
para me atentar, lá estava ela. 
A garota dos olhos de jade! 
Estreitei os olhos quando notei seu semblante desesperado 
correndo pelas escadas da saída de incêndio. Ela chegou a olhar 
em minha direção, o rosto delicado ganhando vincos que mais 
pareciam um pedido de ajuda e antes que ela pudesse de fato 
chegar ao estacionamento, um homem saltou sobre ela, segurando 
seus braços. 
— Peguei ela! — gritou e mais um homem apareceu bem 
atrás dele. 
— ME SOLTA! — Ela se debateu contra os braços do sujeito, 
os saltos finos saíram do chão enquanto ela balançava as pernas no 
ar. 
Minhas vistas ficaram vermelhas conforme a raiva subia e 
tomava conta de cada célula do meu corpo. Sabia que não devia me 
meter em problemas dos outros, principalmente pela minha falta de 
autocontrole, mas preferia morrer mil vezes antes de dar às costas a 
uma mulher em perigo. 
Corri até ela e dei um chute em um dos idiotas que a 
seguravam. O homem cambaleou e levou a mão até a cintura no 
mesmo instante, exatamente como o outro sujeito que tentava 
contê-la. 
Então os desgraçados estavam armados? 
Pensei em sacar a minha arma por um breve segundo, mas a 
colocaria em uma linha de um possível tiroteio, então não havia 
escolha. 
Desferi um golpe na mão do homem à minha frente assim 
que ele puxou a arma, tão rápido que ele demorou a assimilar a dor 
que o atingiu. Girei uma cotovelada no segundo desgraçado antes 
que ele conseguisse sacar completamente a arma. O objeto preto 
caiu no chão com o impacto e chutei os dois revólveres para 
debaixo de um dos carros parados no estacionamento. 
A garota escapou e se escondeu atrás de mim. As mãos 
agarravam minha jaqueta com força.

Trinquei o maxilar ao imaginar o que eles pretendiam fazer 
com ela e todos os pensamentos que me atingiram foram 
horripilantes, o que só fez aumentar a fúria que sentia no peito. 
Eles não faziam ideia de com quem estavam lidando. 
Agora que eu era o único armado seria mais fácil rendê-los ali 
mesmo. Levei a mão até a cintura, mas parei antes de sacar minha 
arma. Havia momentos em que a única coisa que continha minha 
fúria era poder distribuir alguns socos. A noite para aqueles filhos da 
puta tinha acabado, eu garantiria aquilo. E antes de chamar a 
polícia, ensinaria a eles que não se devia tocar em uma mulher que 
não queria ser tocada. 
Um deles, o maior de todos, tanto em altura quanto em 
largura, veio que nem um touro para cima de nós dois. Afastei-a 
com um braço para evitar que se machucasse de alguma forma, 
enquanto esperava o desgraçado se aproximar. 
Aquilo ia ser bom... 
Deixei que ele usasse todo seu impulso para me alcançar, 
desviei das suas mãos, rodei no mesmo momento que ele e acertei 
uma cotovelada no queixo do homem, que bambeou. O segundo 
sujeito lançou um soco no ar que raspou meu queixo. Chutei sua 
perna e dei três socos seguidos. Um no estômago, o segundo, um 
pouco acima no plexo e o terceiro no rosto, o que levou o homem ao 
chão em dois segundos. 
O grandalhão não estava disposto a ceder e retornou com 
toda a sua força. Trocamos socos e por fim, dei nele uma rasteira e 
o joguei no chão ouvindo o som do seu corpo se chocar contra o 
piso grosso, com um baque. Ergui o punho disposto a amassar a 
cara daquele desgraçado no soco quando um terceiro homem 
desceu pelas escadas correndo. 
Saltei e fiquei de pé em um segundo, saquei a arma e mirei 
na cabeça dele que ergueu os braços no mesmo instante. 
— MISERICÓRDIA! Vamos ter calma... — ele gritou e 
encarou os comparsas caídos no chão. — Mas o que foi que 
aconteceu aqui? — Aquele último era o menor dos três. Alto e muito 
magro, também parecia ser o mais jovem. Só então percebi que

eles vestiam uma roupa muito parecida. Um terno escuro e pontos 
de comunicação na orelha. 
— E você, filho da puta, vai ficar parado aí? — gritei para ele, 
começando a me questionar sobre a profissão daqueles homens. 
— Ah! — Ele olhou para os dois companheiros caídos no 
chão mais uma vez. Um deles parecia ter desmaiado, e o maior de 
todos gemia de dor enquanto me xingava. — Creio que estou 
tranquilo parado aqui! — Deu de ombros, mantendo as mãos 
erguidas, rendido. 
Continuei mirando na sua cabeça. 
— Quem são vocês? Para quem trabalham? É melhor falar 
agora ou pode dar adeus aos seus joelhos! — Mirei. 
— Eu amo os meus joelhos, por favor, não atire neles! — ele 
respondeu aflito, a voz estridente quase me fez rir. 
— A pergunta não é quem somos, seu maluco — o grandão 
respondeu, se colocando de pé. — Quem é você, e o que estava 
fazendo com a senhorita Stelle? — Stelle ... o sobrenome não me 
era estranho. — Não somos o inimigo aqui, dá para abaixar essa 
merda? — ele pediu, mas obviamente não obedeci. 
— Nós trabalhamos para o pai dela, idiota! — O homem que 
antes estava apagado, recuperou os sentidos e se sentou, no 
mesmo instante em que o som de um motor que eu conhecia muito 
bem ecoou pelo lugar. Gelei por um instante. — E merda... ela agora 
está roubando uma moto e a culpa é toda sua. 
— Porra! 
Virei-me a tempo de ver minha Spirit GP Sport, uma edição 
rara e cara pra caralho, passar pela saída do estacionamento como 
um raio, deixando para trás apenas os cabelos loiros daquela ladra 
safada e uma onda de fúria sem tamanho. 
Enfiei as mãos nos bolsos, lembrando de ter tirado a chave 
em algum momento, mas... onde ela foi parar? Olhei para a vaga 
onde a moto estava parada. O par de saltos altos estavam jogados 
bem ali, abaixo do número 14, na vaga de estacionamento. Deve ter 
sido assim que a filha da puta conseguiu encontrar minha moto, 
deixei o bilhete do estacionamento preso ao chaveiro com o número 
da vaga.

Idiota! Idiota! Idiota! 
— Caralho! — A safada me enganou direitinho. 
— Ela roubou sua moto, né? — O mais jovem e o único que 
não apanhou naquela noite, se aproximou de mim e parou ao meu 
lado. Estava tão furioso que nem sequer respondi. 
Lembrei-me das mãos daquela mulher me segurando como 
se eu fosse seu protetor. Cheguei a pensar que quando terminasse 
com aqueles caras ela estaria bem atrás de mim, assustada, 
temerosa, mas estava enganado. 
Muito, muito enganado... constatei. A sensação de levar um 
soco na boca do estômago me atingiu. 
— Perdemos o Cristal. — Ouvi o grandalhão dizer às minhas 
costas e imediatamente identifiquei-os como seguranças 
particulares. Só um guarda-costas falava assim do seu VIP. Pelo 
visto, ela estava mesmo fugindo de alguém. Das babás pagas pelo 
pai. — Graças a um idiota ela conseguiu acesso a uma moto. Não 
fazemos ideia de para onde foi, cerquem a região e... 
— O idiota aqui sabe bem onde ela está — respondi e bufei 
indignado. 
Era um homem cético por natureza, raramente confiava em 
alguém e quando o fazia, não dava brechas para nenhum tipo de 
traição. Já lidei com homens perigosos de todo tipo e nunca um 
deles conseguiu me passar para trás, como foi que acabei sendo 
roubado por aquela mulher? 
— O que disse? — um deles, o segundo que me enfrentou, 
perguntou enquanto segurava o estômago com força. 
Talvez me arrependesse de não ter perguntado primeiro 
antes de partir para briga com desconhecidos, mas aquela era a 
única forma que eu conhecia de resolver problemas. 
Desde que nasci, a única linguagem que aprendi foi a da 
porrada. Era o único jeito pelo qual sabia me expressar. Um 
caminho triste, mas que me fortaleceu e me transformou no homem 
que era. Mas, ainda que tentasse lutar contra aquele impulso, eu 
tinha um ponto fraco que destruía qualquer tipo de racionalidade... 
mulheres em perigo. Aquilo me tirava do sério, me deixava cego e

sempre me trazia problemas de todo o tipo, como o da noite anterior 
que eu teria que arcar diante do meu pai. 
— Sabe onde ela está? — ele perguntou mais uma vez 
quando viu que me mantive em silêncio. 
— Tem um rastreador na minha moto, mas vou precisar de 
carona — disse entredentes. 
— Ora, seu abusado! Depois de quase ter nos matado ainda 
tem a ousadia de pedir uma carona? 
— Ele vai conosco. — O mais jovem interrompeu o 
grandalhão. — Precisamos dele, o Cristal é prioridade acima de 
tudo. 
— Está falando isso porque não foi você quem tomou uma 
surra dele — o segundo falou. 
Abri o celular enquanto eles discutiam, a fim de localizar a 
moto usando meu GPS. 
— Se vocês ao menos parassem para raciocinar antes de 
saírem se atracando em estacionamentos, saberiam quem ele é. — 
Ergui os olhos diante do comentário do rapaz. 
— E você sabe quem eu sou? 
— É claro que sei. Por que acha que fiquei quieto ali atrás? 
Você é um ídolo para todos que querem fazer parte da Grey  
Security — citou o nome da empresa para qual trabalhava desde 
que me entendia por gente. 
— Ele trabalha lá? — O grandão limpou o nariz, visivelmente 
interessado. 
— Ele é o Lobo, seu idiota. Um dos filhos do dono da Grey 
Security. O mais requisitado em missões especiais. Não tem um 
guarda-costas que tenha entrado depois dele que não queira seguir 
seus passos. — Ele respirou fundo e se virou para mim. Os olhos 
pequenos se alargando à medida que sorria. — É um prazer 
conhecê-lo, senhor. 
— Se querem manter o pescoço daquela garota intacto, é 
melhor irmos logo. Se ela cair com minha moto... 
— Nem brinca! O patrão vai nos matar se ela sofrer um 
arranhão sequer.

— Se a minha moto sofrer um arranhão, eu mesmo vou 
matá-la — rosnei. — Vamos logo. 
Tantos anos no ramo e ninguém, absolutamente ninguém foi 
capaz de me enganar. Até aquela víbora de olhos claros cruzar meu 
caminho. Ah, mas por mil infernos, eu iria ensinar a ela que não se 
devia brincar com lobos.

Continua...

Sob Proteção do Lobo Prólogo


Sob proteção do lobo

Prólogo 

 A música lenta envolvia meu coração. O vestido longo com 

contas brilhantes que reluziam sobre o tecido preto pesava a cada 

novo giro que eu dava enquanto segurava a mão de um rapaz um 

pouco mais alto que eu. Um estranho, sim, mas que sorria para mim 

como se nos conhecêssemos há anos. 

Magnólia também rodopiava em seu vestido púrpura, cheio 

de camadas, pelo salão festivo, decorado exclusivamente para seu 

baile de formatura. Minha irmã caçula estava estonteante, parecia 

uma princesa com os cabelos claros como os meus, caindo em 

ondas pelas costas nuas. Ela estava abraçada ao namorado e 

exibia um sorriso apaixonado, tão contagiante que por um momento 

nos esquecemos das presenças que geralmente sempre nos 

incomodavam. Os três homens de óculos escuros e muito bem 

armados, parados nas laterais do baile. 

Agora aquilo não importava. Naquele momento, eu só queria 

aproveitar a companhia do estranho colega de classe da minha 

irmã, que tinha um charme profundo, inusitado e o melhor... não 

aparentava temer os nossos guarda-costas. 

- Harry... - ele sussurrou em meu ouvido de repente, pouco 

antes de me rodar em seus braços e me puxar para perto. - Esse é 

meu nome, acho que deveria saber, já que pretendo te chamar para 

sair depois de todo esse espetáculo. - Ele olhou para a festa que 

estava abarrotada de alunos. 

O salão mais parecia ter saído de um filme da Disney. Entre 

conversas altas e risadas histéricas, várias fitas de seda desciam do 

teto da entrada até a área de dança. Uma pequena banda tocava 

sobre um palco luminoso e, em uma ala mais isolada, os 

professores observavam os alunos e seus convidados aproveitando 

a festa e provavelmente agradecendo a Deus por mais uma vez


terem se livrado de um amontoado de jovens agitados e 

barulhentos. 

- Harry - repeti o nome com um sorriso. Ele me encarou, 

os olhos cinzas varreram os meus com intensidade. 

Ele era tão lindo, tão charmoso e com certeza devia ter a 

idade da minha irmã, o que significava que Harry era três anos mais 

novo do que eu. Mas quem estava contando? Eu com certeza não... 

- Para onde vamos depois daqui? 

- Vai ter uma festa na casa do Carl. Um amigo da turma. 

Sua irmã foi convidada. - Ele soprou em meus ouvidos. - Seria 

sonhar demais querer que você fosse com ela? 

- Nunca te disseram que não há limites para sonhar? - 

Sorri, tentando conter a euforia. 

Ah, qual é? Ele tem 17, mas é bem gatinho... 

- Acha que consegue se livrar deles por lá? - Apontou com 

o queixo para um dos nossos guarda-costas que mais parecia ter se 

tornado parte da pintura do lugar. O homem nem sequer se mexia. 

- De 0 a 100? - Crispei os lábios. - 1%. Isso se um 

milagre acontecer. - Suspirei diante da realidade e senti sua mão 

comprimir ainda mais meu quadril. 

- Relaxa, a gente dá um jeito - ele disse ameno. - Nossa 

missão hoje vai ser despistar os MIBs ali, fora do olhar deles eu vou 

conseguir fazer o que mais quero desde que coloquei meus olhos 

em você. 

- E o que é? - Meu coração bateu mais forte pela mera 

expectativa, mesmo ciente de que era impossível distrair qualquer 

um daqueles homens, queria ao menos poder imaginar aquela 

conversa mais tarde. 

- Te beijar - sussurrou bem pertinho do meu ouvido. Um 

arrepio transpassou meu corpo. 

Um arrepio delicioso e cheio de expectativas que, no instante 

seguinte, se transformou no mais puro pânico, quando um som alto 

tomou o salão no exato momento em que a música parou. 

- Atirador! Tem um atirador! - alguém gritou. Mais um som 

seco e alto explodiu em algum lugar do salão.


Uma confusão generalizada começou. Imediatamente meus 

olhos buscaram Magnólia na multidão. As pessoas começaram a 

correr, tentando sair do salão e uma delas esbarrou em mim, 

afastando-me de Harry. Ergui o rosto e não consegui vê-lo outra 

vez. 

- Mantenha-se abaixada! - Braços e mãos me cercaram. O 

guarda-costas abaixou minha cabeça, cobrindo-me com seu corpo. 

- Cadê a Mag? - Tentei me erguer para olhar em volta, 

mas ele me impediu. 

- Estou com o Cristal, saindo pela lateral. 

- MAGNÓLIA! MAGNÓLIAAAAAAA... - comecei a gritar, já 

que ele não estava disposto a permitir que eu me levantasse. 

- O Diamante está bem na nossa frente, concentre-se em se 

manter abaixada, senhorita - ele alertou, enquanto sons de coisas 

quebrando e gritos agudos tomavam o lugar. 

Ergui o rosto a tempo de ver alguém esbarrando em Magnólia 

no meio da multidão, antes do guarda-costas mais uma vez abaixar 

meu rosto, fazendo-me encarar a barra do vestido púrpura de Mag 

se arrastando poucos metros à frente. 

Certo alívio tomou meu peito. Assim que saíssemos dali todo 

aquele pesadelo terminaria. 

Continuei caminhando, mal enxergando um passo diante de 

mim. Segundos depois, estávamos do lado de fora do salão de 

festas. Os guardas começaram a correr e nos induziram a fazer o 

mesmo. Fomos escoltadas até um dos quatro carros pretos parados 

na porta do salão, todos idênticos. Entramos no terceiro deles e eu 

demorei mais do que deveria para notar o que tinha acontecido. 

- Graças a Deus estamos seguras... - Virei-me para minha 

irmã que já estava sentada no banco do carona. Sua mão 

pressionava a cintura e só então vi a mancha vermelha que se 

espalhava pelo tecido. - Magnólia? - Ela me encarou, os olhos 

arregalados no rosto delicado e ligeiramente mais pálido me 

apavorou. - MAGNÓLIA! SOCORRO! - gritei, saltando-me sobre 

ela que começou a se debater e convulsionar. 

- O Diamante foi ferido, repito, Diamante ferido!


- Façam alguma coisa, por favor! Por favor, ajudem minha 

irmã! - implorei quando vi mais e mais homens chegando até 

nosso carro. Um deles tentou me tirar do lado de Magnólia. - Não, 

eu vou ficar aqui. - Mal fechei a boca e minha irmã começou a 

puxar o ar com força, seu peito subia e descia como se o ar não 

chegasse aos pulmões. Os lábios começaram a ficar roxos e foi 

então que o pesadelo começou. 

Sempre tive pavor de pesadelos... Ficar presa em um lugar 

que só te causa dor era terrível, doloroso, infernal. Mas havia uma 

coisa muito pior que as armadilhas da mente e dos sonhos... a 

realidade. 

Observei descrente um dos guardas rasgando o vestido de 

Magnólia enquanto ela sufocava. 

- Ela foi esfaqueada, mas não é um lugar fatal, então por 

que... - Ele encarou confuso o rosto pálido da minha irmã. 

- Ajude-a, faça alguma coisa, pelo amor de Deus! - 

Lágrimas sinuosas desceram por meu rosto enquanto meu corpo se 

mantinha inerte, como se de repente tivesse perdido todas as 

minhas forças. - Ajudem minha irmã. - Solucei. 

Sentia-me inútil, assistindo-a sufocar de estava de mãos 

atadas. Seu corpo balançava como se estivesse sofrendo um 

ataque epilético. 

- Vamos para o hospital. AGORA! - um dos guardas disse 

no rádio, mas antes mesmo que ele terminasse a frase, Magnólia 

parou de se mover repentinamente. 

Fechei os olhos, incapaz de encará-la. O medo misturado ao 

pavor e a dor que se insinuava pela minha garganta me congelou. 

Não queria abrir os olhos. Não queria encarar a verdade. 

O meu pior pesadelo tinha se tornado realidade.


Continua...


Príncipe do petróleo CAPÍTULO 2

Capítulo 2

CRISTHIAN GREY

Voltar para casa o mais rápido possível, essa foi a ordem do meu pai quando
atendi a ligação dele ainda em Las Vegas, então o que fiz foi obedecer.
Oliver Grey é o meu pai e manda em toda a família.
Não houve discussão e nem perguntas, apenas uma ordem direta.
Meu pai resolve as coisas pessoalmente e já estou me preparando para o que
enfrentarei quando aparecer na frente dele.
Eu sei que ele deve ter muitas perguntas, mas eu também tenho.
E a primeira delas é:
Por que ele nunca me falou que tinha uma afilhada?
E, por que diabos escondeu essa informação de todo mundo?
- Chefe! - um dos seguranças me chama assim que saio do avião.
- Já teve notícias dela?
Ainda não soube nada da Anastácia desde que ela conseguiu sair do hotel sem
que eu ficasse sabendo.
- A senhorita Stelle pediu demissão do grupo Grey , senhor.
Eu paro de andar e me viro na direção dele.
- Como assim ela pediu demissão? Quem autorizou isso?
O homem demostrando estar nervoso, coça a garganta antes de falar.
- Assim que ela chegou na cidade foi direto para a empresa e informou ao
departamento de RH que foi demitida pelo senhor.
Fecho os olhos me amaldiçoando, lembrando das duras palavras que disse a
ela sem permitir que ela se explicasse.
"- Calada, Anastácia , você vai escutar todos os xingamentos que eu quiser
falar, sua "vagabunda".
Achava o quê?
Que eu ia pular de alegria por ter me casado com a "amante" do meu pai?"
- CHEGAAAAA... CHEGA, NÃO AGUENTO MAIS..."
Eu nunca dei a ela a chance de falar...
Nunca.
"- Quem não aguenta mais sou eu, porra! Não aguento mais olhar nessa
sua cara de "vadia". Está demitida, Anastácia , não quero ter que te ver na minha frente,
entendeu? Está demitida, porra! E ninguém vai me fazer mudar de ideia, nem mesmo
o meu pai. Eu quero você fora da minha empresa, fora do grupo Grey , sua
"vagabunda". Vá tentar dar o golpe em outro trouxa que caia na sua lábia e nas suas
armações."

Ela estava tremendo, tão nervosa quanto eu naquela situação, mas apenas eu
falei naquele momento, despejando em cima dela toda a raiva e frustração que estava
sentindo.
- Chefe! O senhor está bem?
- Espero que o departamento de RH não tenha aceitado o pedido dela, ainda
mais agora sabendo que Anastácia é minha esposa. Eu não dei uma ordem direta a eles e
nem informei a ninguém sobre essa demissão.
- Eles não aceitaram, senhor, foi então que a senhorita Stelle pediu
demissão e assinou todos os documentos como se ela mesmo estivesse pedindo para
sair. Ela não faz mais parte do corpo de funcionários do grupo Grey .
É claro que ela faria isso.
- Encontre essa mulher e a traga até mim, nem que seja arrastada pelo
cabelo. Quero que a leve para o meu apartamento.
- Sim, senhor!
Quando ele está se afastando, o chamo novamente.
- Espera.
Ele para e me olha, esperando pela ordem.
- NÃO toque nela, em nem um fio de cabelo dela.
Ele me olha sem entender.
Na verdade, nem eu mesmo me entendo no momento.
- Mas o senhor disse...
Eu o interrompo levantando um dedo.
- Só encontre a Anastácia e a traga para mim. Agora, some da minha frente.
Quando ele sai, entro no meu carro indo em direção à mansão dos meus pais,
onde Oliver Grey me aguarda.
***
Assim que passo pela porta de casa escuto meu pai rugir feito um leão na
minha direção.
Ele está claramente furioso e pela sua cara deve estar querendo me matar,
porém, só não vai fazer isso porque mamãe não vai permitir.
- Já pode ir falando, Cristhian . Como isso foi acontecer? - meu pai grita.
Eu me sento no sofá e respiro fundo, afinal são muitas coisas para serem
ditas.
- Oliver, amor, acalme-se, gritar não vai adiantar e nem irá resolver a
situação.
- Ele se casou na igreja do Elvis, Bruna, do Elvis. Meu filho, meu herdeiro,
o futuro chefe da família Grey se casou em Las Vegas com a nossa afilhada na
igreja do maldito Elvis. Eu ODEIO o Elvis!
Meu pai está muito, mais muito nervoso mesmo.
Só que eu também tenho perguntas.
- De onde foi que surgiu essa "afilhada" que ninguém sabia que existia, pai?

Nesse momento tanto ele quanto a minha mãe me olham, mas quando mamãe
abre a boca para responder, escuto uma voz.
- Madrinha, padrinho.
É ela!
Só de ouvir sua voz meu coração acelera.
Porra, meu coração acelera ao ouvi-la!
Nunca uma mulher na face da Terra foi capaz de realizar esse feito em mim.
Desse modo "estranho".
- Essa conversa teremos depois - meu pai fala baixo o suficiente para que
somente eu escute.
Conheço o meu pai bem o suficiente para saber apenas pelo tom da sua voz
que esse assunto é muito sério, então não o questiono.
Ele volta a sua atenção para a recém-chegada.
- Sente-se ao lado do seu marido, Anastácia .
Marido, porra!
Essa palavra ecoa na minha cabeça.
- Oliver, não é assim que vamos resolver isso... - minha mãe fala.
- Quieta, Bruna, vou resolver isso do meu jeito - meu pai rebate.
- Oliver Grey - mamãe o chama elevando o tom de voz.
- Eles se casaram, Bruna! Encheram a cara e se casaram. Esse casamento
envolve muitas coisas, o nome da família, o nome das empresas, do grupo
Grey , mercado de ações financeiras e muitas outras coisas. Nisso os dois
irresponsáveis não pensaram quando estavam dizendo "SIM, NA PORRA DO
ALTAR DO ELVIS". Então, por isso ela vai se sentar ao lado do marido dela.
- Padrinho, eu...
- Sente-se, Anastácia - papai fala a interrompendo.
Mesmo sem querer, ela se senta ao meu lado e a primeira coisa que sinto é a
porra do seu perfume de rosas.
Eu ainda não acredito que ela é afilhada dos meus pais.
- Padrinho, acalme-se, por favor, na sua idade ficar nervoso assim pode
fazer mal para a sua saúde.
Meu pai ri sem querer, na verdade, até eu sinto vontade de rir, mas me seguro,
afinal a minha situação já é péssima o suficiente.
- Está vendo só, Bruna, ela ainda tem coragem de me chamar de velho. -
Meu pai olha bem para Anastácia e volta a falar: - A sua mãe está louca de
preocupação com você, sabia disso?
- Sim, senhor - ela responde com a voz baixa.
- E mesmo sabendo disso não quis atender as ligações dela? - ele
pergunta.
- O senhor sabe como a mamãe é, ela...
- Ela é a sua mãe, Anastácia , deve estar querendo te matar assim como eu
quero matar o Cristhian, porque...

- Onde eles estão?
Meu pai é interrompido pelo meu avô paterno entrando na sala.
Agora sim, é que as coisas vão se complicar, chegou o interessado.
- Fala sério, pai, o senhor ligou para ele?
Meu pai sorri.
- O velho quer um bisneto e você acabou de dar ao mundo a notícia de que
se casou, Cristhian. Agora, você dois aguentem as consequências.
Sinto que Anastácia estremece, sentada ao meu lado, mas no tempo em que ela está aqui não olhou na minha cara um instante sequer.
Ela me ignora completamente.
- Tinham que se casar em Las Vegas? Não podiam fazer isso aqui mesmo?
A sua avó está querendo a sua cabeça em uma bandeja, meu neto.
- Vovô, eu...
- Como você é linda! Você é lindíssima, criança, bem-vinda a família.
Ele queria que eu me casasse, não importasse com quem, então é claro que o
velho Cristhian está feliz, afinal aconteceu o milagre e agora ele espera a
"multiplicação" do espécime Grey. 


Continua 

Até próxima beijos.

Príncipe do petróleo CAPÍTULO 1

Capítulo 1


BRUNA GREY

Mais um jantar chato em que fui obrigada a participar ao lado do meu
marido.
Durante todos esses anos que estamos juntos, sempre brinquei com meu
marido dizendo que participar desses eventos era a maior prova de amor que dava a ele.
E é claro que ele se divertia com isso.
— Você me provocou a noite toda com a porra deste vestido, senhora
Grey . Já sabe o que irá acontecer, não é?
Chego a ficar arrepiada com a promessa implícita em suas palavras.
— Vou ser castigada? — Tento conter a empolgação na voz, mas não dá.
Meu marido dá risada.
— Você gosta, não é, sua safada, de ser castigada?
— Eu também gosto de castigar.
Ele gargalha alto.
— Hoje, estou a fim de algo mais calmo, mas não menos intenso.
Grito quando ele me pega no colo, de repente.
Os anos parecem que não passaram para Oliver que continua sendo aquele
homem forte que me pegava sem esforço nenhum, como se eu não pesasse uma
grama.
Acabamos de chegar na nossa casa, agora vazia, afinal nossos filhos já não
moram mais conosco, o que me deixa triste.
Minha filha mora em Nova York e meu Cristhian  parece que ultimamente está
evitando o lugar onde cresceu.
Estou me sentindo abandonada pelo meu filho que nem mesmo se dá mais ao trabalho de me ligar.
— O que está se passando por essa sua cabecinha? — Oliver pergunta
enquanto sobe a escada, me carregando em seu colo.
— Cristhian ! Está acontecendo alguma coisa com ele. Não percebeu que ele
tem evitado a família? Até mesmo Callie que está em Nova York tem mais contato
com a família do que ele ultimamente.
Meu marido respira fundo.
— Eu também já percebi isso, querida. Quando ele voltar de Las Vegas vou
chamá-lo e vamos conversar com ele. Criamos nosso menino bem, meu amor. Você foi uma excelente mãe e deu aos nossos filhos todo o amor do mundo. Ele deve estar
tendo muito trabalho, agora que é o CEO da Oil Company. Deve-se lembrar muito
bem como eu era quando estava à frente de tudo.

— Eu fico imaginando quando ele assumir o grupo Grey  como é que vai ser. Cristhian  é viciado em trabalho assim como você.
Ele ri e me beija abrindo a porta do nosso quarto.
— Falamos sobre Cristhian  depois. Esse seu vestido é uma provocação do
caralho, muito grande para o meu juízo de marido apaixonado.
Oliver me coloca no chão e antes que tenha a genial ideia de partir meu lindo
vestido ao meio, o tiro, revelando que estava sem sutiã esse tempo todo.
Sempre me cuidei muito bem depois que tive os meus filhos e não foi muito
fácil manter o corpo que tenho hoje.
— Você é uma provocadora nata, mulher. Sem sutiã? É por isso que aqueles
filhos da puta não tiravam os olhos de você.
Eu acabo sorrindo.
— Que exagero, Oliver, não dava nem mesmo para perceber, tanto que você
mesmo não percebeu. — Acabo suspirando quando sinto sua língua em meu
pescoço.
— Cheirosa e gostosa do jeitinho que gosto.
Oliver me coloca na cama com bastante cuidado e se deita sobre mim, me
dando um beijo de tirar o fôlego, do jeito que só ele sabe fazer.
Meu marido logo desce na direção de um dos meus seios, chupando e
mordendo com muito desejo, fazendo a mesma coisa no outro. Vai descendo a língua
pela minha barriga, fazendo um caminho molhado até chegar onde ele mais quer, o
seu paraíso particular, como ele mesmo fala.
Sem cerimônia alguma, chupa com força a minha intimidade, brincando com
o meu clitóris enquanto enfia e tira a língua, em movimentos repetitivos, lascivos,
luxuriosos que me deixam alucinada, o que é suficiente para sentir cada parte do meu
corpo pegar fogo.
O calor, arrepios e espasmos me levam a gozar com o sexo oral maravilhoso
que estou recebendo.
A minha vida é assim, desde que nos casamos.
Oliver é um marido apaixonado que sempre faz tudo o que quero.
Posso dizer com toda certeza que valeu a pena passar o que passei para ficar
com ele.
Confesso que passaria por tudo de novo por esse amor.
Ele se levanta me encarando e tira a camisa social branca de mangas
compridas.
Eu nem mesmo sei onde foi parar seu terno.
Meus olhos vão direto na perfeição de homem que está aqui, na minha frente,
e é todinho meu.
Oliver é todo meu.
Ele ainda é bem forte apesar da idade e isso está evidente nos músculos bem
definidos que possui.

O V que desce do abdômen até o cós da calça e a ereção dentro dela é visível,
mostrando o que enfrentarei em seguida.
Passo a língua nos lábios com desejo, no mesmo momento, em que apoio os
cotovelos na cama para ter um ângulo de visão melhor do corpo do meu homem.
Eu não me cansarei nunca disso, não importa quantos anos passem.
Ele tira o cinto e abaixa a calça junto com a cueca boxer.
Tudo sem tirar os olhos dos meus, vendo a minha reação.
Jogo a cabeça para trás quando vejo o tamanho e a grossura do seu membro.
Eu ainda consigo me surpreender, pois, o homem é grande em tudo.
— Isso tudo aqui é culpa desse seu maldito vestido que nunca mais na sua
vida vai usá-lo. Estava difícil me controlar na frente daquela gente, porque tudo o
que queria era foder a minha esposa.
Mordo os lábios em resposta a sua fala.
— Culpada, meu senhor.
Admito que as vezes uso vestidos, como o de hoje, apenas para provocá-lo e
me atraso o máximo que consigo para que ele não tenha tempo de me mandar trocar
de roupa, como mais uma vez aconteceu hoje.
— Sua safada! Eu vou te foder essa noite até que implore para que eu pare.
Ele vem para cima de mim e me penetra.
Quando está completamente dentro de mim, nossos olhos ficam fixos por
alguns segundos, parece que estamos entregando as nossas almas um para o outro.
É sempre assim que acontece, nos pertencemos, somos um só.
E esse é o começo de uma noite de puro prazer e muitos orgasmos.
Ele faz questão de me deixar satisfeita e exausta.
Fizemos algumas posições na hora da transa, mais do que poderia imaginar
para essa noite.
Quando ele me pede para ficar de quatro e puxa meu cabelo metendo com
força e rápido, o último orgasmo da noite chega.
Meu corpo já não aguenta mais e ele percebe.
— Implora. — Cola as minhas costas em seu peito, apertando meu pescoço
com força. — Falei que ia foder você a noite toda até implorar.
— E se eu não implorar?
Morde meu pescoço de baixo pra cima até chegar à minha orelha, dando uma
risadinha sonora.
— Eu cumpro todas as minhas ameaças, meu amor, sabe disso. Vou continuar
a noite toda assim, seus gemidos me deixam louco e fico com mais vontade de trepar
com você.
Adoro quando ele fala de uma forma bruta comigo, isso me deixa excitada,
tanto que chega a escorrer minha excitação pelas pernas, sem ao menos ter sido ainda
tocada por ele.
— Por favor — sussurro, envergonhada por ele ter conseguido.
— Por favor, o quê, amor?

Ele solta o meu cabelo e me deito de barriga para cima, olhando para o
homem perfeito depois de acabar comigo de tanto prazer que me deu.
— Eu imploro, não aguento mais.
O sorriso de vitória que ele dá, me deixa muito puta da vida.
— Boa garota.
Vem com o corpo em cima do meu, sem delicadeza alguma e me penetra em
movimentos fortes e rápidos.
Em pouco tempo, goza urrando como um animal feroz.
O som ecoa por todo o quarto.
Logo em seguida, joga o corpo ao meu lado e me puxa para me deitar em
cima do seu peito.
— Ainda bem que você desistiu, eu não ia aguentar mais por muito tempo. —
Sorri descaradamente, com ar de vitória.
Que filho da mãe trapaceiro!
***
Acordo pela manhã com o barulho insistente do celular de Oliver tocando na
mesinha de cabeceira.
Será que o mundo está pegando fogo, ou o grupo Grey  está indo à
falência para que liguem desse jeito tão cedo pela manhã?
— Oliver, amor, vou jogar o seu celular pela janela — falo, o empurrando.
— Quem diabos está me ligando essa hora?
— Eu não sei, mas a sua vida depende de atender ou desligar esse celular.
Ele solta um palavrão e se levanta para pegar o aparelho.
— Vou atender, pode ser o Cristhian  ligando de Las Vegas.
Fecho os olhos para tentar dormir de novo, mas sou completamente desperta
com o grito que o Oliver dá.
— EU VOU MATAR O SEU FILHO, BRUNA!
Eu me sento na cama de uma vez, olhando para ele.
Para o Oliver estar falando desse jeito do filho que ele ama mais que tudo
nesse mundo, meu menino deve ter feito uma coisa muito grave.
— Oliver, o que ele fez?
A resposta dele é jogar o celular na minha direção e quando leio a notícia que
está na tela, meu coração acelera.
— Eu vou matar o seu filho, Oliver. Como assim ele se casou na igreja do
Elvis em Las Vegas?
— Bruna, amor, acorda direito. Olha com quem ele se casou.
Agora sim, eu vejo o nome da Anastácia .
— Puta que pariu! Cristhian  e Anastácia  se casaram na igreja do Elvis em Las
Vegas. — Eu fico sem acreditar no que leio.
— Eu mandei aqueles dois irem fechar esse negócio, juntos, para que se
acertassem. Pelo que Anastácia  comentou naquele dia na empresa, eles não se davam bem e já ouvi rumores de que o Cristhian  pega pesado com ela. Acertei tudo para que

ficassem até mesmo juntos na Grand Lakeview Suíte e tivessem a oportunidade de
conversarem e se acertarem.
Olho para o meu marido e sua mente diabólica sem acreditar.
— Parece que eles se acertaram mesmo, até se casaram.
— Olha para a cara do Cristhian, Bruna, agora, olha a Anastácia . Estão bêbados,
disso eu não tenho dúvidas. Encheram a cara em Las Vegas e se casaram. Agora o
mundo todo sabe disso.
Oliver está possesso de raiva, mas em meio a situação começo a rir.
— Você está rindo? Rindo, Bruna?
— Temos uma nora e melhor ainda, a nossa nora é a nossa menina, nossa
afilhada. Não existe mulher melhor para o Cristhian  do que a Anastácia .
Oliver me encara por alguns segundos.
— Você mesmo fala que o Cristhian  é igualzinho a mim, Bruna, tenho medo do
que ele possa a vir fazer com a Anastácia . Ela é diferente, aguenta tudo sozinha, não fala
nada e vai até o seu limite, mas quando explode é uma força da natureza. Ela é um
gênio, mas não tem muitas experiências de vida.
— E a culpa disso é nossa que concordamos com a loucura da mãe dela de
esconder a menina do mundo. Anastácia  deveria ter tido todas as experiências que
nossos filhos tiveram.
— É a mãe dela, Bruna, fizemos o que tinha que ser feito e apoiamos. Anastácia
hoje está bem e vamos ajudá-la e orientá-la como sempre fizemos todos esses anos.
Agora ligue para a Callie, está na hora dela voltar para casa. Vou ligar para o seu
filho e falarei com ele, isso se ele atender o telefone.
Oliver pega o celular da minha mão.
— Oliver!
Ele me olha e nem preciso falar nada para que ele saiba o que quero saber.
— Está na hora de passar a coroa de rei, Bruna, e o seu título de rainha
acabou hoje.

Continua...

Beijos até proxima

PRINCIPE DO PETRÓLEO SINOPSE

Sinopse

Após uma noite de bebedeira e muita jogatina, um casamento é realizado,
juntando Anastácia  e Cristhian .
Amor e ódio, segundo os dois quando estavam embriagados, é a combinação
perfeita para o casamento dar certo.
Anastácia  se entrega a Cristhian  para provar que nunca foi o que ele insistia em dizer que ela era. Já Cristhian  percebe que esteve errado em seus julgamentos durante
o pouco tempo de convivência que tiveram.
Agora casados, ela quer a anulação a qualquer custo, já ele quer tê-la para si
de qualquer jeito, por isso não irá facilitar as coisas para ela.
Anastácia  quer viver, Cristhian  quer se redimir.
Segredos serão revelados e um pedido de perdão deverá ser feito.
Porém, Anastácia  está machucada e decidida a recomeçar sua vida longe das
amarras que foram impostas a ela.
O mundo não a conhecia, mas do dia para a noite, Anastácia Stelle  virou Anastácia Stelle Grey , a esposa do príncipe do petróleo, um homem cobiçado, poderoso e temido.

O CHEFE CAPÍTULO 1


Capítulo 1

Anastácia Stelle 

Ainda
sem acreditar que um ônibus é capaz de comportar tantas pessoas em
plena seis horas da manhã, usando todo estoque da minha fé, que descobri ter
há pouco tempo, esperando que um espacinho surja entre os passageiros, faço
o pagamento da tarifa absurda, dada a má qualidade do veículo e só após três
quarteirões consigo passar pelo torniquete.
Dando um jeitinho do lado direito, me espremendo a esquerda, dou
alguns passos sentindo a minha saia lápis girando no meu corpo e o receio de
ficar exposta toma conta de mim, que Deus me guarde.
Mesmo assim, prossigo me equilibrando como eu posso, até alcançar um
lugar para me segurar.
— Quer deixar a sua bolsa comigo, moça? – Uma jovem senhora, de
aparentemente quarenta e oito anos, me oferece cordialmente a ajuda.
“Boa sorte amanhã na entrevista, cuidado com seus pertences no ônibus
cheio, você corre o risco de sair de bolsa vazia, Ana. Não confie em pessoas
aparentemente do bem, em um transporte público a gente nunca sabe o que
pode acontecer. A realidade aqui é diferente demais de onde você veio...”
Lembro-me do conselho da minha nova amiga e vizinha Carolina, que

tem sido uma verdadeira professora da vida real para mim e temo. O fato é que
eu realmente não tenho como saber se quem me oferece ajuda, agirá de boa fé
e o que levo na bolsa, dentre alguns pertences, está o meu iPhone ainda novo
que eu não poderei substituir tão cedo.
— Obrigada de verdade, mas minha bolsa está bem leve. – Ela me passa
um sorriso acolhedor e na mesma hora acabo me punindo por ter duvidado da
boa vontade da senhorinha. Mas o que eu posso fazer? Enquanto divago
tentando tirar minha mente do aperto que estou vivendo, alguns minutos se
vão. — A senhora sabe me dizer qual o ponto da Quinta Avenida? – Chego a
suspirar, pois desta vez não estou indo para a tão conhecida e cheia de classe
rua de Nova Iorque que leva o mesmo nome e eu amava passear.
— Vixi, menina. Já é no próximo ponto. – Ela olha para o fundo do
ônibus onde fica a porta da saída. — Só um milagre para dar tempo de você
conseguir descer do busão. – O pânico toma conta de todas as minhas
terminações nervosas, pois realmente não vejo como conseguirei tal milagre, e
o bus, que deveria ter no máximo cinquenta pessoas, parece que têm pelo
menos o triplo.
— Obrigada. – Desesperadamente, depois de quase pular para alcançar a
cordinha que sinaliza ao motorista que é chegado o meu ponto, peço licença e
prossigo para minha saga.
Em segundos o ônibus estaciona, para meu desespero ser ainda maior
estou consideravelmente longe da porta, incansavelmente peço licença,
aumentando o meu tom de voz de forma que não estou habituada, as pessoas
notam o meu desespero, em uma empatia coletiva, parecem viver o mesmo
pânico que eu e em um ato de amor, que só usuários de transporte público
vivenciam, eu ouço:
— Esperaaaa aí seu motô.
Morro de vergonha por chamar tanta atenção e um outro passageiro
prossegue:
— Segura o busuuuu pra moça...
Dou mais uns passos, sinto até um ventinho na popa do meu bumbum que

bela mentira

Capítulo 6 Cristhian   Se horas atrás a festa estava cheia e as pessoas transavam, bebiam e dançavam, agora que todos estão a ponto de ter u...